A primeira taça de Seedorf: Botafogo vence Vasco e é campeão da Taça GB
Calcanhar do holandês inicia jogada do gol de Lucas, que dá o título ao Alvinegro e mantém seca do Vasco
 É simbólico que o calcanhar de Seedorf tenha iniciado aquela jogada aos
 35 minutos do segundo tempo. Justo ele, justo o holandês, tão 
representativo para o clube, abriu as portas do lance que tornou o 
Botafogo, neste domingo, no Engenhão, campeão da Taça Guanabara. A 
vitória por 1 a 0 sobre o Vasco rende a primeira taça ao multicampeão 
camisa 10 em seu novo clube, em seu novo país, em sua nova casa.
 
 Os cruz-maltinos pagaram um preço caro pelo apego que tiveram ao 
empate. Suportaram o quanto puderam. Estiveram em vias de ganhar o 
turno, algo que não acontece desde 2004. Mas o Botafogo fez ruir o 
prenúncio de festa do oponente. De Seedorf para Julio Cesar, de Julio 
Cesar para a área, da área para Bolívar, de Bolívar para Lucas, de Lucas
 para o gol.
Jogadores do Botafogo comemoram o gol do título sobre o Vasco (Foto: André Durão)
O Botafogo está na final do Campeonato Carioca. E talvez nem precise disputá-la. Se também vencer a Taça Rio, já será campeão estadual. O Vasco amarga seu quarto vice-campeonato de turno seguido.
A (des)vantagem do empate
 Jogar pelo empate, diz a lógica, é uma vantagem. Mas tem lá seus 
perigos. O Vasco, beneficiado pela certeza do título do turno em caso de
 igualdade, foi exageradamente cauteloso no primeiro tempo. Mediu forças
 com o Botafogo até as cercanias dos dez minutos de jogo. Depois, ficou 
passivo, à espera de um adversário necessitado de vitória.
 O time cruz-maltino, é bem verdade, segurou a onda. Mas correu riscos. 
Os números ilustram a superioridade do Botafogo no período inicial: sete
 contra um nas finalizações, 60% contra 40% na posse de bola, mais do 
que o dobro de passes certos. Faltou, porém, o gol. Mais do que isso: 
faltou uma chance clara de gol para o Alvinegro. Lodeiro incomodou com 
três conclusões, mas nenhuma delas ameaçadora. Seedorf e Fellype Gabriel
 também tentaram – sem sucesso. Alessandro esteve seguro. Na prática, 
apesar da timidez ofensiva, foi o Vasco quem teve a melhor oportunidade.
 Eder Luis acionou Carlos Alberto na segunda trave, dentro da área, e o 
meia-atacante perdeu. Não conseguiu encaixar o corpo e acabou chutando 
para fora.
 O calcanhar de Seedorf: Botafogo campeão
 Vitinho no lugar de Marcelo Mattos foi o gesto de Oswaldo de Oliveira 
para deixar o Botafogo mais agudo, mais agressivo. Mas o panorama do 
segundo tempo pouco mudou. O Alvinegro seguiu com posse, seguiu dono do 
campo adversário e seguiu incapaz de encaixotar o adversário. 
Sucederam-se cruzamentos – em vão. No melhor deles, o próprio Vitinho 
venceu a marcação de Nei e conseguiu cabecear, mas para fora.
 O Vasco, refugiado em sua defesa, conseguiu marcar bem o adversário, 
especialmente na área de criação dele, na zona intermediária. Mas não 
teve a mesma competência para sair com velocidade. Bernardo esteve 
apagado o tempo todo. Quando conseguiu encaixar um contra-ataque, viu a 
jogada morrer em Carlos Alberto. Em seguida, os dois se desentenderam em
 campo. Nei teve que separá-los. O camisa 10, pouco depois, quase marcou
 de voleio. Jefferson salvou.
 Foi o último suspiro do Vasco. Em seguida, saiu a jogada do gol, quando
 o Botafogo já dava pinta de não ter forças para furar o bloqueio rival.
 Seedorf abriu o flanco para Julio Cesar com o toque de calcanhar. O 
cruzamento ultrapassou a área e caiu nos pés Bolívar. O zagueiro teve 
calma, teve classe. Recuou para Lucas, que concluiu no cantinho esquerdo
 de Alessandro. Gol do Botafogo, gol do título do turno. Gol de taça 
para Seedorf.
 
 
