Sem poças ou baldes: cobertura do Maracanã reaproveitará água da chuva
Lonas ainda serão tensionadas, o que acabará com buracos entre as membranas. Sistema com 60 calhas levará água para uso em banheiros
Esqueça os homens de cueca tirando água com baldes da cobertura do
Maracanã ou a presença de “cascatas” entre as membranas do novo teto.
Segundo o projeto final do estádio, a chuva não será problema para os
torcedores no palco das finais da Copa das Confederações deste ano e da
Copa do Mundo de 2014. Pelo contrário: a Empresa de Obras Públicas do
Estado do Rio de Janeiro (Emop) garante que boa parte da água será
reaproveitada na própria arena carioca, dentro dos banheiros.
A tempestade do último dia 6
gerou cenas que chocaram até a Fifa (veja no vídeo abaixo). A mais
preocupante foi a presença de homens em cima do novo teto do Maracanã
retirando a água com baldes e sem equipamento de segurança (os alemães,
contratados para orientar a instalação da cobertura, acabaram advertidos
pelo governo do Rio).
A Emop explica que a instalação da lona (feita de teflon e fibra de
vidro) já presente no estádio não está pronta. O material ainda vai ser
tensionado, o que resolverá dois problemas após a cobertura ser
esticada: a água descerá para o sistema de calhas; e os buracos entre as
membranas serão cobertos, evitando que os torcedores fiquem molhados.
A previsão dos responsáveis pela obra é que 50% das 120 membranas
estarão instaladas até sábado. Somente depois de todo o trabalho feito,
com 47 mil metros quadrados no lugar, é que a lona será totalmente
tensionada, dando o aspecto esperado pelo projeto final.
A nova cobertura do Maracanã terá 68,4 metros de comprimento, contra 30
metros da antiga. A promessa é que ela cubra 95% das 78.838 cadeiras. O
teto vai pesar 3,6 mil toneladas e ainda sustentará 396 refletores e 78
alto-falantes.
E o que fazer com toda a água que cair na cobertura em dias de chuva?
Pelo menos metade dela será reaproveitada no próprio Maracanã, segundo a
Emop. A água será captada e drenada por 60 calhas de concreto em um
sistema de sucção a vácuo. Depois, seguirá para dois reservatórios
subterrâneos com filtros para tratamento e posteriormente será
direcionada para uso não potável nos banheiros.
O processo faz parte da certificação Leed (Leardership in Energy and
Environmental Design), principal selo para edificações sustentáveis no
Brasil. A sustentabilidade aparece em outras preocupações da reforma do
Maracanã, como a instalação de 1.500 módulos fotovoltaicos na cobertura
para produção de energia solar.
Outros exemplos de metas sustentáveis do estádio são: redução do
consumo de água em 30%; reutilização da água de irrigação do campo de
jogo; redução do consumo de energia elétrica em 8%; utilização de
cimento e aço com conteúdo reciclado; e uso de 100% de madeira
certificada com o selo FSC (veja no vídeo ao lado todos os detalhes de
como ficará o estádio).
O primeiro-evento teste do Maracanã está marcado para 27 de abril,
apenas com os operários presentes. Até lá, a Emop garante ter toda a
cobertura pronta, incluindo a instalação de refletores, telões, sistemas
de drenagem, iluminação e som. Depois, também com portões fechados,
haverá o segundo teste em 8 de maio. A primeira partida com venda de
ingressos será o amistoso entre Brasil e Inglaterra, dia 2 de junho.
Na Copa das Confederações, o estádio receberá mais dois jogos além da
final de 30 de junho: México x Itália (16 de junho), pelo Grupo A, e
Espanha x Taiti (20 de junho), pelo Grupo B.
Maracanã na tarde de quinta: membranas ainda serão tensionadas (Foto: Genílson Araújo / O Globo)