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Assumpção revela que prejuízo no Engenhão pode bater R$ 30 milhões

Presidente explica que o clube estava muito perto de fechar os naming rights do estádio e resume transtorno financeiro causado pela interdição

 

Por Fabio Leme Rio de Janeiro

Estádio Engenhão problemas na estrutura (Foto: Agência Reuters) 
Fechamento do Engenhão já causa problemas
financeiros ao Botafogo (Foto: Agência Reuters)


Dois dias depois da interdição do Engenhão, pela descoberta de problemas estruturais em sua cobertura, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, concedeu uma entrevista coletiva na sede de General Severiano para ampliar a questão e passar a posição oficial do clube em meio ao drama.

Sem querer utilizar a palavra lamentação, o dirigente falou sobre o que o Alvinegro deixará de arrecadar, em período ainda indeterminado, e revelou que estava muito perto de fechar com uma empresa que colocaria seu nome no estádio, o chamado naming rights (direitos de nome, que significa uma parceria para explorar a marca e as propriedades da arena).

- É possível imaginar, mas medir matematicamente, ainda não. Os nossos departamentos já estão debruçados nisso. A gente nunca esteve tão perto de fechar o naming rights do estádio, já estávamos discutindo valores, em um encaminhamento quase para fechar um anúncio oficial.

O valor do acordo iria variar entre R$ 30 milhões e 40 milhões por ano aos cofres do clube.

- Seria um valor menor do que 30 milhões, mas com ações comercias e outras propriedades seria ainda maior do que esse valor - avaliou.

Questionado se com a interdição do estádio, o Botafogo já teria perdido a chance de fechar acordo com as empresas, o mandatário alvinegro foi curto e grosso.

- Ainda não - completou.

Confira mais trechos da entrevista de Assumpção:

Situação interna do Engenhão

Duas questões importantes: primeiro, a postura que o Botafogo teve desde que assumiu o estádio, não foi na minha gestão, foi na gestão do Bebeto de Freitas, até o momento de hoje. Tudo que se refere a manutenção do estádio, pela concessão e obrigação do Botafogo, tem sido feito. A preocupação do Botafogo com esses laudos que têm sido entregues de forma correta para a prefeitura, alertando para determinados problemas são problemas estruturais e pontuais do estádio que o Botafogo vem resolvendo e que nem era da competência do Botafogo. Mas o clube se adiantava e resolvia esses problemas.

Eduardo Paes Mauricio Assumpção coletiva Engenhão (Foto: Edgard Maciel de Sá) 
 
Mauricio Assumpção observa atentamente o prefeito, há dois dias (Foto: Edgard Maciel de Sá)
 
 
No-breaks
Aqueles apagões que nós tivemos no estádio eram ocasionados por um defeito no sistema de no-break, que o estádio tinha. Na verdade, nós não tínhamos no-breaks, mas sim baterias de caminhões, e o Botafogo resolveu isso. E agora o problema é maior, pois nós vimos que os geradores não suportam a carga para segurar a luz do estádio. Mesmo o no-break estando bem, o gerador não segura a carga. Mas isso, o Botafogo tem resolvido, pois é um problema de manutenção.

Providências
O Botafogo tem uma junta de advogados, que está estudando está questão e que vai orientar o clube em quais providências tomar, de que forma tomar e quando tomar. Esses advogados estão debruçados nessa causa para nos orientar qual o caminho deve seguido para buscar ressarcimento desses prejuízos, que são gigantescos.

Devolução do estádio
O (Carlos Augusto) Montenegro me ligou hoje e a gente tem um diálogo bem tranquilo nessa questão. Mas nesse momento, a decisão não é para a devolução, nesse momento a gente está focado em função dos prejuízos causados pela paralisação das atividades no estádio e todos os prejuízos decorrentes da interdição. Nesse momento, isso não passa pela cabeça da diretoria essa situação.

Impacto em reforços
Quando você fala em um prejuízo de 30 milhões ao ano, é claro que isso vai impactar em qualquer situação do clube, não só no futebol, mas no clube como um todo. Mas tenho muitas pessoas competentes do meu lado. Não teria chegado até aqui após quatro anos de mandato. Para nós, esse momento, foi muito delicado porque, especialmente com essa empresa, nós estamos conversando há seis meses sobre o naming rights e na semana que estamos discutindo valores, acontece isso. Imagina o desânimo que isso não causa?

Deixar de lucrar x Perder dinheiro
Eu deixo de lucrar, mas tenho contratos em vigor, mas que são longos, do próprio estádio. Os patrocinadores da camisa têm placas no estádio. A partir do momento que o estádio não é utilizado, eles perdem exposição. Eles entenderam em um primeiro momento, mas será que vão entender isso sempre? Isso é negócio. Nós assinamos um contrato e temos que cumprir esses compromissos. Como é que eu faço agora? Como entrego o produto para eles? Tem a questão dos camarotes, alguns com três anos de contrato. A própria Ambev com contrato de quatro anos. E fora as outras coisas.

Shows no Engenhão
Um show do Paul McCartney me rende mais do que dez clássicos. Quanto tempo vai ficar fechado? Qual é o prejuízo em relação a isso? São receitas prospectadas. As reais receitas são os jogos, contratos de locação do estádio, que eu já recebi por eles, como filmagens, eventos corporativos. O Botafogo faz a manutenção do estádio, temos o pessoal de limpeza, predial, hidráulica. Tenho contrato com 3, 4 empresas. Se o estádio ficar seis meses sem atividades, quem vai pagar esse pessoal? O Botafogo? São situações delicadas.