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Botafogo muda rotina e empresta máquinas de luz no Engenhão

Agrônomo espera apenas a confirmação do tempo que o estádio ficará interditado para ordenar cortes. Parceiras aguardam pacientemente 

 

Por André Casado Rio de Janeiro
 

Adquiridas por R$ 1,5 milhão, em 2011, as seis máquinas que produzem luz artificial para o campo do Engenhão estão paradas. Com a chegada do outono no Brasil e a consequente redução de luminosidade natural, os equipamentos entrariam em ação com mais frequência neste período. Mas a interdição do estádio por tempo indeterminado, causada por danos na cobertura, tem mudado a rotina do trabalho, que vivia seu maior desafio: chegar ao fim da temporada com o gramado de qualidade, como entregue em janeiro, resistindo ao desgaste. Assim, a diretoria decidiu cedê-las ao Maracanã e ao Estádio Nacional de Brasília, que sediarão a Copa das Confederações, em junho, e a Copa do Mundo, em 2014.

- Esses estádios estavam precisando, o Botafogo falou comigo, e eu liberei, já que não há uso nem gastos aqui. Acredito até que elas vão ser removidas do Engenhão ainda hoje. Mas voltam assim que tivermos jogos novamente - explicou Artur Melo, agrônomo responsável.

Até aqui, apenas 20 partidas foram disputadas no palco do Botafogo. Somados os dois últimos anos, que não tiveram o Maracanã, foram 190, com média de 95. Para não passar de 70, que é a meta atual, formulada com a promessa da Ferj e da CBF de ajudar a racionar o calendário, agora o caminho está livre, já que a segunda metade do Carioca, a Copa do Brasil e a Libertadores se dividem entre Moça Bonita, Raulino de Oliveira e São Januário.

máquinas de luz do Engenhão (Foto: Divulgação) 
 
Máquinas de iluminação em ação em 2012: suspensão por tempo indeterminado (Foto: Divulgação)
 
Por ora, o profissional descarta indicar cortes de pessoal ou medidas extremistas. Apenas ordenou uma nova abordagem diante da falta de uso, que é positiva pela preservação do piso, mas muito negativa pela ótica das receitas e falta de testes. Ele espera o laudo da Prefeitura para saber por quanto tempo mais não haverá atividades.

- Sem carga, não tem prejuízo mecânico. Mas é claro que não estamos satisfeitos com a situação, o ideal era ter jogos. Estávamos sendo atendidos pelas federações e navegávamos em céu de brigadeiro. De repente, veio essa parada que foi ruim em vários aspectos. O problema do campo é a sombra e o pisoteio, que se reduziu a quase zero. Não está havendo necessidade de equipamento de luz artificial. Eles realmente estão parados. A pouca luz que entra é suficiente para a sobrevivência do solo do jeito que está - explicou Artur.

Como ainda não sei se será amanhã ou semana que vem, mantemos o trabalho. Vai haver uma redução de contingente inevitável se tiver que demorar. Se for uma reforma de seis meses, tudo vai ser revisto"
Agrônomo Artur Melo
 
A equipe que tinha acesso ao gramado agora cuida somente do campo anexo e das áreas verdes de paisagens dentro e ao redor do estádio. O corte que era diário passou a acontecer três a quatro vezes na semana. A diretoria, ao menos, consegue economizar com os gastos de energia. O que vem a calhar, já que os contratos para exibir placas de publicidade e as verbas provenientes de outros tipos de comércio  no estádio, como as lojas de alimentos, também estão "aguardando diretrizes", informa a Pepira, companhia que gerencia este setor.

Muitos funcionários terceirizados, cujas funções eram ligadas aos dias de futebol, perderam o rendimento extra, enquanto alguns fixos, com carteira assinada, temem a demissão caso as estruturas não sejam consertadas e os jogos não retornem ao Engenhão até o fim deste ano.

- Não sei como vai ficar. Estão honrando tudo certinho, mas se o negócio ficar ruim por muito tempo, complica. Já estou vendo outros serviços - disse um funcionário que não quis se identificar, sem mostrar preocupação com a segurança, pelo risco de a cobertura desabar.

A empresa holandesa que monitora o gramado 24 horas diárias permanece com sua rotina, muito embora a viagem de um técnico tenha sido cancelada no início do mês, em virtude do contratempo.

- Temos que deixar o campo em condições para ter jogo no dia seguinte em que liberarem. Como ainda não sei se será amanhã ou semana que vem, mantemos o trabalho. Vai haver uma redução de contingente inevitável se tiver que demorar. Se for uma reforma de seis meses, tudo será revisto. Mas é uma posição que tem ser dada pela Prefeitura - reforçou Artur.

O ex-presidente Carlos Augusto Montenegro firmou sua posição de devolver o estádio, arrendado ao Botafogo por 20 anos, em reunião de conselheiros do clube. Mas o mandatário atual, Mauricio Assumpção, rejeitou este cenário e permanece no aguardo da solução proposta pelo prefeito Eduardo Paes, que, até agora, não divulgou o laudo completo do dano e quem ficará responsável: seu gabinete ou o consórcio. Já são 24 dias de interdição.

INFO_ENGENHAO_02 (Foto: Infoesporte)