Carlos Leite abre o jogo sobre relação com clubes e nega poder na Seleção
Representante de 90 jogadores, empresário garante que não sugeria nomes a Mano Menezes: 'É muita fantasia que se faz e nunca se prova'
Carlos Leite é um dos empresários mais
poderosos do Brasil atualmente (Foto: Janir Júnior)
poderosos do Brasil atualmente (Foto: Janir Júnior)
 O acaso marcou o início da carreira de Carlos Leite como agente de 
jogadores. Em 2002, Léo Lima, então jogador do Vasco, recebeu uma 
ligação e passou o telefone para o amigo, apresentado ao interlocutor 
como “seu empresário”. Vascaíno, Leite gostou do cartão de visitas, 
decidiu vender as quatro lojas de pneus de sua propriedade e caiu na 
estrada do futebol. No meio do lucrativo caminho, polêmicas. 
 Depois de dez anos - tempo em que foi alvo de questionamentos e 
insinuações principalmente por ser representante de Mano Menezes -, ele 
decidiu dar fim ao que chama de “fantasias”. Durante 1h30m de entrevista
 ao GLOBOESPORTE.COM, falou abertamente sobre as ligações com Vasco, 
Corinthians, Grêmio, Bahia, Flamengo, agenciamento de jogadores e, 
principalmente, Mano Menezes e a seleção brasileira.
 Carlos Leite nega que tenha sido favorecido na relação convocação x venda de jogadores:
 - Jamais. As pessoas, devido a tudo que falam por aí, podem não 
acreditar, mas nunca troquei três palavras com ele (Mano) sobre os 
jogadores de futebol. Não era minha função. A partir do momento em que 
ele foi para a Seleção, não participei da conversa dele com o presidente
 da CBF na contratação, a única coisa de que participei foram os 
contratos publicitários, pois era o meu trabalho. Fora isso, não tenho 
que dar opinião. É muita fantasia que se faz e nunca se prova 
absolutamente nada.
 O empresário levanta a bandeira para regulamentar a profissão de agente
 de futebol, garante que não tem privilégios no Flamengo por ser amigo 
do diretor Paulo Pelaipe, critica Bebeto (ex-diretor das divisões de 
base da Seleção) e José Maria Marin. 
 O empresário, que agencia cerca de 90 jogadores, admite que colegas de 
profissão prejudicam a imagem da categoria. Ele diz saber de histórias 
de agentes que aliciam jovens valores com ofertas de laptop, jantares em
 bons restaurantes e meninas que levam para conhecer o mundo.
 Leite diz que aceitou conceder a entrevista porque sua filha mais 
velha, de 14 anos, tem acesso à internet e lê notícias sobre o pai, como
 a acusação de outro empresário de que ele teria “roubado” Douglas 
Baggio, atacante da base do Flamengo. Seguro diante dos questionamentos,
 ele alterna voz serena com firmeza, bate na mesa, risca um papel, 
arregala os olhos e revela que, em um dos telefones celulares, tem mais 
de mil contatos. 
 Da sua vida pessoal, Carlos Leite diz que não tem estilo musical de 
preferência, exalta seu lado família, revela que viajar para Angra dos 
Reis tem sido sua válvula de escape. Gosta de bons restaurantes e vinho.
 As peladas estão suspensas por ordem médica. O jogo do empresário, 
agora, é outro.
Carlos Leite representa aproximadamente 90 jogadores, além de um técnico (Fotos: Janir Júnior)
 GLOBOESPORTE.COM: Como você começou no futebol?
 CARLOS LEITE: Meu início foi com o Léo Lima. Eu tinha 
quatro lojas de uma rede francesa de pneus e ele começou a frequentá-las
 para mexer no carro. Eu, vascaíno, vivia em São Januário como torcedor 
na época. Um belo dia, o convidei para almoçar na minha casa, como 
torcedor e tocou o telefone dele. Era um agente querendo comprar a 
procuração dele. O Léo passou o telefone e disse: “Fala com meu 
empresário aqui do lado”.
 Assim do nada, de surpresa?
 De surpresa. Falei: “Cara, você está maluco?” Ele disse: "Já fui 
enganado no futebol e gostaria que você fosse meu empresário”. Isso 
aconteceu no fim de 2002 e despertou o interesse de entender como 
funcionava o meio. A partir dali, vendi as lojas e passei a me dedicar 
exclusivamente ao futebol.
 E já no início dava lucro?
 No início, não. Financeiramente, não tive retorno. Foi uma aposta. Mas 
no ano seguinte conheci o Jorge Mendes (empresário português) e fiz uma 
grande amizade com ele. Passei a ser representante dele no Brasil. As 
coisas começaram a acontecer. O Jorge é o cara que me deu oportunidade 
de conhecer melhor como funciona o futebol.
 Você e o Jorge ainda têm uma relação próxima?
 Temos. Depois de três anos, seguimos caminhos diferentes. Continuamos 
amigos e recentemente estive com ele. Nos encontramos e revivemos coisas
 do passado. Brinco que ele é meu professor.
 Por que no Brasil se criou algo tão negativo em relação ao empresário?
 Você chega na Europa, vai aos camarotes que agentes têm nos estádios e 
vê dirigentes, treinadores e jogadores. Uma cultura normal e natural, 
porque todo mundo faz parte desse contexto do futebol. Aqui no Brasil, 
aconteceu de muitos colegas no passado terem feito coisas que não foram 
corretas, como tirar jogador de um clube sem retorno. Até amparado pela 
lei, tirar depois de três meses de salários atrasados. Isso fez com que 
se criasse uma coisa ruim. E, em vez de os empresários tentarem 
combater, se calaram. Ninguém fala, ninguém defende, e o empresário 
virou o grande vilão da história. Em uma negociação, temos os clubes e o
 jogador. O que a gente faz? Une as pontas. Esse é o nosso trabalho. 
Infelizmente, criaram esses fantasmas. Há uma guerra entre os próprios 
empresários. Alguns agentes têm visão distorcida do que é representar um
 jogador. Dizem “meu jogador”. Não, não é seu jogador. É jogador do 
clube. Somos unicamente prestadores de serviços. Os próprios agentes 
sujam o nosso nome. Todo mundo deve ter empresa constituída, licença 
dada pela CBF, pagar o seguro anual de responsabilidade civil para 
trabalhar. Os clubes deveriam cobrar mais isso e não negociar com quem 
não está credenciado.
 E os clubes não cobram?
 Tenho meu escritório, minha empresa, pago o seguro, mas a maioria não é
 cobrada. Temos a maioria trabalhando na ilegalidade. A guerra fez com 
que fôssemos tachados de grandes vilões do futebol. Vivemos no país do 
futebol, mas vamos para outras áreas: o artista tem o seu agente, o 
cantor tem o seu agente. Jogador de futebol também tem. Qual é a 
diferença? Ambos estão ali para buscar o melhor para o seu cliente.
  Devemos orientar o jogador não só no futebol, mas também fora de 
campo. Temos que saber se ele está indo demais para a noite, controlar, 
conversar"
  Carlos Leite
 Quais as atribuições de um agente de futebol?
 Ele está ali para dar suporte jurídico, financeiro, de imprensa, para 
fortalecer a marca de cada jogador. O Neymar, por exemplo, tem um staff 
por trás muito bem-sucedido. Devemos orientar o jogador não só no 
futebol, mas também fora de campo. Temos que saber se ele está indo 
demais para a noite, controlar, conversar. Fazer o imposto de renda 
correto do jogador, pois, quando ele sai do país, temos que dar suporte 
de tributação correta. Essa responsabilidade que nós temos é que faz a 
diferença no sucesso do agente. Mas, infelizmente, os agentes preferem 
brigar. Já ganhei e já perdi jogador, mas nunca vão me ver na imprensa 
lamentando. Se perdi (o atleta), foi porque em algum momento falhei. Ou,
 de repente, o cara acordou e não quis mais trabalhar comigo.
 Você representa outro treinador além do Mano Menezes?
 O único treinador que represento é o Mano. É público. Todos os 
treinadores têm agentes e ele assumiu isso em 2007. Muita coisa é dita, 
mas foi tudo transparente. No Corinthians, não tem uma vírgula para 
falar. Falam demais, mas, infelizmente, a gente vive num país em que é 
mais fácil falar. As pessoas atacam, mas não provam. Saiu no jornal que 
ofereci o Mano para três clubes, isso é um absurdo, falta de respeito 
sem tamanho. Tenho relação com os técnicos desses clubes. Tenho que 
pegar o telefone, ligar para essas pessoas e dizer que não vai 
acontecer. Neste momento, os projetos do Mano são outros. Ele, no 
momento certo, vai colocar. A carreira é dele, eu sou o agente, mas as 
decisões são dele.
 Você sugeriu nomes para convocação quando o Mano comandava a Seleção?
 Jamais. As pessoas, devido a tudo que falam por aí, podem não 
acreditar, mas nunca troquei três palavras com ele sobre os jogadores de
 futebol. Não era minha função. A partir do momento em que ele foi para a
 Seleção, não participei da conversa dele com o presidente da CBF na 
contratação, a única coisa de que participei foram os contratos 
publicitários, pois era o meu trabalho. Fora isso, não tenho que dar 
opinião. Como não dou quando está em clube. Pode perguntar a todos os 
clubes com que tenho relação se já houve conversas para escalar A, B ou 
C, se influencio de alguma forma.
  Saiu no jornal que ofereci o Mano para três clubes, isso é um absurdo, falta de respeito sem tamanho"
 A acusação mais frequente era: Mano convocava o jogador para que o Carlos Leite vendesse a seguir. O que você tem a dizer sobre isso?
 No tempo em que o Mano trabalhou na Seleção tive cinco jogadores que 
represento convocados. Dos cinco, três já tinham sido convocados 
anteriormente por outro treinador: André Santos, campeão da Copa das 
Confederações com o Dunga, Lucas Leiva, que disputou as Eliminatórias 
para a Copa de 2010, e o Cássio, que teve uma convocação com o Dunga. 
Antes do Mano, não vi ninguém citar que eu representava esses jogadores.
 Mas, quando o Mano convocou, começaram a historinhas. Criam as coisas, 
não provam nada e  fica uma situação desagradável. Vou te falar: isso 
realmente me incomoda. Se disser que não incomoda, vou mentir. Procuro 
ser o mais correto possível. Tenho a linha reta na vida, não tem clube, 
jogador e treinador para falar algo sobre a minha pessoa em dez anos de 
trabalho. Quem cria essas histórias?
 Mas convocação não facilita uma venda de jogador?
 Não tenha dúvida. Seja na base ou na principal, é lógico que vai ter 
valorização. Mas isso não quer dizer que vai ter uma venda.
 Você já fez uma venda instantânea após uma convocação?
 Não, tive cinco jogadores convocados. O Cássio continua no Corinthians.
 Disseram que ele seria vendido, mas ficou e conseguiu resultados. Lucas
 continua no Liverpool. André Santos estava no Fenerbahçe e depois no 
Arsenal. O Renato Augusto estava no Bayer Leverkusen. O Rômulo foi 
vendido (do Vasco para o Spartak de Moscou), mas antes das Olimpíadas. 
Se eu soubesse que ele seria convocado, eu não venderia antes dos Jogos.
 Vou dar o exemplo do Fagner, que é representado por mim. Há dois anos, 
ele era o melhor do Brasil na lateral direita, foi para a seleção do 
Brasileirão e do Carioca, tinha idade olímpica e não foi convocado. 
Ninguém fala? Seria fácil convocá-lo. Todo mundo pedindo, idade 
olímpica... E, durante o período olímpico, ele foi negociado (do Vasco 
para o Wolfsburg). Será que, se houvesse sacanagem e esquema, eu não 
iria esperar e falar com o Mano? Chegou o momento de falar e expressar 
isso. Todo mundo fala do empresário e alguém tem que levantar essa 
bandeira. A partir de agora, vou me defender do que falam.
  Tudo que faço, a Receita Federal sabe. A única que pode saber da minha
 vida fiscal é a Receita. Faço tudo 100% dentro da legalidade.
  Os resultados estão aí"
 Por que só agora?
 Minha filha tem 14 anos e já acessa a internet. Ela lê certas coisas, e
 isso acabou me despertando. Estou há cinco anos escutando uma série de 
situações. No Corinthians, escutei demais. Mas acho que o trabalho no 
Corinthians foi bem feito, né? Acho que ajudei um pouquinho. Tenho uma 
parcelinha nesse trabalho. Indiquei alguns jogadores, tive algumas 
participações importantes dentro do clube. Como foi noticiado, até 
empréstimo de dinheiro eu dei, e não tenho problema em falar. Tudo que 
faço, a Receita Federal sabe. A única que pode saber da minha vida 
fiscal é a Receita. Faço tudo 100% dentro da legalidade. Os resultados 
estão aí. Tem o presidente, o diretor de futebol, tem um conselho 
deliberativo, fiscal. Será que eu passo por tantos clubes e nenhum deles
 nunca falou nada? É o caso do Grêmio agora. É uma oposição que está lá.
 Quem está lá agora é o doutor Fábio Koff, que é adversário político do 
Odone, e minha relação tem sido espetacular. Ajudei na negociação do 
Souza, na compra com o Porto, para ficar no clube. Trouxemos o André 
Santos, falamos de outros negócios. Será que eu consigo ter todo mundo 
dentro do bolso, como estão querendo demonstrar? Não. É trabalhar com 
correção. O Flamengo é outro caso. Com a outra gestão, eu negociei o 
Ramon. Nessa gestão agora, eu negociei três jogadores, e é oposição. E 
aí? Se tiver alguma coisa errada, o cara vai trabalhar comigo? Não vai. E
 continua trabalhando.
 Você falou do Corinthians e do Grêmio. E o Vasco, como começou a relação, a parceria?
 Foi um trabalho também interessante, bem parecido com o do Corinthians,
 num momento difícil do clube. E ajudei financeiramente, com colocação 
de jogadores, usando nosso prestígio em relação a outros clubes. Acho 
que o resultado também foi positivo. Será que o Carlos trabalha com o 
Grêmio e tem resultado; trabalha com o Corinthians e eles estão tendo 
resultado; trabalha com Vasco tem resultado? O Bahia, a gente também fez
 um trabalho bacana com eles. Estava havia anos sem disputar a Série A, 
ajudamos. Será que todos os clubes por onde passo tem sacanagem? Não, 
não tem. Tem seriedade. Por que consigo manter essas relações depois que
 entra uma outra gestão de oposição? Porque as pessoas veem correção.
 O papel do agente de futebol é mal compreendido?
 Acho que sim, porque nunca foi discutido. Não digo que o jornalista 
seja o culpado por isso. Se a gente falasse mais, mostrasse para vocês 
nossa atuação, seria mais fácil, mas não temos esse espaço. Não vejo o 
agente sentar com naturalidade nos programas esportivos e falar um 
pouquinho da nossa atuação.
 Como é o processo de captação de novos talentos?
 Vou falar pela minha empresa. Tenho pessoas olhando os jogos. Para 
poder representar, cada vez mais temos que ir ao jogador mais novo. 
Existe uma lei agora que o jogador menor de idade não pode ter 
representante. Mas funcionava assim: cada vez mais cedo íamos olhar o 
jogador que tivesse talento e poderia trabalhar conosco. Tenho uma 
equipe de pessoas olhando jogadores. Eu vejo futebol praticamente todos 
os dias, gosto do que faço e tem gente espalhada pelo Brasil sempre 
informando, os famosos olheiros. Essa é uma fase. A outra é com jogador 
que já está formado. Esse geralmente vem por indicação. Por exemplo: eu 
tenho três jogadores num clube e os outros acabam vendo a forma como a 
gente atua. E ele acaba indicando, pois o outro pode estar insatisfeito 
com o agente dele, ou não tem empresário ou terminou o contrato com o 
empresário. É o nosso trabalho. Vamos aos jogos, estamos presentes, não 
só eu, mas toda a minha equipe, e todo mundo procurando resolver os 
problemas dos jogadores. Dessa forma que a gente vai captar os 
jogadores.
 Por que um jogador escolhe trabalhar com Carlos Leite? O que você oferece?
 Ofereço trabalho. Ter as relações que temos com os clubes, ter a 
relação com as empresas de material esportivo para poder oferecer uma 
chuteira, dar todo o suporte necessário para que ele possa desenvolver a
 carreira. Existem alguns momentos em que a gente tem que dar uma ajuda 
financeira para a família, ajudar no pagamento de um aluguel, num 
momento de dificuldade. Mas não faço disso uma prática. Não compro 
procuração. Não posso pagar para trabalhar, há uma inversão de valores. 
Você não vai contratar um advogado e perguntar quanto ele vai te pagar 
para te defender. Da mesma forma que o jogador não pode vir para mim 
querendo eu pague para trabalhar com ele. Houve, agora diminuiu 
bastante, muitas pessoas entrando no futebol com o dinheiro, comprando 
procurações. E tenho uma norma dentro da empresa que é a seguinte: quem 
vem por dinheiro, vai por dinheiro. Se o cara ganha um pouquinho mais 
ali, ele acaba indo. Nós não temos essa prática e nossos jogadores sabem
 disso. Temos uma relação de amizade, respeito.
  A gente escuta muita história, de dar laptop, pagar jantares em bons 
restaurantes. Há as histórias das meninas que eles levam para conhecer o
 mundo"
 Além do dinheiro da procuração existem outras manobras pouco convencionais para conquistar um atleta?
 Não me preocupo muito com o que os outros fazem, senão deixo de fazer o
 meu bem feito. A gente escuta muita história, de dar laptop, pagar 
jantares em bons restaurantes. Há as histórias das meninas que eles 
levam para conhecer o mundo.
 Mas já perdeu jogador por causa disso?
 Por causa disso, não. Até porque perdi poucos jogadores ao longo desses dez anos. Se perdi quatro, cinco, foi muito.
 O primeiro empresário do Douglas Baggio (atacante da base do Flamengo) reclamou que você roubou o jogador. O que aconteceu?
 Como a gente não tem voz, minhas filhas entram na Internet e vão ler 
que o pai dela está roubando jogador. Como assim? O rapaz disse que faço
 isso sempre. Ele (Douglas Baggio) rescindiu o contrato e me procurou 
para fazer um novo. Ele (agente do Baggio), se sentiu atingido, que 
procure o cômite de litigios da CBF. Se amanhã conseguir regulamentar 
nossa profissão, vai ter algo como a OAB, CREA, para discutir isso.
 Como é a sua relação com outros empresários?
 Existe uma disputa pelo mercado, mas tem que ficar no campo 
profissional. Se tenho um atleta comigo, ele está insatisfeito e pede 
para ir embora, vai embora. Há o respeito entre os agentes que hoje 
estão numa situação mais confortável com o mercado. Hoje estou bem, 
amanhã posso estar por baixo. Tenho que concordar que é uma relação 
muito difícil, não é saudável, pois a disputa é muito feroz. Se perder 
um jogador, perdi. Há pouco tempo, tive um exemplo desse. O Welinton, 
zagueiro do Flamengo (atualmente emprestado ao Alania, da Rússia), 
trabalhava comigo e chegou no meu escritório, para mim, sem motivos, e 
pediu para rescindir o contrato. Tentei argumentar, mas ele disse que 
não estava feliz e queria seguir a vida dele. Então, deixei ele seguir a
 vida dele. Em dez anos perdi jogadores? Perdi. Algum dia entrei na 
Justiça? Nunca entrei nem entrarei.
 E qual é a solução para colocar regras em um mercado tão hostil?
 Tenho discutido um pouco sobre isso com o Cláudio Guadagno, com quem 
nem tinha relação. Ele sugeriu uma situação que achei muito 
interessante: a gente precisa regulamentar a nossa profissão. Estamos 
amadurecendo a ideia, procuramos especialistas na área, buscando um 
estudo quanto a isso. Toda profissão tem uma regulamentação. A nossa tem
 simplesmente a CBF, que tem o comitê de litígio, a carteirinha, mas não
 temos uma regulamentação. Importante ter uma entidade defendendo nossos
 interesses. Temos a Abaf, de que nunca participei. Temos que ter 
direitos e deveres. Não podemos escutar um diretor de seleções dizer 
“ah, aqui agora não tem empresário” sendo que até ele mesmo já foi 
empresário. Não posso escutar o presidente da Confederação Brasileira de
 Futebol dizer “aqui não tem mais empresário”. A gente faz parte desse 
mundo. Tem que haver respeito. O fato de estarmos num saguão de hotel 
para dar um abraço no jogador, para cumprimentar alguém, não pode ser 
visto como ruim. Não está sendo nem um pouco bom escutar isso dessas 
pessoas. Eu me sinto incomodado.
 Como é a relação entre agentes e jogadores?
 Com todos os meus jogadores tento manter uma relação profissional e 
também de amizade. Até porque você pega meninos muito novos e tem que 
fazer uma série de trabalhos. Tem o trabalho social de pegar um menino 
desses, alguns que vêm do nada. E você precisa ensinar um pouco da vida.
 Se alguém tiver alguma coisa para provar de algo que fiz, que prove. 
Por que no resultado ruim de uma competição o problema é o empresário? 
Tem que se cobrar, se houve falha, do jogador, do treinador, se houve 
excesso do agente, colocá-lo no lugar dele. Mas não chegar e 
generalizar.
  Fiz três negociações com o Flamengo, toda a diretoria estava sabendo. 
Foram negociações que eu acho que não têm muito o que falar"
 Como foi a aproximação com o Flamengo? Qual sua relação com o Paulo Pelaipe?
 Minha relação com o Flamengo vem desde 2005. Naquele ano, participei da
 negociação do Ibson para Portugal. Depois disso, passei a representar o
 Renato Augusto. Desde essa época, tenho vários jogadores no Flamengo, 
que entraram, saíram, foram negociados. O que acontece é que num 
determinado ponto os seus jogadores se encaixam num perfil que estão 
precisando, em outros momentos, não. No ano passado, eles precisavam de 
um lateral-esquerdo e me procuraram em relação ao Ramon. Nessa direção 
agora, eles contrataram o Paulo Pelaipe para ser o diretor de futebol. O
 Paulo tem uma relação comigo, assim como o Rodrigo Caetano (Fluminense)
 tem, como o Edu (Gaspar, do Corinthians) tem, como o Anderson Barros na
 época do Botafogo tinha. Todos os diretores de futebol espalhados pelo 
Brasil. Esse é o nosso trabalho, fazer relações. Realmente, existe uma 
relação um pouco mais próxima com o Pelaipe, que vem desde 2005, quando 
ele trabalhava no Grêmio. Depois, ficou fora do mercado, voltou a 
trabalhar e temos essa proximidade, como tenho com outros. Fiz três 
negociações com o Flamengo (Elias, Gabriel e Wallace), toda a diretoria 
estava sabendo. Foram negociações que eu acho que não têm muito o que 
falar.
 Mas existe privilégio para você no Flamengo hoje?
 Nenhum, nem quero privilégio porque não preciso. Você acha que um 
treinador de futebol vai dar preferência a um jogador que não seja 
interessante? Ele quer ganhar. O treinador vai ser burro de botar um 
jogador que ele não queira? Tenho jogadores no Flamengo, Vasco, 
Botafogo. O Rodrigo Caetano está no Fluminense, e eu não tenho jogador, e
 ninguém fala disso. O que você precisa é ter bons jogadores que os 
clubes vão querer.
 Muito se fala de contrapeso na negociação. Existe isso, leva 
jogador x, renomado, mas completa com um jogador que não está tendo 
oportunidade...
 Se eu falar que não existe isso, vou estar mentindo. Não gosto de 
mentira. A gente procura trabalhar com os melhores. Existem momentos em 
que você vai falar o seguinte: "Pode colocar esse jogador que ele vai 
dar resultado". Às vezes, o cara não conhece. Ele vai acreditar naquilo 
que você está falando, no seu histórico de trabalho. Não é o fato de 
“Bota esse, que eu levo esse”. O que pode acontecer é que o cara vai 
botar um jogador que ele não conhece e a que a gente acredita que ele 
terá futuro. O Cássio, quando foi contratado no Corinthians, foi motivo 
de piada. E aí? Foi indicação minha. Todo mundo perguntando “Quem é esse
 cara?”, ele nunca agarrou. E foi um dos principais jogadores nas 
conquistas do Corinthians, tanto na Libertadores como no Mundial.
 O Flamengo passa por uma dificuldade financeira. O Vasco e 
Corinthians, quando você deu uma ajuda forte, também. Isso foi 
estratégia ou percepção de mercado?
 Percepção de mercado. Começou com o Grêmio, primeiro clube que estava 
com uma dificuldade financeira. Em 2005, o novo presidente tinha 
dificuldades de contratar e também de vender jogadores para fazer caixa.
 Naquele primeiro momento, quando eu fiz a venda do Anderson para o 
Porto, não tinha estratégia, foi um acaso. Quando aconteceu no 
Corinthians, foi a casualidade de o clube precisar de um treinador e 
eles procurarem o Mano. Dali, criei uma relação muito forte com eles, a 
ponto de também ajudar financeiramente. Depois desse momento, eu comecei
 a enxergar um pouquinho sobre isso. O Vasco foi um pouco disso. 
Enxergamos que era um clube de grande potencial, que passava por momento
 difícil, que seria interessante essa ajuda. Claro que no futuro 
proporcionaria bons negócios. Isso não quer dizer que tenha sacanagem.
  Cabe ao clube dar as diretrizes do que tem que ser feito. Nunca cheguei em um clube e disse que tinha que ser assim, assado"
 E no Flamengo?
 No Flamengo, eu já tinha um trabalho, e vem a direção nova, que tenta 
modificar um pouco a forma de trabalhar. Com uma nova direção, achei 
interessante fazer esse trabalho. Acaba sendo uma oportunidade de 
negócio. As pessoas têm que entender que esse é o nosso negócio. 
Escolher e trabalhar com bons jogadores. Não posso ter vergonha de fazer
 uma grande negociação e ser bem remunerado por isso. Tenho que ter 
correção, ser honesto e transparente. Hoje, quase todos os clubes do 
Brasil têm essa relação com um ou outro agente. Cabe ao clube dar as 
diretrizes do que tem que ser feito. Nunca cheguei em um clube e disse 
que tinha que ser assim, assado. Não deixa de ser um trabalho 
interessante. Quando ganha. E se perdeu, o clube não consegue alcançar 
seus objetivos? Você é o culpado? Vai ter cobrança em cima disso. Faz 
parte do negócio.
 Fazendo uma comparação rasteira do mercado de ações: você pega 
um clube de potencial em baixa, acompanha o crescimento, depois vai 
lucrar com isso.
 Essa comparação desse mercantilismo todo não é tanto assim. Mas passa 
um pouco por isso. Vai da estratégia de cada um. Mas tem que ter bons 
jogadores. Se tiver bons jogadores, você vai ter clubes bons e 
interessantes. Seria hipocrisia falar que não passa por isso. Esse é o 
meu trabalho. No Brasil, parece que é pecado ganhar dinheiro com venda 
de jogadores. Errado é lesar o clube.
 Você não faz isso?
 É só pegar meu histórico. Em 10 anos, qual foi o escândalo que tirei 
jogador de um clube que não tenha sido remunerado? Não tem. Pelo 
contrário, tenho uma relação ótima com muitos clubes. O combinado não é 
caro.
 Você já falou abertamente sobre empréstimos aos clubes. Vasco, Botafogo, Flamengo também. O que você ganha ou agrega com isso?
 No momento em que faço uma aposta no clube, é porque acredito nas 
pessoas que estão lá e acredito que tenha potencial para que amanhã você
 tenha seus ativos valorizados. Não é com todos os clubes que vou fazer 
isso. Faço com quem me sinto confortável, com quem tem credibilidade. Eu
 arrisco bastante, e quem arrisca mais ganha mais. Ou perde mais. Eu 
nunca tive problema com nenhum clube do Brasil em relação a pagamento. 
Pode ter um problema momentâneo, você tem que entender, ser parceiro, 
isso fez com que meu crescimento tenha sido mais rápido do que 
naturalmente seria. Futebol é muito pequeno. Os presidentes, diretores e
 jogadores se falam. Se fizer uma coisa errada no clube, no dia seguinte
 está todo mundo sabendo.
 O que você faz quando um jogador não dá certo?
 Tem jogador com quem trabalhamos há cinco, seis anos e nunca fizemos 
dinheiro com ele. Vou botar o cara para fora? Não vou. Já aconteceu de 
eu pagar operação de jogador. Vamos deixar o menino lá jogado? Não pode.
 Dizem que tem muito dinheiro no futebol, mas a grande maioria fica pelo
 meio do caminho. Cadê a preocupação com eles? As pessoas só olham 
aquele que foi bem vendido e está ganhando dinheiro. Nas categorias de 
base, precisa haver palestras de como são feitos os contratos, para que 
eles não tenham depois problemas que muitos têm, assinam contratos que 
são verdadeiras aberrações, o cara entrega a vida de uma forma que não é
 correta. Tem que educar os meninos.
 Como o agente ganha dinheiro em cima do jogador? No contrato tem os 10%...
 Aí depende de cada agente. O meu método é não cobrar absolutamente nada
 sobre o jogador. Eu faço minhas negociações, e sou remunerado pelo 
clube comprador ou vendedor. Não cobramos percentual do salário do 
jogador.
 Mas por quê?
 Foi uma prática que aprendi. Tive um professor, o Jorge Mendes, que é o
 número 1 do mundo, me ensinou muita coisa. Sou muito grato a ele. E ele
 tinha essa forma de trabalhar. Mas não vou falar que está errado quem 
cobra. Cada um tem a sua forma de trabalhar. Se é legal, está tudo 
certo. O que não pode ser é o ilegal.
 Quais os clubes que você acha que têm as melhores gestões no futebol brasileiro?
 Os clubes têm melhorado significativamente. Ainda precisam melhorar, 
cada vez mais se profissionalizar, mas você vê clubes tendo gestões 
interessantes. Caso do Corinthians, que é um modelo que podemos ter como
 sucesso. Em cinco anos, sai da Série B para ser campeão do mundo, sai 
de uma receita pequena para uma das maiores do Brasil. O São Paulo 
também tem uma gestão boa, o Grêmio, o Inter... Também tem que haver 
responsabilidade com dinheiro do clube, e não simplesmente contratar por
 contratar, deixando dívidas para o clube. Mas está mudando, não sei se 
na velocidade que seria a ideal. O Vasco é uma prova disso, está 
tentando se profissionalizar, o Cristiano (Koehler, diretor geral) veio 
do Grêmio, implantou um sistema bem profissional. Isso é um caminho a se
 tomar. Tem que haver uma balança disso, para que não haja só o lado 
profissional, senão perde um pouco do encanto, da paixão que é o 
futebol. Com equilíbrio, vem o sucesso. O futebol se tornou um grande 
negócio, mas é a alegria do povo. Mas não dá para ser como antigamente, 
até porque no mundo competitivo que a gente vive é muito difícil você 
ter uma pessoa que possa ficar no clube 10, 12 horas, 15 horas, se não 
for remunerado.
 Você planeja ter um time tipo Tombense, Desportivo Brasil?
 Não, nunca me preocupei com isso. Não sei que rumo o futebol vai tomar,
 não sei o que vai acontecer. Tem que se adequar ao futebol no dia a 
dia.
 Mas qual é seu sonho como empresário?
 Continuar como estou. Representar bem o jogador, buscar os melhores 
contratos, o entendimento entre as partes. Temos conseguido com bastante
 êxito, não tenho nenhum litígio com clubes, com nenhum jogador. Acho 
que isso é satisfatório, me sinto realizado no que faço. Sou 
representante de atletas. Se tiver litígio, vou ter que vir para o lado 
do jogador, pois ele me confere a gestão da carreira. Mas nesses 10 anos
 equilibramos isso e não deixamos que atrapalhe nossa relação com o 
clube e com o jogador. Atuando no momento certo, não pilhar o jogador no
 momento da dificuldade, ou não entrar na pilha do jogador contra o 
clube, tem que haver o equilíbrio. Não me vejo com essa necessidade de 
ter um clube, mas, em relação ao futuro, eu não sei. Se amanhã vou 
deixar de ser agente para ser outra coisa, eu não sei.
 Ser presidente, fincar uma bandeira num clube?
 Não tenho esse projeto, não. Sou muito novo, tenho 42 anos, tem muita 
coisa pela frente, uma família que depende de mim, três filhos, tenho 
que dar educação. Se um dia penso em ter algo dessa forma, você não vai 
ser remunerado. De forma ilícita eu não vou ser. Para você fazer isso, 
tem que estar muito bem financeiramente. Com três filhos não é fácil, 
você não sabe o futuro. Não estou reclamando nem chorando. Isso ainda 
não passou pela minha cabeça. Se passar, só pode ser um clube, que é o 
clube da minha infância, do qual sou sócio, tenho até esse direito. Mas 
estou do outro lado do balcão, tenho que seguir dessa forma.
  Quando você bota paixão na frente da razão, pode cometer algumas falhas"
 Você se decepcionou com a falta de continuidade do trabalho no Vasco?
 Não é questão de decepção. As relações, em algum momento, estão mais 
aquecidas, em outros estão mais frias. Realmente foi um momento bom que a
 gente passou no Vasco, procurei ajudar na medida do possível, acho que 
consegui. O objetivo naquele momento era resgatar o clube de uma segunda
 divisão, indiquei profissionais para lá, eles foram confiando naquilo 
que a gente mostra. É difícil você pegar bons profissionais e indicar 
para alguns clubes e o cara saber que o clube está mal financeiramente. O
 Roberto conduziu muito bem esse processo num primeiro momento, mas 
também acho que ele errou na sequência. Hoje, minha relação com o Vasco é
 boa, tenho jogadores lá dentro que são importantes. Ano passado fiz o 
trabalho de manutenção do Eder Luis e do Fellipe Bastos. Tenho boa 
relação com René Simões. Não vou falar que fiquei chateado, simplesmente
 as coisas tomam rumos diferentes. Continuo trabalhando, mas talvez sem a
 intensidade que foi. Se tivesse que repetir, não repetiria dessa forma.
 Quando você bota paixão na frente da razão, pode cometer algumas 
falhas. Acho que cometi algumas falhas em alguns momentos. Às vezes, uma
 superexposição que realmente aconteceu naquele momento, eu numa tribuna
 ao lado do presidente vendo o jogo. Não me arrependo, mas talvez faria 
diferente hoje. Desejo sorte, sucesso, continuo atuando, falo 
semanalmente com René, que está fazendo um bom trabalho, e, como tenho 
entendimento com o Vasco, tenho com outros clubes.
 Quais foram as falhas?
 As falhas estão aí, na superexposição de você assumir uma 
responsabilidade que não é sua. O fato de o Vasco no momento da queda 
não ter uma estrutura que desse suporte para as coisas acontecerem. 
Acabei fazendo papéis que eu não tenho que fazer. Tenho que fazer meu 
papel de agente. Em alguns momentos eu extrapolei isso, tenho que 
reconhecer. Eu me sinto feliz por ter participado daquele momento, mas 
não faria dessa forma, ficando tão exposto como fiquei.
 Qual trabalho te gratificou mais, o Vasco, que depois conquistou a Copa do Brasil, ou o Corinthians, que conquistou tudo?
 São coisas distintas. O Vasco teve um apelo muito grande pelo carinho 
que tenho pelo clube, pelos amigos vascaínos, minha família de origem 
portuguesa, teve um sabor especial. O Corinthians é muito gratificante, 
porque continuou no caminho certo, trilhou o sucesso. Continuo 
trabalhando firme e forte com eles, tenho o respeito das pessoas que 
presenciaram todo o nosso trabalho. São emoções diferentes. Nada me 
impede de estar trabalhando com o Flamengo. Tenho meu clube pelo qual um
 dia fui fanático, hoje talvez nem tanto. Todo mundo que está dentro do 
futebol tem seu time, seja treinador, jogador, agente, dirigente 
profissional. Não tenho por que esconder, quero, sim, ter respeito das 
pessoas. Poder entrar no Flamengo, fazer o trabalho que faço, ter a 
relação com o Fluminense, poder entrar no Botafogo, ter o respeito do 
presidente. Isso é o mais gratificante, estar há 10 anos no futebol e 
não ter nenhuma porta fechada para mim. Pelo menos que eu saiba.
  Posso errar, como todo ser humano. Se errei, abaixo a cabeça e peço desculpa"
 Quem é o Carlos Leite sem ser o empresário?
 Sou filho de portugueses, os dois com a quarta série primária, que me 
deram o que de mais sagrado tenho na vida: respeito pelas pessoas, 
dignidade e caráter. Procuro seguir essas orientações, que independem da
 sua classe social. Passo esses ensinamentos para os meus três filhos, 
cobro demais, uma tem oito, a outra está fazendo 14, o pequeno ainda tem
 sete meses. Passo as lições de vida, correção. Sou um cara muito 
família, amigo dos meus amigos, dos poucos amigos, tenho muitos colegas.
 Hoje, posso dizer que respiro futebol. Trabalho desde os 14 anos de 
idade, não cheguei onde cheguei à toa, teve muita incerteza no meio do 
caminho, alguns insucessos, mas neste momento sou muito bem casado, 14 
anos de casamento, o mais importante no ser humano é a família. Vivo 
futebol 24 horas por dia, tenho uma equipe de trabalho espetacular. 
Posso errar, como todo ser humano. Se errei, abaixo a cabeça e peço 
desculpa.
 Opinião sobre algumas pessoas
 Rodrigo Caetano - Um grande profissional, vi o começo dele no 
Grêmio. Chegou onde chegou com muita competência, honestidade, muito 
trabalho. Hoje, posso dizer que é um amigo que fiz no futebol. Tenho 
grande prazer de saber que ele conquistou tudo isso e pude ajudar um 
pouquinho no momento em que ele veio para o Vasco. Ele balançou um pouco
 em sair lá do Sul, mas naquele momento eu falei: "Cara, é a tua 
oportunidade". Hoje, em muitos momentos, ele demonstra gratidão por 
isso. Não fiz nada demais, só indiquei, pois achei que era um grande 
profissional. Fico feliz com o sucesso dele.
 Ronaldo - Esse para mim é o ídolo maior. História de superação. Representou muito bem o nosso país e continua representando.
 Reinaldo Pitta - Não o conheço para falar dele como pessoa, agente, nunca tive relação com ele. Não tenho o que falar.
 Marco Polo Del Nero (presidente da Federação Paulista de Futebol) - Mesma forma.
 José Maria Marin (presidente da CBF) - Sou novo, né? Esse 
senhor acho que tem 80 anos. O que sei é pela imprensa as coisas que têm
 aparecido do passado, que eu não conhecia. Desejo sorte a ele, que 
possa ajudar a ganhar a Copa do Mundo para gente. De resto, nunca estive
 com ele. Também não tenho vontade de estar.
 Andrés Sanches (ex-presidente do Corinthians) - 
Revolucionário. Cara que mudou a história do Corinthians, mostrou o 
grande comandante que é. Posso falar que é um dos grandes amigos que fiz
 no futebol.