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Presidente pede fim de discussão pública entre Jefferson e Gottardo 

 

Assumpção tenta aparar arestas após troca de farpas pela ausência do goleiro na partida contra o Santos. Quer resolver questão internamente

Por Rio de Janeiro
Mauricio Assumpção, Botafogo (Foto: Fred Huber / Globoesporte.com)Assumpção quer o fim da discussão pública entre Gottardo e Jefferson (Foto: Fred Huber)

Fim do bate-boca via imprensa. Esse foi o pedido do presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, ao técnico Vagner Mancini, ao diretor técnico Wilson Gottardo e ao goleiro Jefferson. Ciente de que a crise poderia atingir a equipe que luta contra o rebaixamento no Brasileiro, o cartola afirmou a pessoas próximas que conversaria com os três para aparar as arestas e permitir que o trabalho transcorra normalmente até o fim da temporada. Quer resolver a questão internamente. O goleiro, ídolo alvinegro, não se apresentou para disputar a partida contra o Santos, que tirou o time da Copa do Brasil, e o fato acabou gerando uma troca pública de farpas.

O maior problema foi com Gottardo, que ao saber que o goleiro afirmara que suas atitudes foram uma “covardia”, rebateu dizendo que “não jogar talvez tenha sido um ato de covardia”. Os dois podem se reencontrar nesta tarde, no treino marcado para o Engenhão.

- Eu posso ter minhas diferenças de comportamento, mas não aprovo o comportamento, ele não é profissional para mim, tem conduta de indisciplina. Dei três chances a ele de se apresentar no hotel. A primeira no aeroporto de Cumbica, depois falei com o empresário dele, que disse que ele estava dormindo. Tentei falar pela manhã que ele estava convocado para o jogo, o Jefferson sempre treina forte, não teria problema de jogar. Pela manhã, um funcionário do Botafogo telefonou dizendo que ele estava no Engenhão. Expliquei a ele tinha que se apresentar no hotel. O Jefferson estava por dentro de tudo. Não jogar contra o Santos talvez tenha sido um ato de covardia dele. Minha equipe é muito competente, não houve falha de comunicação - disparou Gottardo, na sexta-feira.


Jefferson já esteve perto da demissão ao lado dos outros quatro dispensados por Maurício Assumpção (Émerson Sheik, Bolívar, Edílson e Julio Cesar). A condição de ídolo o poupou. Foi um dos poucos a criticar abertamente a diretoria por conta do atraso de salários, ainda longe de ser resolvidos. Na sexta-feira, ele deu sua versão para a ausência:


Jefferson Coletiva Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)Jefferson não esteve em campo na partida contra o Santos, na quinta (Foto: Vitor Silva / SSPress)


- Todo mundo conhece o meu caráter e o meu profissionalismo, principalmente aqui no Botafogo. Ontem (quinta-feira) foi uma grande covardia da parte do Gottardo, porque em nenhum momento antes da programação ele chegou e disse que precisaria de mim no jogo contra o Santos. Deram indícios de que não contariam comigo. Entregaram-me a programação na Seleção com a volta marcada para o Rio de Janeiro.



Quando diz que volto para o Rio, automaticamente estou fora do jogo. Em nenhum momento o Gottardo disse que alguém me receberia em São Paulo. Aparentemente, eles não estavam contando comigo. Falei por WhatsApp com ele na China, e em nenhum momento ele disse que precisaria de mim. No dia que cheguei aqui, fui surpreendido por um rapaz no aeroporto, que disse que eu estava no jogo. Automaticamente liguei para um membro da diretoria, o Bernardo, e ele falou: "Mandamos e-mail para você". Nem me deram parabéns pelo jogo. Eu não vi e-mail nenhum. Eles têm meu telefone. Depois que vi o e-mail, estava escrito assim: "Botafogo x Santos. Decidimos na terça-feira que você é importante para o grupo e está relacionado para o jogo". O Gottardo disse depois que já estava combinado comigo! Isso foi uma covardia! Tem alguma coisa errada aí.

A troca de farpas pública também acarretou críticas nos bastidores. O ex-presidente Carlos Augusto Montenegro e o ex-goleiro Wagner saíram em defesa de Jefferson. Gottardo, aparentemente enfraquecido com o caso, por enquanto deve ficar no cargo, mas outra polêmica, no conturbado ambiente pré-eleitoral, pode acabar lhe custando o emprego.

- Ninguém deveria ter falado nada. O Jefferson foi um dos poucos a criticar abertamente o presidente. Se alguém tinha de ser afastado, era o Jefferson. Quem tinha de ser afastado é o Jefferson. A partir do momento que não foi, não pode exigir mais nada. Estava servindo o Brasil, fez uma viagem em 24 horas, não estava se sentindo bem e não tinha obrigação nenhuma de jogar no sacrifício. Se o presidente estivesse cumprindo com suas obrigações talvez ele fizesse o sacrifício, mas não havia nada que o motivasse a esse sacrifício - afirmou Montenegro.