De 'português' a consagrado, Autuori reencontra o Botafogo como rival
Presidente alvinegro na conquista do Brasileiro de 1995, Montenegro celebra volta do amigo ao país e provoca: 'Vai dar classe ao vice do Vasco'
Agora no Vasco, Autuori reencontra o Botafogo
(Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
(Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
Paulo Autuori chegou ao Vasco tendo como trunfos seu histórico vencedor
e muitos títulos no currículo. Mas quando desembarcou no Botafogo, em
1995, era um desconhecido que trazia muitas dúvidas quanto ao trabalho
que poderia desenvolver no comando de um grupo recheado de jogadores
experientes. Nesta quarta-feira, o técnico cruz-maltino reencontrará o
clube que o projetou na carreira – e pelo qual conquistou o Brasileirão
–, lembrando novamente sua chegada a General Severiano, quando ainda não
carregava muitas faixas, mas muitos estereótipos.
O técnico desembarcou no Botafogo como um desconhecido, indicado pelo
então vice de futebol do clube, o português Antônio Rodrigues, e o
empresário Léo Rabello. Sem fama no Brasil, Autuori tinha como
referência um trabalho de quase dez anos em clubes de Portugal. No país,
havia levado o Nacional da Ilha da Madeira pela primeira vez à divisão
de elite e o Marítimo pela primeira vez a uma competição europeia (Copa
da Uefa). Mas isso não era suficiente para impressionar os brasileiros
em 1995.
- O Paulo era uma opção barata para o Botafogo naquele momento. Eu
nunca tinha ouvido falar dele, mas concordei. No início ele era motivo
de deboche dos torcedores. Muitos me perguntavam por que eu tinha
contratado um técnico português. Mas o máximo que poderia acontecer era
dar errado - lembrou Carlos Augusto Montenegro, presidente alvinegro na
época.
Mesmo após quase 20 anos, Paulo Autuori não esquece o que viveu no
início de seu trabalho no Botafogo. Mas encara as dificuldades e
desconfianças como uma importante referência e elementos importantes na
construção do título brasileiro de 95.
- Quando comecei no Botafogo eu era motivo de chacota. Muitos
perguntaram: "Quem é esse cara?" Era tudo o que eu queria. Eu gosto
assim. Dessa forma ganho o direito de responder, mas não com atitudes, e
sim com palavras. Não quero ficar corcunda por ter muitas faixas
penduradas. Mais importante é ver e ler que estou falando a mesma coisa
de tempos atrás. Então estou legal - afirmou o técnico.
Mas se para o público Paulo Autuori precisou provar seu valor,
internamente não demorou quase nada a mostrar credibilidade. Montenegro
lembra que o treinador teve papel determinante na conquista do título
nacional, administrando um elenco que, apesar de vitorioso, contava com
alguns problemas internos.
- Ele conquistou todos logo de cara. Antes de ser um grande treinador, é
um grande ser humano. Ele cativou todos no Botafogo pela simplicidade e
pelo caráter. O Paulo me deu a maior alegria da minha vida - ressaltou o
ex-presidente alvinegro.
Mas apesar de garantir ter o prazer de estar novamente próximo a
Autuori, Montenegro lembra que o amigo agora é um adversário e não deixa
de provocar:
- Estou contente pelo Paulo ter voltado ao Brasil. Se nos encontrarmos
na decisão, ele vai dar uma classe ao vice do Vasco - brincou.