Engenhão não tem previsão para reabertura: 'Pode ser um mês, seis'
Armando Queiroga, presidente da RioUrbe, explica que o
deslocamento nos arcos da cobertura foi maior do que o previsto
Uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira deixou ainda mais
clara a situação preocupante em que se encontra o Engenhão. O engenheiro
Marcos Vidigal, representante do Consórcio Engenhão, e Armando
Queiroga, presidente da RioUrbe, explicaram que o estádio foi
interditado por causa de problemas nos arcos leste e oeste da cobertura.
Mas os esclarecimentos não foram completos. Eles não deram qualquer
previsão de reabertura do Engenhão, tampouco informaram de quem é a
responsabilidade ou quem arcará com os custos da reforma. A explicação
para o fechamento do estádio é um deslocamento maior do que o previsto
da estrutura da cobertura do estádio inaugurado em 2007, justificado por
ambos com o "ineditismo" do projeto. O prefeito Eduardo Paes, que era
aguardado na coletiva, não compareceu.
Em meio ao segundo turno do Campeonato Carioca, com jogos marcados para
o estádio em todas as rodadas, ainda não há qualquer previsão de
reabertura do Engenhão.
- Hoje não tem como dar prazos. Vamos focar no estudo. Estamos
preocupados com a segurança, e isso pedia a interdição imediata. Pode
ser um mês, seis meses, o tempo necessário. Não temos como saber. Podem
ser 30, 45, 60 dias de estudos, espero que seja menos. Espero que em 30
dias tenhamos uma solução e possamos dizer: temos previsão de obra em
tanto tempo. Pode ser até que haja uma solução emergencial. - explicou
Armando Queiroga, presidente da RioUrbe.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarou ao “Bom Dia, Brasil”
que não há risco de demolição. O estádio, construído para os Jogos
Pan-Americanos, apresentou problemas na cobertura com risco para os
espectadores e, por isso, foi imediatamente fechado. De acordo com
Marcos Vidigal, o projeto inicial errou em 50% o cálculo de deslocamento
da estrutura (feito pela empresa Alpha), causando o problema que,
segundo ele, vem sendo vigiado desde a inauguração. Ele explicou que o
primeiro relatório apontando riscos partiu dos autores do projeto,
indicando uma restrição de uso do estádio com ventos superiores a
115km/h.
- O deslocamento foi superior ao previsto. Sempre foi motivo de
investigação nossa. Ainda em 2007, começamos uma intensa pesquisa para
saber que fenômeno era esse, sua consequência e suas causas. Em 2009,
saiu o primeiro relatório da projetista com restrição. Não poderia ser
usado com ventos acima de 115km/h. Entre 2009 e 2010, continuamos a
pesquisa e conseguimos desenvolver um dispositivo que permitiu a medição
das cargas nos pendurais. Feitas as leituras dos 100 pendurais, foram
feitas 10 leituras para cada um e três foram aproveitadas. Optou-se pela
contratação de uma terceira empresa especializada em cobertura de
estádios - afirmou Vidigal, acrescentando que hoje um vento de 63km/h
pode colocar a estrutura em risco.
Marcos Vidigal (E) e Armando Queiroga falam
sobre o Engenhão (Foto: Vicente Seda)
sobre o Engenhão (Foto: Vicente Seda)
A empresa escolhida foi a alemã Schlaich Bergerman und Partner (SBP),
em 2011. Foram colocadas à disposição as leituras de carga nos pendurais
e foi feita uma nova maquete para ensaio no túnel de vento, com base na
estrutura construída, não no projeto.
- O relatório final da SBP aponta que a estrutura do Engenhão deverá
passar por intervenções preventivas para restaurar os níveis de
segurança recomendados. Nesse instante, o consórcio comunicou ao
prefeito, recomendando a interdição do estádio. Então estamos nessa
fase. O prefeito acertadamente tomou a providência de interditar para
que a gente possa dar os próximos passos junto à prefeitura - disse
Vidigal.
Queiroga, por sua vez, foi bastante evasivo ao ser questionado a
respeito da previsão para uma solução. Na saída da coletiva, ele se
recusou a responder sobre as garantias do consórcio que expiraram no ano
passado. Sobre os custos da reforma, Queiroga respondeu.
- Quem vai pagar pela obra é um segundo momento. Naturalmente, se a
prefeitura tiver de pagar e imputar o responsável, será feito. A
responsabilidade aparecerá naturalmente, já que vamos nos debruçar em
busca de uma solução.
Vidigal insistiu que não há evidências de que problemas na montagem
sejam a causa do deslocamento excessivo, bem como descartou qualquer
relação com questões de oxidação.
- No instante da retirada das escoras, o projeto previa um deslocamento
diferente, mas não há evidência de que tenha sido um problema de
montagem. O que tem é um modelo matemático, e não pode perder o foco do
ineditismo, o modelo também era inédito. A empresa Alpha fez o cálculo, o
dimensionamento da estrutura, e ela que indicava o deslocamento. O
deslocamento ocorreu nos arcos leste e oeste. Norte e sul ficaram dentro
da tolerância estimada. Foi cerca de 50% acima do previsto - concluiu.