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Minha visão do futebol e da vida. Por Maurício Noriega

Blog do Nori 
Marcão Eterno

Poucos são os jogadores de futebol no Brasil que conseguem pairar acima da rivalidade às vezes insana que separa os grandes clubes. Mais que poucos, são raros. A essa estirpe une-se agora, na anunciada aposentadoria, o goleiro Marcos, para sempre do Palmeiras.


Existem ídolos que fazem média com os próprios torcedores, talvez sem saber que nem disso precisam. Mas insistem em fazê-lo, pensando nos juros e dividendos dessa atitude.

Marcos é um ídolo especial, e transcende a grandeza dos milhões de torcedores que o santificaram porque nunca fez média com nada e com ninguém. É o que é, na alegria e na tristeza.

Em minha carreira de jornalista tive o prazer de dividir as famosas resenhas com o Marcão em várias oportunidades. Em aviões, hotéis, estúdios de TV, após treinamentos e jogos. Assim como tive a honra de entrevistá-lo e certificar-me que não havia personagem que entrasse em cena com as luzes da TV ou os microfones. Era o mesmo cara em on e em off.

Fui espectador privilegiado de algumas das maiores atuações já protagonizadas por um goleiro. No período de 1998 a 2002 Marcos foi soberbo. Muitas vezes beirou o sobrenatural. Foi decisivo em diversas conquistas do Palmeiras e fundamental na Copa do Mundo de 2002, com atuações irretocáveis contra a Bélgica e na final, diante dos alemães.

Sua liderança emanava da maneira mais natural, a carismática. Marcos é daqueles líderes que são eleitos pelo grupo, não dos que se impõem.

Ao não abandonar seu clube quando houve o rebaixamento, mostrou, sem gestos encenados e ensaiados, que era mais que um atleta profissional exemplar, mas um símbolo.

O futebol precisa urgentemente de jogadores desse tipo. O esporte precisa, porque pela repercussão que gera e palas emoções que proporciona, não pode ficar refém de um certo tipo de ídolo que atua diante das câmeras.

Mais que as defesas inesquecíveis, os títulos incontáveis e as risadas que proporcionou, Marcos deixa como legado algo cujas jazidas estão se esgotando: a autenticidade.

Bom descanso e sucesso na nova vida, Marcão! Você é eterno.