Em seminário, dirigentes pedem mudanças nos torneios estaduais
Dirigentes dos principais clubes do país participaram de encontro em São Paulo, nesta terça-feira, e discutiram mudanças no calendário brasileiro
Rodrigo Caetano participou de evento em São Paulo
(Foto: Edgard Maciel de Sá/Globoesporte.com)
(Foto: Edgard Maciel de Sá/Globoesporte.com)
Dirigentes de clubes e o zagueiro Paulo André defenderam alterações nos
campeonatos estaduais em seminário sobre o calendário do futebol
brasileiro realizado nesta terça-feira, em São Paulo. Nenhum deles se
manifestou a favor da extinção desse tipo de torneio, mas o presidente
do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, propôs um enfraquecimento deles,
enquanto o jogador do Corinthians sugeriu que os clubes que disputem
qualquer divisão do Campeonato Brasileiro não participem das
competições.
A tradição, o gosto das torcidas e a proteção aos clubes menores são os
principais fatores para os dirigentes defenderem a continuidade dos
estaduais. Porém, todos reconheceram que é preciso fazer mudanças. Os
públicos pequenos no Paulista e no Carioca foram apontados como indícios
de que as fórmulas deveriam ser alteradas.
O zagueiro Paulo André ressaltou a importância de se ter 30 dias de
pré-temporada para que os atletas iniciem o ano em condições ideias. Sua
proposta de calendário é simples: um mês do ano de férias e outro de
preparação. Nas 44 semanas que restam, jogos em todos os fins de semana,
e em metade dos meios de semana, o que totalizaria 66 datas.
– Se passar disso fica inviável. Nessas datas, encaixaríamos os
campeonatos mais rentáveis, atraentes e interessantes para o público e
os patrocinadores. Em 2010 eu fui ao Sindicato dos Atletas e levei uma
carta assinada por todos os jogadores do Corinthians pedindo quatro
semanas de preparação. Fizemos essa carta rodar pelos clubes, mas não
foi para frente. É necessário reduzir o número de jogos e tem de ser nos
estaduais.
O corintiano citou ainda como exemplo o lateral-direito Alessandro, que
neste ano decidiu que não atuaria em mais de três partidas consecutivas
para se preservar até as fases finais dos campeonatos, e disse que
Renato Augusto sofreu uma lesão muscular em seu sexto jogo seguido.
Tenho dificuldade em levar público ao estádio e atrair jogadores de
nome para disputar o estadual. Os regionais têm maior potencial
financeiro"
Marcelo Guimarães, presidentedo Bahia
Diretor de futebol do Fluminense, Rodrigo Caetano também frisou a
importância de se ter um período maior antes do início da temporada.
Para ele, a excelente fase do Atlético-MG na Libertadores também se deve
à decisão da Federação Mineira de Futebol de adiar em duas semanas o
estadual, em relação aos demais do país.
– Temos de levantar a bandeira da necessidade da redução de datas,
sobretudo dos estaduais. Temos de levar isso adiante. Para o ano que vem
acho que já não é possível alterar, mas podemos nos antecipar em
relação ao que podemos mudar para 2015 – disse Caetano.
Os torneios regionais também entraram na pauta, principalmente durante a
explanação do presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho. Com seu
time eliminado precocemente da Copa do Nordeste, foram 40 dias sem
futebol, até o retorno ao torneio estadual. O dirigente detonou o
Campeonato Baiano, afirmou que o Tricolor sempre pagou para disputá-lo, e
pediu o fortalecimento da competição que abrange os clubes dos estados
da região.
– Tenho dificuldade em levar público ao estádio e atrair jogadores de
nome para disputar o estadual. Os regionais têm maior potencial
financeiro para televisões, patrocinadores, paga melhor, gera mais
investimento e retorno. É preciso lutar pelo fortalecimento dos
regionais e o enfraquecimento dos estaduais, mas talvez não acabar com
eles - ponderou Guimarães, que também criticou a passividade dos clubes
diante da questão.
– Infelizmente não vejo nenhuma movimentação para isso. Foi ruim a
extinção do Clube dos 13, sem entrar no mérito se ele atendia aos clubes
ou não, mas era um fórum que tínhamos para debater. Sei que os
presidentes dos clubes concordam quando conversamos informalmente, mas
não vejo organização. Sou a favor de haver uma liga ou uma associação de
clubes.