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O fim da era Loco Abreu no Botafogo

Foto: Thiago Lontra
Rodrigo Stafford

Como se faz um ídolo? Gols e títulos certamente ajudam. Mas para que a torcida do Botafogo eleve o jogador é preciso mais. Se Nilton Santos personificou o botafoguense vestindo e honrando somente a camisa da estrela solitária, Loco Abreu fez diferente. Já atuou em 18 clubes, mas mesmo assim resgatou a autoestima botafoguense e consagrou sua idolatria com personalidade, atitude e identificação com o uniforme. Após três anos, o uruguaio sai, mas deixa uma história.

Aos 36 anos, Loco Abreu voltará ao Nacional, do Uruguai, clube do qual sempre se declarou torcedor, com um contrato de três anos para encerrar a carreira por lá.

— Ainda falta o acordo com Botafogo e ver quais as condições do negócio para poder sair — despistou o craque à Rádio Passion Tricolor.
O empresário do jogador Jorge Chijane é esperado hoje no Botafogo para acertar os trâmites burocráticos.

A estreia de Loco Abreu foi para esquecer. O time perdeu por 6 a 0 para o Vasco. Joel Santana, que viraria seu desafeto, chegou e armou um esquema tático para privilegiar o atacante. Deu certo e o Botafogo venceu os dois turnos do Estadual 2010 e acabou com a sequência de três vice-campeonatos para o rival Flamengo.

Na final, venceu o então "pegador de pênaltis", Bruno com um lance que viraria sua marca registrada: a cavadinha, que faria sucesso pelo mundo após decidir a classificação do Uruguai para as semifinais da Copa de 2010.

Além de gols e polêmicas, como as brigas com os técnicos Joel Santana e Oswaldo de Oliveira, Loco levou o nome do Botafogo pelo mundo ao estender uma bandeira do clube durante a comemoração do título uruguaio na Copa América.

Reclamão, desbocado, ele ensinou ao botafoguense a não abaixar a cabeça a não ser para beijar o escudo do Glorioso como fez jogando pelo Figueirense contra o Flamengo. Loucuras que jamais serão esquecidas.


Ídolo em vários momentos


Chegada
Recebido por centenas de torcedores na sede de General Severiano, Loco Abreu recebe a camisa 13 de Zagallo e promete: ‘Vim para ganhar do Flamengo’

Estreia
Para esquecer. Loco quase não toca na bola e Botafogo toma de 6 a 0 do Vasco.
 
Título
Com direito a cavadinha, Loco faz o gol do título sobre o Flamengo em 2010.
 
Cavadinha
A disputa de pênaltis das quartas de final da Copa do Mundo de 2010, Loco Abreu faz o gol, de cavadinha, sobre a seleção de Gana, que classificou o time para a semifinal da competição.
 
Crise com Joel Santana
O artilheiro Loco Abreu detona o treinador em entrevista e reclama que a única jogada do time é a bola aérea. O jogador acaba vencendo a queda de braço e Joel Santana deixa o clube em março de 2011.

Copa América
Durante a comemoração do título uruguaio da Copa América, puxa uma bandeira do Botafogo.
 
Pênaltis perdidos
Em uma de suas especialidades, as cobranças de pênaltis, chegou à péssima marca de seis erros em sete cobranças.

Briga com Oswaldo
Sem o posto de titular, visto apenas como uma opção pelo treinador, Loco Abreu pede para deixar o clube e vai para o Figueirense.


Beijo na camisa
Pelo Figueirense, em jogo contra o Flamengo, beija o escudo do Botafogo, que está na sua camisa de baixo.