Maracanã reabre com luz, emoção e pequenos problemas estruturais
Falta d'água em alguns banheiros, elevador parado e algumas cadeiras soltas foram principais falhas. Bares, acesso, limpeza e telões funcionaram
O Maracanã é nosso outra vez. Depois de 31 meses de reforma, o palco
mais importante do futebol brasileiro reabriu suas portas na tarde deste
sábado com um jogo entre amigos dos ídolos Ronaldo e Bebeto. Fora de
campo, a emoção tomou conta de quem teve o privilégio de fazer parte da
festa, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, do
governador Sérgio Cabral e do ex-presidente Lula, entre outras
personalidades. O evento-teste serviu também para revelar alguns
problemas que precisam ser resolvidos até o começo da Copa das
Confederações, em junho. Antes da partida, por exemplo, cambistas foram
presos vendendo os ingressos doados pelo governo estadual aos operários.
Além disso, o trânsito ficou bastante complicado nos arredores do
estádio.
Por volta das 10h da manhã, as ruas já apresentavam sinais de
congestionamento, mesmo ainda livres para os carros. A torcida foi
chegando aos poucos e era abordada por cambistas e operários vendendo
ingressos no valor de até R$ 100. A polícia conseguiu prender alguns deles.
Banheiros estavam limpos, mas em alguns faltou água. Bares não tiveram filas. Em alguns setores, cadeiras estavam soltas, com peças espalhadas pelo chão (Foto: Globoesporte.com)
Com um público reduzido (cerca de 27 mil presentes), a entrada ao
estádio foi tranquila e o deslocamento no interior dele acabou
facilitado com a colaboração de voluntários. Longas filas tiveram fim
poucos minutos após a abertura dos portões, por volta das 16h30m. O jogo
estava marcado para 19h.
Sem lugares marcados
Uma das maiores preocupações, por conta da conduta não ser um prática
no Brasil, não foi testada no Maracanã. Assim que o torcedor ingressava
nas arquibancadas e pedia ajuda para encontrar seu assento, era
informado de que não era necessário seguir o que dizia o ingresso. A
única exceção foi uma pequena parte próxima da tribuna de honra, ocupada
apenas por militares devido à presença da presidente Dilma. A partir do
segundo tempo, porém, nem mesmo este local tinha fiscalização.
Também houve problemas estruturais. Um dos quatro elevadores testados
acabou apresentando falha e fez com que alguns jornalistas tivessem que
usar as escadas. Falhas nas bombas de água também deixaram certos
banheiros sem abastecimento. Muitos desses banheiros estavam fechados.
Porém, os disponíveis em momento algum apresentaram filas ou até mesmo
mau cheiro. Sempre com um funcionário de limpeza a postos, os locais
tinham bom cheiro ainda ao término da partida.
Os bares foram um ponto positivo. Apesar de ter que se levar em conta
que não havia necessidade da compra de fichas, o que reduz bastante o
número de filas, o atendimento era rápido tanto para bebidas quanto para
comidas.
Cadeiras e parafusos soltos
Nas arquibancadas, foi possível observar algumas cadeiras soltas na
fileira I, que fica bem próxima ao gramado. Além disso, parafusos
estavam no chão. Porém, essas cadeiras não apresentavam sinais de
vandalismo. O mais provável é que não estivessem colocadas corretamente.
Outro ponto que chamou atenção foi a confusão feita por alguns motoristas das vans
que levavam os jornalistas do Sambódromo até o estádio. Um deles, por
exemplo, errou o caminho e demorou mais de 40 minutos para realizar o
trajeto, que leva menos de dez. Alguns guardas municipais também não
sabiam dar a informação certa de onde seria o acesso das vans ao
estádio.
Protestos fora e dentro do Maracanã
Dois protestos se destacaram na reinauguração do Maracanã. Fora do
estádio, três manifestantes levantaram as blusas e mostraram os seios.
Elas exibiam frases e criticavam a Copa do Mundo. No intervalo do jogo,
um grupo, denominado "Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas" também
realizou protestos, mas dessa vez nas arquibancadas e contra a
privatização. O mesmo grupo já havia feito protestos durante a
desocupação do Museu do Índio, em março. O prédio será demolido para a
construção do Museu Olímpico em projeto que visa as Olimpíadas no Rio de
Janeiro em 2016.
Protesto de torcedores no evento-teste de reabertura do Maracanã (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Show de luzes e de imagens
Na parte de infra, um dos destaques foi a iluminação do estádio, além
da qualidade dos quatro telões. O campo de jogo foi iluminado por 396
refletores, que ganhavam ainda mais força com as 23.500 luminárias. Nos
telões, as imagens surpreendiam pela perfeição. Ainda mais com um
sistema de som de alto nível, com 78 alto-falantes na arquibancada e
campo e outros 3.860 nas áreas internas.
A saída das pessoas aconteceu sem maiores problemas. Com o sorteio de
prêmios para os operários após o jogo, nem todos foram embora ao mesmo
tempo, o que diminuiu o fluxo e evitou aglomerações. Ao descer uma das
rampas das arquibancadas, os torcedores eram aplaudidos por diversos
voluntários.
Palco das finais da Copa das Confederações desse ano e da Copa do Mundo
de 2014, o Maracanã será oficialmente reinaugurado no dia 2 de junho,
com o jogo amistoso entre Brasil e Inglaterra. Antes disso, o estádio
receberá outro evento-teste.
Show de luzes para o evento-teste de reabertura do Maracanã (Foto: Janir Junior/ Globoesporte.com)