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Parece que morri, diz Marcos na 1ª entrevista pós-aposentadoria

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O agora ex-goleiro Marcos, 38, falou pela primeira vez após o anúncio de que não vai continuar a carreira no Palmeiras, há uma semana. A certa altura da entrevista coletiva, realizada no CT do clube, em São Paulo, resumiu: "Parece que morri". 

 "Teve um dia desses que eu cheguei em casa, depois de ver tantas homenagens, e falei: '´Parece que morri'. Tem uma frase antiga que diz que jogador morre duas vezes. E a aposentadoria é como se tivesse morrido mesmo. Sabe quando morre um ente querido? Você fica sem concentração, pensando naquilo", afirmou. 


Wanessa Carvalho/News Free/Folhapress
Marcos ganha camisa enquadrada do presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone (esq.); clique na foto e veja imagens da carreira do goleiro
           

 
 Marcos ainda arrancou risos dos jornalistas ao lembrar: "Tomei um monte de frango, errei um monte de bola e dei um monte de entrevista boa para vocês e ruim para mim". 

"Muitas vezes, falei besteira, mas sempre fui o Marcos. Nunca vim aqui com discurso pronto. Sempre falei o que meu coração mandava", acrescentou. 

O ídolo palmeirense completou: "Me preparei uma semana para tentar responder sem chorar, para não ficar aqui com beicinho tremendo. Foram 20 anos na equipe". 

Marcos explicou que resolveu parar, e não se arrepende disso, por questões físicas. 

"Não consigo mais entrar em forma, fiz partidas acima do peso devido às dores no joelho, e acabei entrando em alguns jogos abaixo do esperado. Sempre fui um cara que brigou muito com a balança. Não dava mais", declarou. 

A decisão foi tomada, de acordo com ele, após conversa com o técnico Luiz Felipe Scolari e o treinador de goleiros Carlos Pracidelli, que citou como grande amigo. 

PROCISSÃO DA TORCIDA PARA "SÃO" MARCOS
"Os caras são loucos. Os cara estão de brincadeira. Pergunta para minha mulher se eu tenho que ser canonizado para você ver (risos). É uma homenagem legal, fico orgulhoso, mas fico com vergonha. Vocês fazem mais coisa para mim do que eu mereço". 

JOGO DE DESPEDIDA
"A gente pensou em um monte de coisa, mas vou deixar para o marketing do Palmeiras... Talvez uma partida contra o Corinthians, relembrando o clássico de 2000 [pela Libertadores], ou contra o Deportivo Cali-COL [adversário do Palmeiras na final da Libertadores de 1999], chamar os amigos que jogaram comigo, apesar de que, se for convidar amigos, vou ter que fazer uma semana só de jogo". 

EXPECTATIVA PARA O TIME EM 2012
"A esperança é verde (risos), vamos esperar aí, ver como é que começa o campeonato. Claro que podiam chegar reforços aí, mas é aquilo que eu falei. Vocês não levem a mal, mas, por exemplo, acredito que o Corinthians não tenha sido o melhor time no papel, mas era o mais raçudo, mais unido, e por isso foi o campeão brasileiro. Talvez tivessem quatro ou cinco times melhores... Então, no futebol tudo pode acontecer. A gente acredita, como palmeirense, que o ano será positivo". 

"MARKETING SEM QUERER"
"Acho que o que talvez tenha sido o que mais marcou foi a permanência para a Série B, em 2002, após ser campeão mundial com a seleção na Copa. Não achei justo com a torcida, ir para a Inglaterra, e deixar o time aqui, que tinha sido rebaixado. Foi um marketing sem querer, que foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida". 

PERDEU PARA O CORPO? (frase de Ronaldo, quando parou, ano passado)
"Concordo em parte com o Ronaldo, mas a gente não perde para o corpo... A gente usa muito o corpo, né? Então, se fosse assim, ninguém mais morreria. Tenho é que agradecer ao meu corpo". 

APOSENTADORIA DA CAMISA 12
"Essa proposta da diretoria é uma coisa que fiquei muito feliz, tomara que dê certo. É um pouco egoísta de minha parte, tr um número só para mim... A camisa 1 teve grandes goleiros, mas na camisa 12 eu devo ter sido um dos melhores". 

VIRAR CARTOLA
"Se for para ter alguma função no clube, quero estar realmente preparado para ajudar. Mas, se o Palmeiras participar de mim, para qualquer evento, estou à disposição. Agora, vou dar uma viajada com a família. Tenho que ver o filme dos Smurfs com a minha filha". 

VIRAR TÉCNICO
"Técnico, eu estou fora. É muito difícil. Você treinar o time a semana inteira, chegar no jogo e ninguém fazer o que você queria, e a torcida te chamar de burro, deve ser dose". 

ÍDOLOS
"Tive alguns, como o Carlos, goleiro da Copa de 86. O próprio Gato Fernandez, que passou por aqui. Mas depois foram aqueles goleiros de seleção da época, o Veloso, o Zetti, o Ronaldo e o Taffarel, que era o titular. Mas incentivador mesmo era o Veloso. Quando eu cheguei e fui para o primeiro treino ao lado dele, quase morri". 

ORIENTE-SP
"Minha cidade tem muito contador de história, é cidade com muita gente engraçada. Sou 100% orientense. Talvez minha parte boa de carisma seja por isso. Quero estar mais presente na vida de de meus amigos, de meus irmãos, a partir de agora". 

PAIS
"Minha mãe ficou muito triste. Aí expliquei para ela as condições que eu estava, ela entendeu. Meu pai (já falecido), tenho certeza que ele está feliz.. (começou a chorar)". 

MOMENTOS MARCANTES
"A maior alegria foi aquela bola que o Zapata [do Deportivo Cali] chutou para fora na disputa de pênalti na final da Libertadores. Eu já tinha pulado para o outro lado, mas ela raspou a trave e saiu. A maior tristeza foi o Mundial [contra o Manchester United, também em 1999], eu caçando borboleta lá [falhou no gol dos ingleses]... Aí fiquei torcendo para a gente conseguir empatar, mas não deu. Teve também aqueles 7 a 2 do Vitória [2003]. 6 a 0 do Coritiba [2011], ambos pela Copa do Brasil.. Tem uns 15 jogos para apagar da memória, mas uns outros 500 positivos. Saio muito satisfeito". 


Marcos ganha camisa do presidente Arnaldo Tirone (esq.); clique na foto e veja imagens da carreira do goleir
O ex-goleiro Marcos observa reproduções dele comemorando em campo
O ex-goleiro Marcos observa reproduções dele comemorando em campo