Na solidão da comemoração, Lucas administra dia de herói: 'Risada à toa'
Lateral fica sozinho em casa depois de marcar o gol do título do Botafogo e corre nesta segunda-feira para reencontra mulher e filha em Florianópolis
Herói do título da Taça Guanabara, conquistado domingo pelo Botafogo, o
lateral-direito Lucas viveu a solidão de uma comemoração em sua casa
depois da vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, no Engenhão. A mulher Bruna e
a filha Beatriz, de seis meses, não estavam no Rio de Janeiro. Nesta
segunda-feira, ele embarca para o encontro com a família em
Florianópolis, onde curtirá os dois dias de folga que o grupo recebeu
depois da conquista.
Na comemoração do gol, marcado aos 35 minutos do segundo tempo, Lucas
chamou todo o grupo para festejar no banco de reservas. Depois, olhou
para a câmera e deu um beijo na tatuagem com o nome da filha, em seu
braço esquerdo. Uma homenagem para quem ainda administra o sentimento de
ter sido o herói da torcida.
- Ainda estou em êxtase, dando risada à toa e vai demorar um pouquinho
para passar. Dedico a Deus, pois sem ele não há nada, e para a minha
família e o grupo do Botafogo. Estou sozinho no Rio e demorei para
dormir assistindo ao gol e aos lances do jogo. Estou com viagem marcada
para encontrá-las em Florianópolis. A tecnologia ajuda e pude ver a
minha filha ontem (domingo) - disse Lucas.
Apesar de ser o gol de uma conquista e a consciência de que será
lembrado por um bom tempo, Lucas guarda com carinho a sua atuação no dia
27 de maio do ano passado. Na ocasião, ele marcou dois gols na vitória
por 3 a 2 sobre o Coritiba, no Couto Pereira, pelo Campeonato
Brasileiro, pouco tempo depois de ter sido vilão na decisão do
Campeonato Carioca contra o Fluminense e na eliminação do time na Copa
do Brasil para o Vitória.
- Esse gol (contra o Vasco) é sem dúvida o mais importante da minha
carreira. Mas os dois gols contra o Coritiba foram em um momento de
maior dificuldade. Vivia uma transição depois de ser duas vezes expulso e
precisava demonstrar alguma coisa - afirmou Lucas.
Essa lição está na cabeça do jogador. Desde aquele momento difícil,
Lucas se transformou em uma peça fundamental no sistema de jogo do
técnico Oswaldo de Oliveira e chegou a ser convocado para a seleção
brasileira nos jogos contra a Argentina pelo Superclássico das Américas.
- O futebol tem dessas coisas. Quem está em campo fica sujeito a
qualquer situação. Da mesma forma que fui expulso na decisão, tive a
oportunidade de fazer o gol do título. O que não pode é tomar porrada e
baixar a cabeça. Tem que sacudir a poeira e dar a volta por cima, que
coisas boas vão acontecer - ensinou Lucas.
Lucas beija tatuagem com o nome da filha
(Foto: Thales Soares)
(Foto: Thales Soares)
Os momentos marcantes de sua carreira estão expostos em quadros na sua
casa. A camisa da conquista da Taça Guanabara vai se juntar a elas como
um dos momentos mais importantes de sua carreira.
- Só guardo as de um momento especial. Tenho a da Seleção, a dos 100
jogos pelo Figueirense e a do jogo contra o Coritiba, que foi o primeiro
gol que dediquei para minha filha. Na época, minha mulher ainda estava
grávida - contou Lucas.