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Gottardo rebate Jefferson: "Não jogar talvez tenha sido um ato de covardia"

Gerente de futebol do Botafogo desmente goleiro e capitão e dispara:

"O Jefferson tem uma falha no caráter. Falou de mim sem me conhecer"

Por Rio de Janeiro
Wilson Gottardo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)Wilson Gottardo chegou ao Botafogo no meio do ano para ser gerente de futebol (Foto: Vitor Silva / SSPress)

O relacionamento entre Jefferson e Wilson Gottardo azedou de vez no Botafogo. Horas depois de o goleiro ter concedido entrevista coletiva, na qual disse ter sofrido "covardia" por parte do gerente de futebol, o dirigente rebateu. Em entrevista à Fox Sports, o cartola alvinegro desmentiu o atleta. O ex-zagueiro do Botafogo nos anos 1980 e 90 afirmou que pediu com antecedência ao camisa 1 para que ele jogasse contra o Santos. O Alvinegro, com Andrey no gol, foi goleado por 5 a 0 e eliminado.

- Sei o que tem que ser feito. Ele tem que trabalhar, cumprir com as obrigações. Não preciso ter amizade com ele. Mantenho a conduta com todos os atletas. Todo os atletas do Botafogo que treinaram e não foram relacionados, todo receberam a programação de jogo. Eu pergunto: tenho 20 atletas no hotel em São Paulo vendo a não apresentação do Jefferson? Por isso sou radical mesmo. Não olho nome, estrelismo, vaidade, olho a pessoa, o profissional - disse Wilson Gottardo.

Jefferson entrou em campo na última terça-feira para seu segundo amistoso pela seleção brasileira, contra o Japão, em Cingapura. O voo de volta levou mais de 20 horas. O goleiro chegou em São Paulo, onde o Botafogo estava para pegar o Santos, e seguiu para o Rio de Janeiro. Na véspera, na quarta-feira, Diego Tardelli, que também estava na Seleção, chegou no Brasil e defendeu o Atlético-MG contra o Corinthians. (Confira a linha do tempo ao lado) 

- Falei: 'Vou mandar a passagem para você', e ele falou que não ia à tarde porque estava cansado. Falou que treinaria leve, em um treino regenerativo. Fiquei surpreso quando ele falou isso. Ele falou não que não ia jogar, que não estava em condições. O Diego Tardelli viajou também e jogou 60 minutos, se não me engano.

Jefferson alegou que em nenhum momento havia sido comunicado para se apresentar em são Paulo. Disse que a programação do Botafogo marcava sua apresentação no Rio de Janeiro e que, durante o período em que estava na Seleção, conversou por mensagens com Gottardo e não foi informado da necessidade de atuar no Pacaembu.

- Eu posso ter minhas diferenças de comportamento, mas não aprovo o comportamento, ele não é profissional para mim, tem conduta de indisciplina. Dei três chances a ele de se apresentar no hotel. A primeira no aeroporto de Cumbica, depois falei com o empresário dele, que disse que ele estava dormindo. Tentei falar pela manhã que ele estava convocado para o jogo, o Jefferson sempre treina forte, não teria problema de jogar. Pela manhã, um funcionário do Botafogo telefonou dizendo que ele estava no Engenhão. Expliquei a ele tinha que se apresentar no hotel. O Jefferson estava por dentro de tudo. Não jogar contra o Santos talvez tenha sido um ato de covardia dele. Minha equipe é muito competente, não houve falha de comunicação - prosseguiu Gottardo. (Veja abaixo vídeo com reportagem sobre o jogo contra o Santos)

http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-esporte/v/jefferson-nao-aparece-botafogo-leva-goleada-do-santos-e-e-eliminado-da-copa-do-brasil/3703223/


Confira outros trechos da entrevista de Wilson Gottardo:

Punição

Não vou pedir punição, senão punirei o Botafogo. O Jefferson tem uma falha no caráter. Falou de mim sem me conhecer. Não sou baba ovo de atleta. Trato com seriedade. Ele não tem nenhum privilegio comigo, por isso não agrado a ele.

Relacionamento era bom?

Era normal. Ele fez críticas à diretoria em uma outra ocasião, mas me mandou mensagem dizendo que eu não fazia parte dela (crítica). Eu tenho a mensagem aqui, posso mostrar. Eu perguntei a ele como estava na Seleção e a primeira coisa que ele perguntou para mim foi sobre dinheiro. Depois falou que o Dunga era bacana, que os jogadores eram legais... É isso aí. Não tenho telefone exclusivo para ligar para todos os jogadores. Tenho certeza absoluta, sem arrogância, que essa função que estou há três meses, poucas pessoas aguentariam a pressão.

Situação pode tirar você do clube?

O Jefferson tem a história dele, a minha já está escrita. Estou iniciando um novo livro, não está sendo fácil, mas estou recebendo apoio de pessoas que conhecem o meu caráter, a minha conduta. Estou escrevendo essas páginas com muitas mãos. Eu não estou preocupado com isso. Encaro com profissionalismo. Não preciso amanhã apertar a mão do senhor Jefferson. Ele tem que trabalhar com respeito. Eu respeito o Jefferson, mesmo quando ele fez colocações com as quais eu não concordava, que vou dizer amanhã. É uma situação dele, não do grupo.

Goleiro estava na lista de afastados?

Ele não fez parte, nem foi mencionado, nada a ver. O presidente tomou a iniciativa, conversei, dei minha posição, o departamento de futebol também, mas ele nem foi cogitado. Agora é um fato isolado. Ele tem totais condições de cumprir o contrato. Ele andou negociando com clubes da Europa, foi assediado por clubes no Brasil, sabemos tudo isso.

Negociando com o São Paulo?

Não vou dizer que está negociando, sei que ele é assediado por clubes. Ninguém me procurou para falar de negociação. Se tivesse procurando, eu teria conversado com o presidente, com o Jefferson e seu representante.

Pagamento feito esta sexta?

Não falei com o financeiro. Hoje, teoricamente, era um dia mais suave, de trabalho regenerativo, fisioterapia, gelo para recuperar. Não tive contato com o financeiro, mas o assunto estava em pauta. Conversei com o presidente na quinta sobre alguns pagamento CLT e imagem.

Jefferson teria evitado goleada?

Isso é relativo, subjetivo dizer. O Andrey chegou da seleção olímpica, treinou, é um cara batalhador. Não é justo falar de situações assim.

Eliminação da Copa do Brasil

Estamos com um time jovem, uma garotada com vontade, alguns sentem um pouco o ritmo. Jogadores que não se machucam como Junior Cesar, Bahia, problemas de cartão. O fato de diminuir a carga de jogo é um benefício, podemos fazer um treinamento melhor, tem um lado positivo. O lado ruim é que deixamos de disputar um título, o reconhecimento financeiro da CBF.