'Estádio não apresenta risco', disse prefeito, em 2010, sobre o Engenhão
Há três anos, problemas constatados foram considerados 'administráveis'. Desta vez, Eduardo Paes optou por interditar estádio por oferecer risco
Em 27 de março de 2010, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes,
afirmou com todas as letras que o Estádio Olímpico João Havelange não
apresentava problemas estruturais. Em pouco tempo, a situação se
inverteu totalmente. A declaração completaria três anos nesta
quarta-feira e, na terça-feira, ele anunciou a interdição do Engenhão, como é popularmente conhecido o estádio, por oferecer risco devido a problemas na cobertura. A decisão é por tempo indeterminado (assista ao vídeo).
A afirmação de três anos atrás foi em resposta a relatórios que apontavam problemas no local, como falhas de projeto e infiltrações.
Na época, ele afirmou que a situação era "perfeitamente administrável" e
o estádio continuou a receber jogos e grandes públicos, até mesmo em
shows, como aconteceu em maio de 2011, quando o ex-Beatle Paul McCartney
lotou o estádio em dois shows, em sua volta ao Rio de Janeiro depois de
21 anos.
- Nenhum dos problemas que apresenta o estádio é de ordem estrutural,
ou seja, o estádio não apresenta nenhum risco na sua utilização - disse
Eduardo Paes, em 2010, quando o estádio ainda não havia completado três
anos (reveja no vídeo acima).
Prefeito Eduardo Paes interditou estádio por problemas na cobertura (detalhe) (Foto: Edgard Maciel)
Inaugurado em 30 de junho de 2007, o Engenhão custou R$ 380 milhões.
Maior obra para os Jogos Pan-Americanos do mesmo ano, ele começou a ser
construído em 2003, pelo governo Cesar Maia. Pertencente à Prefeitura,
foi arrendado pelo Botafogo também em 2007, mas passou a servir de casa
para Flamengo e Fluminense, em muitas ocasiões, depois de iniciadas as
obras do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.
Com a decisão desta terça-feira, muitos jogos já foram transferidos
para São Januário, estádio do Vasco, que deve receber partidas de outros
clubes não apenas do Campeonato Carioca, mas da Copa do Brasil e da
Taça Libertadores (confira no vídeo ao lado). O
prefeito do Rio de Janeiro explicou que a medida foi tomada para
preservar a integridade dos frequentadores do estádio e informou que não
está definido um prazo para que ele volte a funcionar.
- Se me apresentarem uma solução e essa solução durar um mês para ser
feita, vai ficar um mês (fechado). Se demorar um ano, vai ficar um ano
fechado. Ou seja, só desinterdito o estádio no momento em que a gente
tiver a solução definitiva e que as medidas sejam tomadas - afirmou.
Ao explicar as razões da interdição, Eduardo Paes confirmou a existência de problemas estruturais.
- Não é admissível que um estádio com tão pouco tempo de vida já
apresente um problema estrutural dessa monta (tamanho) e que tenha que
enfrentar esta situação - disse, nesta terça.