VÍDEO Sem papas na língua, Jefferson fala sobre Loco, Seedorf e Cavalieri
LANCENET
Apelidado como Homem de Gelo em 2010 pela frieza durante os jogos no
Botafogo, Jefferson deixou de lado o rótulo e recebeu a reportagem do LANCENET!
na última quinta-feira para falar com o coração. Emocionado, o goleiro
do Glorioso e da Seleção Brasileira revelou as dificuldades enfrentadas
até vestir a amarelinha, comentou sobre a expectativa para a Copa do
Mundo e destacou passagens dos bastidores que mexeram com os sentimentos
dele.
Sem fugir de polêmicas, Jefferson disse que havia perdido a
alegria de jogar na Turquia, onde ficou até 2009, e assinou com o
Botafogo para ganhar um salário de jogador dos juniores. Aposta certeira
de quem hoje é capitão de equipes que têm Seedorf e Neymar.
Como foi a decisão de sair da Turquia?
Voltei ao clube pela identificação que tive na passagem entre 2003 e 2005. Na Turquia, fiquei quatro anos (defendendo Trabzonspor e Konyaspor) e vivi momentos muito difíceis. Minha volta para o Brasil foi para eu resgatar a alegria de voltar a jogar futebol. Não pensei em dinheiro, tanto que vim para o Botafogo ganhando praticamente salário de jogador de júnior, isso com 26 anos. Abri mão de muitas coisas para voltar a jogar.
Por que demorou tanto tempo se estava infeliz lá?
Fui para lá com 22 anos e tive dificuldade com os treinadores, porque a cultura é bem diferente. Com cinco meses, eu queria voltar, mas iria me queimar. As pessoas achariam que eu não tinha personalidade e me questionariam. Aguentei, mesmo sozinho no país e sem saber contar até dez em inglês. Hoje, orientado pela MFD, tenho acompanhamento onde quer que eu vá e posso ficar focado somente no futebol.
O sucesso pelo Botafogo foi rápido e em julho de 2010 você foi convocado para a Seleção. Como foi a transformação?
Cheguei e todo mundo estava meio desconfiado, porque eu não estava jogando. A realidade é que ninguém acreditava em mim. Só que eu sabia o meu potencial e em 2010 fui reconhecido, ganhando o prêmio de Craque do Estadual. Tive minha valorização vestindo a camisa do Botafogo. A Seleção foi fruto desse trabalho sempre sério.
No último Superclássico das Américas, contra a Argentina, você foi capitão. Como é ter tal papel em um time que conta com Neymar?
É um peso, mas uma responsabilidade muito boa e gostosa. O que eu fiquei mais feliz mesmo é que em nenhum momento foi questionado o fato de eu ser capitão. Muita gente fala que há vaidade na Seleção, mas pelo contrário. Fui muito apoiado.
Neymar é o melhor jogador com quem você já jogou ao lado?
Sem querer desmerecer todos os jogadores com que já joguei, mas Neymar é o cara. Ele é realmente fora de série, desequilibra e faz a diferença. Não tenho palavras. Ele é bom? É ótimo? Sei lá... É mesmo diferenciado. Nasceu para brilhar.
Como foi a decisão de sair da Turquia?
Voltei ao clube pela identificação que tive na passagem entre 2003 e 2005. Na Turquia, fiquei quatro anos (defendendo Trabzonspor e Konyaspor) e vivi momentos muito difíceis. Minha volta para o Brasil foi para eu resgatar a alegria de voltar a jogar futebol. Não pensei em dinheiro, tanto que vim para o Botafogo ganhando praticamente salário de jogador de júnior, isso com 26 anos. Abri mão de muitas coisas para voltar a jogar.
Por que demorou tanto tempo se estava infeliz lá?
Fui para lá com 22 anos e tive dificuldade com os treinadores, porque a cultura é bem diferente. Com cinco meses, eu queria voltar, mas iria me queimar. As pessoas achariam que eu não tinha personalidade e me questionariam. Aguentei, mesmo sozinho no país e sem saber contar até dez em inglês. Hoje, orientado pela MFD, tenho acompanhamento onde quer que eu vá e posso ficar focado somente no futebol.
O sucesso pelo Botafogo foi rápido e em julho de 2010 você foi convocado para a Seleção. Como foi a transformação?
Cheguei e todo mundo estava meio desconfiado, porque eu não estava jogando. A realidade é que ninguém acreditava em mim. Só que eu sabia o meu potencial e em 2010 fui reconhecido, ganhando o prêmio de Craque do Estadual. Tive minha valorização vestindo a camisa do Botafogo. A Seleção foi fruto desse trabalho sempre sério.
No último Superclássico das Américas, contra a Argentina, você foi capitão. Como é ter tal papel em um time que conta com Neymar?
É um peso, mas uma responsabilidade muito boa e gostosa. O que eu fiquei mais feliz mesmo é que em nenhum momento foi questionado o fato de eu ser capitão. Muita gente fala que há vaidade na Seleção, mas pelo contrário. Fui muito apoiado.
Neymar é o melhor jogador com quem você já jogou ao lado?
Sem querer desmerecer todos os jogadores com que já joguei, mas Neymar é o cara. Ele é realmente fora de série, desequilibra e faz a diferença. Não tenho palavras. Ele é bom? É ótimo? Sei lá... É mesmo diferenciado. Nasceu para brilhar.
Como capitão da Seleção (Foto: Mowa Press) |
Quando
houve o apagão no último Brasil x Argentina, você foi o interlocutor
dos times com o juiz. O que você falou para a bola não ter rolado,
apesar da pressão?
Só passei para o juiz o que todo mundo queria. Não tinha condição de jogo. Os argentinos falaram que não dava para o juiz tentar ser herói. Eles brincaram comigo também: “A gente não acha o Neymar e o Lucas nem no claro, vamos achar no escuro? Não inventa não! (risos). Então, fui firme durante todo o diálogo com a arbitragem da partida.
Com esse papel de destaque na Seleção, você sente que a Copa do Mundo está próxima de você?
Não estou ansioso, mas realista e maduro para estar nesta Copa e, se Deus quiser, ser campeão no Brasil. Já sinto que a Copa está bem perto de mim. Estou plantando coisas boas na Seleção e no Botafogo. Cheguei na Seleção como o quatro goleiro e não tinha perspectiva de voltar à Seleção. Hoje, mais preparado, fiz muitos jogos e só preciso de uma sequência para ser titular de vez.
Só passei para o juiz o que todo mundo queria. Não tinha condição de jogo. Os argentinos falaram que não dava para o juiz tentar ser herói. Eles brincaram comigo também: “A gente não acha o Neymar e o Lucas nem no claro, vamos achar no escuro? Não inventa não! (risos). Então, fui firme durante todo o diálogo com a arbitragem da partida.
Com esse papel de destaque na Seleção, você sente que a Copa do Mundo está próxima de você?
Não estou ansioso, mas realista e maduro para estar nesta Copa e, se Deus quiser, ser campeão no Brasil. Já sinto que a Copa está bem perto de mim. Estou plantando coisas boas na Seleção e no Botafogo. Cheguei na Seleção como o quatro goleiro e não tinha perspectiva de voltar à Seleção. Hoje, mais preparado, fiz muitos jogos e só preciso de uma sequência para ser titular de vez.
Como você vê esses pedidos pelo Diego Cavalieri na Seleção?
Admiro muito o Cavalieri. O Palmeiras fez uma burrada ao vendê-lo, pois o Marcos estava se aposentando. Tenho certeza que a hora do Cavalieri na Seleção vai chegar. Agora, as pessoas falam comigo nas ruas para eu ter cuidado com o Cavalieri, mas não acho que é assim. Ele não está na minha cola. Já tenho três anos na Seleção. As pessoas têm de dividir as coisas e entender que o meu trabalho está sendo feito e precisa ser valorizado. Estou sempre disputando entre os melhores goleiros. Infelizmente, às vezes para se levantar um, tem que se pisar no outro como se fosse um copo descartável. Não é bem assim...
No Botafogo, você é o capitão, mesmo quando o Seedorf joga. Como isso foi estabelecido no clube?
Hoje está decidido, o capitão sou eu. Quando eu cheguei ao Botafogo tinha a coisa do Loco de ser capitão. Em 2011, todo mundo se reuniu para definir a braçadeira e eu fui escolhido, mas senti que o Loco Abreu queria o posto. Não sei se era vaidade, se ele se sentia bem... Uma vez, na época do Joel (Santana), ele tirou a faixa do Loco e deu ao Herrera. E o Loco não gostou. Aí eu pensei: “Tem alguma coisa aí”. Assim, o posto ficou com o Loco até a saída dele. Agora, a diretoria resolveu que sou o capitão. Quando estou fora, é o Seedorf. Está tudo resolvido.
Seedorf recebeu bem isso?
Ele não faz questão de ser capitão, é diferente. Ele não está no Botafogo por vaidade, quer que todo mundo participe da história do clube, não quer chamar atenção.
Como é o temperamento de Seedorf no dia a dia?
Todo mundo fala do temperamento dele, da explosão dele. Eu já sabia que isso iria acontecer. Na Seleção, o Thiago (Silva) falou comigo que ele era muito gente boa e brincou dizendo que o negão cobra. Aí eu falei, legal né? Mas eu não sabia que era tanto (risos). O negão é firme mesmo, não sei se é pela infância dele, que foi sofrida, se é algo de família. Mas temos de respeitar isso. Sei que é para o bem de todos.
Admiro muito o Cavalieri. O Palmeiras fez uma burrada ao vendê-lo, pois o Marcos estava se aposentando. Tenho certeza que a hora do Cavalieri na Seleção vai chegar. Agora, as pessoas falam comigo nas ruas para eu ter cuidado com o Cavalieri, mas não acho que é assim. Ele não está na minha cola. Já tenho três anos na Seleção. As pessoas têm de dividir as coisas e entender que o meu trabalho está sendo feito e precisa ser valorizado. Estou sempre disputando entre os melhores goleiros. Infelizmente, às vezes para se levantar um, tem que se pisar no outro como se fosse um copo descartável. Não é bem assim...
No Botafogo, você é o capitão, mesmo quando o Seedorf joga. Como isso foi estabelecido no clube?
Hoje está decidido, o capitão sou eu. Quando eu cheguei ao Botafogo tinha a coisa do Loco de ser capitão. Em 2011, todo mundo se reuniu para definir a braçadeira e eu fui escolhido, mas senti que o Loco Abreu queria o posto. Não sei se era vaidade, se ele se sentia bem... Uma vez, na época do Joel (Santana), ele tirou a faixa do Loco e deu ao Herrera. E o Loco não gostou. Aí eu pensei: “Tem alguma coisa aí”. Assim, o posto ficou com o Loco até a saída dele. Agora, a diretoria resolveu que sou o capitão. Quando estou fora, é o Seedorf. Está tudo resolvido.
Seedorf recebeu bem isso?
Ele não faz questão de ser capitão, é diferente. Ele não está no Botafogo por vaidade, quer que todo mundo participe da história do clube, não quer chamar atenção.
Como é o temperamento de Seedorf no dia a dia?
Todo mundo fala do temperamento dele, da explosão dele. Eu já sabia que isso iria acontecer. Na Seleção, o Thiago (Silva) falou comigo que ele era muito gente boa e brincou dizendo que o negão cobra. Aí eu falei, legal né? Mas eu não sabia que era tanto (risos). O negão é firme mesmo, não sei se é pela infância dele, que foi sofrida, se é algo de família. Mas temos de respeitar isso. Sei que é para o bem de todos.
Jefferson defende pênalti do Imperador, na final da Taça Rio de 2010 (Foto: Gilvan de Souza) |
O que o Seedorf trouxe da cultura dele para o grupo alvinegro?
Ele chegou aqui e queria mudar muitas coisas, como a questão de música no vestiário. No Brasil, no vestiário, é pagode, samba... Ele chegou e se assustou. Para ele, vestiário é concentração. Aí, eu falei com ele que vamos mudar, mas devagar (risos). Hoje, ele está mais ponderado. Mas se você pegar o que ele fala, tem nexo. A ordem, a questão de rouparia, o horário, a tática... Seedorf está passando para o grupo a importância de seguir o nutricionista e ele gosta muita do trabalho da Maíra (psicóloga). Tem jogador que não gosta de tomar suplemento, mas o Seedorf fala para o cara que é importante, leva o copo para ele beber e explica as vantagens da ação.
Outro personagem de destaque no clube é Jobson. O que acha dos treinos dele separadamente?
É desperdício de talento. A gente fez o que pôde fazer. Enquanto ele não mostrar que tem interesse em jogar... É até chato comentar isso, mas, do jeito que está, é bom para os dois lados (clube e jogador).
Como você vê tantos jogadores perdidos em ostentação e vícios?
Tudo é um planejamento de vida que você quer seguir. Meu papel aqui na terra é cuidar da minha família. Sei que as coisas do futebol vão passar. Eu escolhi minha família. Estou com minhas duas filhas, minha esposa... Além disso, ela está grávida há dois meses. E essa informação eu estou dando aqui em primeira mão (risos). É só alegria!
Você sonha voltar para a Europa, em um grande do continente?
Hoje não. Pretendo continuar no Botafogo. Sou grato pela minha valorização e pelo resgate da minha alegria. Se eu for sair hoje do Botafogo, tem que ser melhor para o clube do que somente para o Jefferson. Depois de 2014, aí posso pensar. Hoje, penso em ficar no Botafogo, em conquistar um título grande, o Brasileiro, a Copa Libertadores.
Líder do Botafogo (Foto: Paulo Sérgio) |
Eu me vejo jogando até os 34 ou 35 anos. Para um goleiro é novo, mas deixo de ficar com minha família para estar no futebol. Até os 34, 35 anos, sei que vou estar bem e depois não quero ficar me arrastando, jogando por nome. Quero curtir minha família sem pensar em bola.
Existe alguma obra, filme ou livro, que inspira a sua vida?
Sim, o filme “À Procura da Felicidade”, com Will Smith. Tudo o que faço, a felicidade que busco, é pela minha família. Penso muito nesse filme. É emocionante, uma lição.