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Somália pede para voltar ao Botafogo: ‘O pretinho tá querendo correr’

Somália não vê a hora de poder calçar as chuteiras

Somália não vê a hora de poder calçar as chuteiras Foto: Rodrigo Stafford
Rodrigo Stafford
Extra Online

O lar de Somália é o retrato de quem não está acostumado a ficar em casa. O jogador não consegue achar um copo que seja. Afastado pela diretoria do Botafogo, o volante consegue ficar mais tempo com a filha Isabelle Vitória, de 3 anos, mas a falta da rotina e, principalmente, da bola o está enlouquecendo o jogador, que treina três vezes por semana separadamente do elenco.

Somália estreou no Botafogo em 2010 nos 6 a 0 sofridos para o Vasco. Estevam Soares, técnico que pediu sua contratação, foi demitido. A chegada de Joel Santana deu um bico nas incertezas. Mas no início de 2011, quase colocou tudo a perder ao fingir um sequestro para justificar um atraso.

— O Joel é um pai realmente. Quando aconteceu a situação do início do ano passado, ele falou: “manda o pretinho descer aqui”. A psicóloga (Maíra Ruas) me chamou no quarto e eu estava chorando muito. Desci na sala dele ele mandou fechar a porta. Achei que ele ia falar um monte, mas perguntou o que adiantava chorar agora, que eu tinha que ser homem. Ele disse: “Assumiu seu erro? Pronto. O que vão falar de você não importa. Até hoje sofro porque me chamam de cachaceiro. Eles não conhecem minha vida. Minha velhinha está em casa e eu expliquei para ela. É o que importa. Explicar pra sua família, o que você fez, o que aconteceu e pede desculpas”. 

No começo não queria nem sair para treinar, vi um monte de jornalistas e pedi pra ficar na academia com vergonha das pessoas. Na minha cabeça, eles queriam me matar. Parecia que eu tinha dado um golpe no Estado. Ele falou: “você tá maluco, vai sair e treinar normalmente. Você roubou alguém? Matou? O único mal que fez foi a você mesmo”. Fui, treinei, quando acabou ele mandou ir na sala e perguntou como eu tava me sentindo e começou a rir e mandou: “Eu quero saber porque você tá branco?”. Por isso ele tava rindo. — disse Somália, que não vê relação do afastamento com o falso sequestro:

— Quero acreditar que não. Quantos jogadores já fizeram coisas piores e estão jogando? Erro todos têm. Não acho que estou pagando por isso — contou o jogador, que teve que pagar cestas básicas como pena pela mentira.
Identificado com o Botafogo, Somália quer voltar a sentir a pressão de vestir a camisa do Glorioso.

— Eu costumo dizer que a torcida nunca está satisfeita com nada. Está na primeira colocação, e cobrando. É positivo e negativo. Você tem que saber a forma como se cobra. Tem certas situações que você tem que cobrar, mas no momento certo. A questão da vaia, por exemplo. Não só Alessandro, como Elkeson, Maicosuel ,Fábio Ferreira.. Errou dois passes e uuuhhh. Caía sobre mim, (Márcio) Azevedo, Alessandro. Já vi vaiar Herrera, Loco Abreu. Só o Jefferson que não. Tem uns que pegam no pé, mas em qualquer clube é assim. Na época do Joel, tava um negócio de vaiar, acho que o Alessandro. Mas se me cobram é porque confiam em mim. O Dudu, preparador físico na época, marcou. Deu 1m43s e já tinham vaiado. Não vai ajudar. Acabou o primeiro tempo, o time está ruim, vaia a vontade.  

Apoio do grupo

Somália teve propostas do Vitória e sondagens do Bahia. Elkeson, Antônio Carlos e Maicosuel pediram ao diretor Anderson Barros pela volta do jogador de 27 anos.

O volante fala sempre com os companheiros, que estão empolgados com o trabalho de Oswaldo. Somália quer mais que cumprimentá-lo como fez na última segunda-feira.

— O pretinho tá querendo correr. Quando o elenco se reapresentou no dia 4, eu tinha visto a lista. Acompanho e fico vendo se vai contratar lateral. Se não vier, eu to aí — mandou o recado.

Proposta do Fluminense

Quando chegou ao clube em 2010, Somália também teve proposta de um rival. O Tricolor tentou atravessar o negócio, mas Somália já tinha dado sua palavra a Anderson Barros:

— Não me arrependo de não ter ido para o Fluminense. Vim para o Botafogo porque eu tive palavra. Já tinha acertado com o Anderson Barros na época. Ele perguntou se poderia me considerar do Botafogo. Eu disse que sim. Dois dias depois veio a proposta do Fluminense, que era consideravelmente mais melhor