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Engenheirão

por Mauro Beting - Lancenet
 

Sejamos positivos:

Pelo menos descobrimos antes que caísse que a cobertura do estádio João Havelange (que se perde também pelo nome) estava condenada – como não serão condenados os irresponsáveis que nada fizeram, ou quase tudo fizeram para ganhar muito.

Dizem os experts que os espertos calcularam mal a cobertura – e o orçamento. Houve um deslocamento da estrutura 50% acima do previsto. Mais ou menos como o orçamento que deslocou uns 90000000000% pra cima. Ao sabor da brisa que poderia derrubar a cobertura. Ao terror do vento que vai levantar poeira nos gabinetes desenganados e lama nas pranchetas engavetadas.

Conta que pulou dos irreais 60 milhões de reais aprovados para a construção do estádio para os absurdos (e imagináveis) 380 milhões da obra acabada. Mal acabada. Reprovada por usuários, matemáticos, engenheiros, arquitetos, físicos, cidadãos.

Mas aplaudida pelo poder público. Que usou com despudor o dinheiro público para esse despautério.
Não estranho obras no Engenhão seis anos depois da inauguração. Pela média do Maracanã desde 1950, demorou para o novo estádio receber as velhas obras que a incúria não soube evitar, administrar, delegar, o verbo que for. A verba que já foi.

A Arena Gambiarra que fizemos em 2007 (com um ano de atraso, com dinheiro público inesperado e indesejado, custando seis vezes mais que o acordado por gente que dormiu no ponto e e na tribuna dita de honra), agora está fechada por tempo indeterminado. O estádio João Havelange sai de cena até não sei quando. Não sabemos quanto.

Só sei que, infelizmente, não fará falta pelo público não presente no RJ-13. E em quase todos os estaduais que não têm cabimento em um calendário idem.

Mas, para o Brasileirão, até a re-re-re-re-re-reinauguração do Maracanã, o futebol terá o prejuízo que se imaginava desde a inauguração. Baseada no conceito peculiar e particular do brasileiro de esquecer que qualquer obra precisa de manutenção. Preservação. Cuidado.

Algo que a administração pública joga pra privada. Na pior acepção.

Que o último pague a luz, a apague, e puxe a descarga.

(Sempre lembrando: delta de rio é acidente geográfico; Delta, no Rio, é incidente político).