Maracanã será reinaugurado em abril, mas partida terá os portões fechados
Custo do Engenhão sobe 300%, mas dúvida sobre Maracanã faz Flu tentar acordo
Bernardo Gentile e Renan RodriguesDo UOL, no Rio de Janeiro
O Fluminense está próximo de assinar uma renovação de contrato com o
Botafogo para poder mandar jogos no Engenhão até o final de 2013. O time
das Laranjeiras não gostou das primeiras conversas com consórcios
interessados em administrar o Maracanã, vê diversas dúvidas nos custos
da remodelada arena e quer ter uma opção garantida para mandar seus
jogos e negociar com poder de barganha. A expectativa é de que as partes
fechem um acordo até o final deste mês.
Além de não saber se terá lucro assinando com o consórcio vencedor da
licitação do Maracanã, o Fluminense quer economizar nos gastos com o
Engenhão. O clube paga um aluguel 300% mais caro por jogos avulsos em
relação ao preço fixado em contrato na última temporada. De R$ 5 mil, a
taxa passou para R$ 20 mil neste ano, em jogos contra equipes pequenas e
até 15 mil pessoas.
Após
ameaça de greve dos trabalhadores por reajuste salarial, operários
trabalham na cobertura do estádio Maracanã. O atual estágio é de
instalação da cobertura. A previsão é que o estádio fique pronto no
próximo dia 15 de abril para a Copa das Confederações e o Mundial Ricardo Moraes/Reuters
O problema é que além do valor ter subido, sem contrato assinado, a
equipe das Laranjeiras não pode utilizar benefícios como camarote,
restaurantes, estacionamento e outras fontes de renda. São três faixas
de preço para o aluguel, dependendo do público. Nos clássicos, o valor
se manteve em R$ 40 mil. Isso sem contar outros custos como iluminação,
quadro móvel, ambulância e taxas das federações. A renovação provocaria
uma economia nas finanças do Tricolor.
“As negociações estão bastante avançadas nesse sentido. Segunda-feira
eu acredito que teremos o acerto final com o Fluminense. A renovação é
boa para os dois lados. Eles pagarão menos, e o Botafogo poderá se
planejar melhor financeiramente, apesar da maior quantidade de jogos no
estádio, o que não é bom. Só não vou dizer que já está certo porque
ainda não está assinado”, disse o diretor executivo do Botafogo, Sérgio
Landau, ao UOL Esporte.
Até 2012, o Fluminense contava com nove dos 78 camarotes nas partidas
em que era mandante no Engenhão, além de receber um percentual nas
vendas de alimentos. As primeiras conversas com empresas como IMX e OAS
apontaram para uso limitado dos camarotes e espaços de alimentação pelos
clubes, o que gerou insatisfação. A forma de arrecadação ficaria
praticamente limitada aos ingressos.
“Passa muito pela definição do consórcio vencedor da licitação. O
problema crônico dos clubes com a questão das arenas hoje é o custo.
Várias matérias mostram a dificuldade de se lucrar com a renda do jogo. E
não sabemos quanto teremos que pagar para jogar no Maracanã, qual será o
valor. Existe a expectativa de que posso ter um público maior lá
[Maracanã], mas não tem garantia. Ainda é complicado falar algo nesta
altura”, disse o diretor-executivo do Fluminense, Jackson Vasconcelos.
A ideia do Fluminense é assinar um contrato por jogos com o Botafogo,
sem data definida. Assim, caso chegue a um acordo para a utilização do
Maracanã, poderia dividir os jogos entre as duas arenas. Não existe
previsão de multa caso o clube não utilize o número mínimo de partidas
definidas no documento. Entre os clubes grandes, o Fluminense foi o que
menos faturou com bilheteria na Taça Rio: R$ 6.883.
O edital do Maracanã exige que a concessionária feche contrato com pelo
menos dois dos principais clubes cariocas, para garantir a utilização
do estádio pelas agremiações. A regra está prevista no contrato que a
vencedora da licitação assinará com o governo fluminense após o fim da
licitação. De acordo com o documento, caso a concessionária não firme um
acordo com os clubes em 90 dias após assinar o contrato com o governo,
ela poderá perder a concessão do Maracanã.
Esse mesmo contrato, entretanto, proíbe que a concessionária faça
qualquer caracterização do Maracanã para privilegiar algum clube. Dessa
forma, mesmo aqueles times que usarem o estádio, não poderão ter seus
emblemas ou cores expostos.