Wilson Gottardo pede união política para salvar o Bota e pensa em 2015
Contratado em julho como diretor
técnico, capitão do título brasileiro de 1995 não acredita em
afastamento de Maurício Assumpção: "Perdeu o timing"

Wilson Gottardo pede união das correntes do
Botafogo (Foto: Wilson Herbert / SporTV.com)
Wilson Gottardo foi anunciado como diretor técnico do Botafogo no dia 7
de julho de 2014. Passados três meses, o que se viu foi um somatório de
problemas decorrentes das receitas penhoradas do clube. O mais
impactante é o atraso no salário dos jogadores, que está perto de
completar três meses. A oposição política do clube age para que seja
votado no Conselho Deliberatico um pedido de limitação de poderes do atual presidente, Maurício Assumpção.
Capitão do título brasileiro do Alvinegro em 1995, Gottardo afirma que o
momento é de união para tirar o time da Estrela Solitária da situação
em que se encontra e que, se fossem afastar mandatário, teriam feito há
mais de três meses.
- Ele é o presidente, o maior de todos, o mais cobrado, o mais exigido.
E os profissionais que passaram também contribuíram com isso. Não estão
mais no clube, mas contribuíram com esse momento, infelizmente. Eu vejo
que o presidente não está desanimado, está querendo solucionar e isso é
importante. Porque a coisa mais fácil seria cruzar os braços. E a
questão do impeachment eu não vi. Se tivesse que acontecer isso aí,
talvez fosse até antes da minha chegada. Perdeu o timing. Eu vi que o
conselho deliberativo do clube nunca foi a favor disso. Existem algumas
divisões, divergências de ideias e planos, lógico que existe. Mas também
existe a democracia e a amizade entre todos, tentando um bem só, que é
tirar o Botafogo dessa situação desconfortável. Então o clube tem que se
unir agora nesse momento, que precisa e muito.
O diretor técnico do Botafogo também comentou sobre a relação da
diretoria com a comissão técnica e o grupo de jogadores. Gottardo
justificou que o afastamento de Maurício Assumpção da rotina diária dos
atletas se deveu ao desgaste que os atrasos causam.
- A diretoria reconhece que ela está em falta com seus compromissos,
nunca escondeu isso, nunca omitiu e nunca deixou de trabalhar com isso.
Por isso que foi até um distanciamento do presidente, além do desgaste
natural desse momento. E eu peço ao presidente que lute, que busque
novas receitas, novos patrocínios para a gente tentar equacionar todas
essas pendências. Naturalmente, isso é chover no molhado, ele já estaria
fazendo isso mesmo sem a minha presença. Mas essa é a posição que eu
tive, de estar praticamente todos os dias com os atletas - disse.
Eleições e planos para 2015
No dia 25 de novembro deste ano, haverá eleições para decidir o novo
presidente do clube. Por já estar no seu segundo mandato, Maurício
Assumpção não poderá concorrer novamente ao cargo. Mesmo com dúvidas no
ar, já que é certo que haja uma mudança na cúpula política, Wilson
Gottardo revelou já estar trabalhando pensando em 2015.
- Já faço trabalhos prevendo o ano que vem, não estou só focado no dia
de hoje. Eu vejo o ano que vem, já estou indo buscar alternativas,
porque eu não sei o que vai ocorrer nessa transição de diretoria. Pode
ser que tenham algumas substituições, que não se renove alguns
contratos. E isso requer novos atletas, novas contratações. Não só dos
atletas, mas também no staff - afirmou.
Atrasos de salários no Botafogo, em 1995
Em 1995, quando Wilson Gottardo era capitão do Botafogo que se sagrou
campeão brasileiro, o elenco chegou ao mês de dezembro comemorando o
título paralelamente ao atraso de cinco meses de salários dos jogadores e
funcionários. O ex-zagueiro fez um paralelo dessa questão no futebol
atual, mais profissional segundo o dirigente, com o da sua época.
- Sempre ouvi dizer que os clubes têm dificuldade financeira. Sempre. O
Guarani tinha problema financeiro (Gottardo passou pelo Bugre entre
1983 e 1986), não tinha regularidade nos pagamentos, não tinha uma data
fixa, mas o máximo que atrasava era um mês. Não passava disso. As
equipes grandes que eu acompanho pela imprensa passavam por dificuldade
financeiras devidos a altos investimentos. Mas também não tinham a
estrutura que hoje se tem. Então, acho que (os problemas) estão bem
proporcionais dentro da sua época - avaliou.
Relações com assessores e advogados dos jogadores
Gottardo também revelou não ter nenhum problema com os assessores e
advogados dos jogadores do Botafogo, mesmo com o diálogo frequenta
acerca dos atrasos salariais. O diretor técnico até comentou que a
presença des profissionais ajudam na negociação, desde que haja respeito
entre as partes.
- São pessoas inteligente e competentes para tentar achar soluções para
equacionar esse problema. O que não pode faltar é respeito. Isso às
vezes acaba encerrando o diálogo. A dificuldade pode ser solucionada
através de alternativas, de busca de terceiros para que todos resolvam
suas pendências. Precisamos ter um pouco mais de bom senso, saber que a
galinha dos ovos de ouro pertencem aos clubes. Se acontecer algo pior
com ela, tudo acaba. Qualquer dessas profissões se encerra - encerrou.

Elenco do Botafogo está perto de completar três meses de salários atrasados (Foto: Satiro Sodré)