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Técnicos brasileiros já ganham salários europeus

Especial do LANCENET! revela quanto ganham os técnicos europeus, que têm vencimentos semelhantes aos brasileiros

BATE Borisov x Barcelona - Guardiola (Foto: Vasily Fedosenko/Reuters)  
Guardiola treina o melhor time do mundo, mas é 'só' o segundo mais bem pago (Foto: Vasily Fedosenko/Reuters)
 
João Vitor Xavier
 Rio de Janeiro (RJ)
 
Nos últimos anos, algumas das cifras pagas a jogadores no Brasil passaram a se aproximar dos salários oferecidos aos grandes times europeus. No mercado brasileiro de técnicos, processo semelhante vem ocorrendo, com alguns treinadores ganhando valores semelhantes aos técnicos de ponta da Europa.

Para efeito de comparação, os técnicos mais bem pagos do Brasil têm vencimentos que ultrapassam os ganhos dos técnicos dos três principais clubes da Itália, no momento. Com base em informações dos principais jornais europeus, o LANCENET! fez um ranking dos técnicos mais bem pagos dos grandes centros europeus (veja abaixo).

Enquanto os salários de Mourinho e Guardiola e dos principais técnicos ingleses passam longe da realidade brasileira, alguns treinadores em atividade no Brasil vêm sendo melhor remunerados do que os colegas do Calcio.


A intensidade de trabalho e o grau de responsabilidade no dia a dia dos clubes pode explicar os motivos dos altos salários pagos por Real e Barça, por exemplo.

– Mourinho viaja o mundo de olho nos reforços. Guardiola tem todo um cuidado com as canteras, as divisões de base – afirma Sergio Soler, repórter do diário catalão “El Mundo Deportivo”.

No Brasil, ao contrário, a maior parte dos técnicos foca seu trabalho basicamente no time profissional. Quando Muricy Ramalho treinava o São Paulo, por exemplo, a integração com a base era pequena: só revelou o zagueiro Breno. O Corinthians de Tite, campeão brasileiro, só tinha Júlio César da base, em que pese o baixo investimento da diretoria nas categorias menores.

Veja a seguir um quadro com os melhores salários em cada país


JOSÉ MOURINHO - Real Madrid - R$ 2,7 milhões
O técnico mais bem pago do mundo não se  restringe a treinar e escalar o time principal. O português também fica de olho em promessas do mundo todo. Pep Guardiola, seu maior rival, recebe o salário de R$ 2,1 milhões e não fica para trás: procura, incessantemente, o novo Messi, nas divisões de base do Barcelona, além de opinar em contratações.

Sergio Solér, repórter do 'El Mundo Deportivo'
"Na teoria, eles treinam, escalam os times. Mas há todo um cuidado com as divisões de base, além de opiniões sobre reforços. Até pelo alto valor que pagam, os clubes veem na figura do treinador, algo além de um mero selecionador. Há outras funções"

SIR ALEX FERGUSON - Manchester United - R$ 1,4 milhão

Há 25 anos no clube, Ferguson tem o poder de vetar e indicar contratações. Wenger, que recebe R$ 1,33 milhão no Arsenal, trabalha junto a um diretor de futebol, procurando novas promessas para os Gunners. Mancini (R$ 1,2 milhão no City) e Villas-Boas (R$ 1,06 milhão no Chelsea) ajudam olheiros e seus diretores-técnicos, em busca de novos jogadores.
Tim Vickery, correspondente da 'BBC' no Brasil
"A função dos treinadores mudou um pouco. A figura do manager perdeu poder, as funções foram descentralizadas. No entanto, o treinador segue tendo voz muito ativa"


LUIZ FELIPE SCOLARI - Palmeiras - R$ 700 mil
 

Scolari é o mais bem pago do Brasil. Não tem resultados animadores, mas goza de prestígio. Luxemburgo, que ganha R$ 600 mil  acumula funções no Flamengo e é a exceção à regra do treinador no Brasil. Muricy Ramalho (R$500 mil, antes da renovação), Abel Braga (R$ 400 mil) e Tite (R$350 mil, mais prêmios) têm tido bons resultados, que, no entanto, não justificam necessariamente o alto investimento.

Mariucha Moneró, colunista do L!
"Há uma distorção de mercado. Os treinadores vêm sendo supervalorizados, pois, só recentemente, os times brasileiros passaram a ter capacidade de contratar ou repatriar jogadores de muita qualidade. A figura do técnico tende a ser menos importante"


MASSIMILIANO ALLEGRI -Milan - R$ 402 mil
  

Em profunda crise financeira, a Itália sofre com a competição dos outros centros europeus, com mais potência monetária. Além do salário de Allegri, Ranieri (R$ 302 mil na Inter) e Conte (R$ 302 mil na Juventus) ganham bem menos que os principais técnicos brasileiros e europeus.

Massimo Basile, editor do 'Corriere dello Sport'

"Há pouco dinheiro na Itália. Os clubes são obrigados a apostar em nomes menos badalados e mais baratos para a função de treinador"

Alguns salários de treinadores:

José Mourinho (Real Madrid) - R$ 2,7 milhões
Pep Guardiola (Barcelona) - R$ 2,1 milhões
Fabio Capello (Inglaterra) - R$ 1,65 milhão
Alex Ferguson (Manchester United) - R$ 1,4 milhão
Carlo Ancelotti (Paris SG) - R$ 1,4 milhão
Arsène Wenger (Arsenal) - R$ 1,33 milhão
Roberto Mancini (Manchester City) - R$ 1,2 milhão
André Villas-Boas (Chelsea) - R$ 1,06 milhão
Felipão (Palmeiras) - R$ 700 mil
Vanderlei Luxemburgo (Flamengo) - R$ 600 mil
Muricy Ramalho (Santos) - R$ 500 mil
Joachim Löw (Alemanha) - R$ 460 mil
Cesare Prandelli (Itália) - R$ 416 mil
Massimiliano Allegri (Milan) - R$ 402 mil
Abel Braga (Fluminense) - R$ 400 mil
Tite (Corinthians) - R$ 350 mil
Dorival Júnior (Internacional) - R$ 350 mil
Mano Menezes (Brasil) - R$ 320 mil
Claudio Ranieri (Internazionale) - R$ 302 mil
Antonio Conte (Juventus) - R$ 302 mil
Claudio Borghi (Chile) - R$ 221 mil
Óscar Tabárez (Uruguai) - R$ 177 mil
Alejandro Sabella (Argentina) - R$ 88 mil

COM A PALAVRA

Marcelo Damato
Colunista do L!

"Como em qualquer profissão, os treinadores mais bem pagos são aqueles que têm que apresentar os melhores resultados. E isso não tem acontecido mais. Times com treinadores que têm salários mais modestos têm tido resultados melhores. É preciso reavaliar se vale a pena pagar um valor grande desses para ter um técnico de nome."

Álvaro de Oliveira Filho
 Colunista do L!

"Os seguidos triunfos de Luxemburgo e Muricy Ramalho os colocaram em evidência e fizeram com que as pessoas pensassem que eles eram capazes de, sozinhos, vencerem um título. Que eram mais importantes que os jogadores. Não são! Na verdade, quem ganha o jogo, o título, é o jogador, dentro de campo. Há uma supervalorização do técnico e isso se reflete no quanto eles têm ganho."