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Poderosos! O que fazem e quem são os gestores dos clubes da Série A

Cargo vem ganhando em importância em momento de aumento das receitas do futebol

Rodrigo Caetano - Fluminense (Foto: Paulo Sérgio)  
Rodrigo Caetano é um dos mais valorizados no mercado (Foto: Paulo Sérgio)
 
Daniel Leal e Leo Burlá
Rio de Janeiro (RJ)
 
Gerentes, diretores, executivos ou superintendentes. Os nomes dos cargos dos gestores  de futebol diferem. Em comum, no entanto, todos veem a função viver um momento de supervalorização no mercado da bola. Atualmente, 19 dos 20 clubes da Série A do Brasileirão contam com uma pessoa remunerada para centralizar os rumos do departamento de futebol (ler quadro).

Se antes os clubes sustentavam sua administração sob os pilares do amadorismo, hoje a situação é um pouco diferente. Em um cenário de curva econômica ascendente no futebol brasileiro, os gestores remunerados passaram a ter assento privilegiado na hora de decidir os rumos nos clubes.

Não há uma só decisão que envolva o futebol que não tenha de receber a aprovação destes profissionais. Contratações, planejamento orçamentário e financeiro, estruturação dos clubes e locais de hospedagem e treinamento são algumas das atribuições destes profissionais, que acumulam funções que até bem pouco tempo eram de competência de dirigentes amadores.

– Mas ainda existe uma cultura na qual diretores e conselheiros se acham donos do clube – admitiu Newton Drummond, homem forte do Vitória.


Os vice amadores ainda têm poder nos corredores, mas servem mais como uma sustentação política ao presidente que ocupa o cargo no momento.

O boom da gestão e o consequente enfraquecimento dos dirigentes amadores podem ser resumidos na imagem de Rodrigo Caetano, novo executivo do Fluminense. Na janela de transferências de verão, pouquíssimos jogadores ganharam tantas manchetes quanto o dirigente que ocupou o cargo no Vasco entre os anos de 2009 e 2011. Classificado por tricolores como a “contratação mais importante do ano”, o acerto foi festejado com pompa reservada anteriormente a craques consagrados.
Nos bastidores, comentou-se que Caetano ganharia cerca de R$ 450 mil mensais. Ao LANCENET!, ele negou.

– Me preocupa essa onda de valorização acima da instituição. Salários de três dígitos não existem. É interessante para o sistema criar esses personagens, mas não me agrada. Este fenômeno já ocorreu entre os treinadores. Tem muito ex-jogador e jornalista que se diz gestor – detonou o gestor de um clube da Série A, que pediu para não ser identificado.

OS MANDAMENTOS DO GESTOR
Conhecimento técnico. O gestor é responsável pela montagem de elenco.
Deve buscar e, muitas vezes, indicar reforços. Também necessita conhecer
os trâmites burocráticos para contratação e regularização de jogadores.
   Relacionamento. No burocrático meio futebolístico, não basta conhecimento.
Conhecer funcionários de federações pode agilizar determinadas situações.
Contatos com agentes também são determinantes em negociações. “A
grande parte dos jogadores atua pelo clube que o empresário manda”,
afirma um gestor de um grande clube da Série A.
Vestiário. O gestor deve ter a capacidade de identificar e lidar com
inimizades e insatisfações dentro do elenco. É importante entender a
aceitação do treinador e de sua equipe. Também precisa servir de ponte
entre jogadores, diretoria e comissão técnica.
Personalidade. A valorização expôs ainda mais a figura do gestor diante
da torcida. Responsável por, de fato, montar a equipe, deve ter
personalidade para lidar com as pressões e a instabilidade do meio.

A escassez de pólos formadores de gestores preocupa. Hoje, são poucos cursos de formação disponíveis para preencher a crescente demanda.

– A teoria importa, mas não basta – minimizou o diretor gremista Paulo Pelaipe, administrador de empresas por formação.

Gestores já têm entidade

Os gestores de futebol deram importante passo para união da categoria ao fundarem, em novembro passado, a Associação Brasileira dos Executivos de Futebol (Abef). Inicialmente, a entidade terá como objetivos aprimorar a capacitação dos gestores e estabelecer um código de ética para a classe.

O presidente da Abef, eleito para mandato de três anos, é Ocimar Bolicenho, ex-Santos e Atlético-PR. O vice é Rodrigo Caetano, recém-contratado pelo Fluminense. Para se filiar à entidade, é preciso exercer a função de executivo, gerente, supervisor ou gerente da base. Também é necessário comprovar dois anos de experiência, além de participar de pelo menos duas das quatro reuniões anuais.

Umas das primeiras ações da entidade será a criação de um curso presencial de 120 horas, que deverá seguir os moldes do ministrado pelo Internacional.
Confira bate-bola exclusivo com Rodrigo Caetano, novo diretor executivo do Fluminense:

LANCENET!: Quais são as principais atribuições do gestor de futebol de um clube?

RODRIGO CAETANO: As pessoas acham que é só montagem do elenco. Mas o nosso trabalho não fica restrito a isso. Nós somos responsáveis pelo planejamento do departamento de futebol, pelo controle orçamentário e ainda lideramos pessoas, principalmente no que diz respeito à ligação entre a comissão técnica e o elenco. É uma gama muito grande de atuação.

LNET!: E em que a presença deste profissional contribui no cotidiano de departamento de futebol dos clubes?
A profissionalização dessa função vem fazendo nos últimos anos com que os clubes possam gerir melhor o departamento de futebol dos clubes.

LNET!: E o que você acha da supervalorização dos gestores de futebol? Especulou-se que você ganharia um salário astronômico no Fluminense...
Não quero falar sobre isso, pois sou um dos que mais defende a profissionalização do setor. Então, não quero falar sobre números. Mas posso afirmar que é uma enormidade o que se especula por aí sobre salários.