Volta de Loco não anima Oswaldo: 'Não temos o que conversar’
Em entrevista, técnico comenta planejamento e afirma que time vai perder 'quatro ou cinco jogadores' para a próxima temporada
Oswaldo de Oliveira
ainda não foi anunciado oficialmente como treinador do Botafogo em
2013, mas já se sente mantido no comando e participa do planejamento
para a próxima temporada. E isso passa pela montagem do elenco, que, se
depender da vontade de todos no clube, terá a base mantida.
A principal carência é o ataque, já que o time tem poucas peças para
este setor. Bruno Mendes deve permanecer, mas a situação de Elkeson
ainda é incerta. Confirmada, só a saída de Rafael Marques. Uma das
opções poderia ser Loco Abreu, que, depois de uma passagem apagada pelo
Figueirense, terá de se reapresentar com o time em janeiro. Se ficará,
ainda não há uma definição.
Oswaldo: renovação encaminhada e planos para 2013 (Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo)
Oswaldo não está otimista. O uruguaio estava insatisfeito com a
condição de reserva no Bota e preferiu sair para ficar em maior
atividade e aumentar suas chances de defender o Uruguai na Copa do Mundo
de 2014.
- Não temos mais o que conversar. Ele tem de procurar jogar o melhor
que ele puder, e eu, se achar que for melhor, escalar. Não sei se ele
estará aqui, nem adianta ficar falando muito sobre isso - afirmou o
treinador.
Ele (Loco) tem que procurar jogar o melhor que ele puder e eu, se achar que for melhor, escalar"
Oswaldo
A preocupação maior de Oswaldo é perder peças importantes. Sem citar
nomes, ele disse que isso pode ocorrer. Alguns jogadores que se
destacaram no Brasileiro despertam a cobiça de outros clubes, como
Dória, zagueiro de 18 anos.
- Nós vamos perder jogadores, uns quatro ou cinco. Isso me preocupa muito. Não é fácil a reposição.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Oswaldo comentou ainda sobre as
cobranças da torcida em cima de seu trabalho, suas avaliações da
temporada 2012 e os planos para o próximo ano. Confira:
GLOBOESPORTE.COM: qual a avaliação que você faz deste seu primeiro ano no comando do Botafogo?
Oswaldo de Oliveira: O Botafogo, como cada clube, tem
suas características. O time teve uma década de 60 iluminada, junto com o
Santos. Foram os que mais projetaram jogadores. Duas gerações
excepcionais. Garrincha, Didi, Quarentinha, Zagallo, Gerson,
Jairzinho... Foram times muito fortes. Depois disso o Botafogo teve
alguns momentos de pico, mas não com essa consistência de uma década.
Prova disso é o tempo em que ficou sem título. Acompanhei de perto,
vivia o futebol do Rio. Demorou até 1989, depois em 1995 teve o título
brasileiro. Isso formou uma torcida de elite, acostumada com grandes
títulos e que não aceita quando isto não acontece. Pesa ainda que tenha
estado na Série B. Às vezes se perde a proporção da realidade. Os outros
centros de futebol do Brasil se fortaleceram. Outro dia vimos o
Atlético-GO vencer o Fluminense, campeão brasileiro, no Rio.
Oswaldo teme perder peças importantes do time,
como Dória (Foto: Jorge William / Agência o Globo)
como Dória (Foto: Jorge William / Agência o Globo)
Você acredita que a cobrança que recebe no Botafogo é desproporcional?
Acho que sim. Nas listas dos orçamentos do futebol brasileiro, o
Botafogo era apenas o 13º. Outros clubes estão investindo. Essa
proporção tem de ser levada em consideração, não é apenas a tradição.
Não se pode perder o fio de meada.
Considera que esta cobrança pode ficar ainda maior em 2013, quando você terá uma sequência no trabalho?
Acho que sim.
Qual foi a maior dificuldade que enfrentou no Brasileiro?
As mudanças que tivemos nos afetaram muito. É inegável que a saída do
Herrera e do Maicosuel mexeram demais, até porque não estávamos
preparados para repor e demoramos demais. Não aconteceu com as nossas
primeiras opções de reposição, foi uma coisa que se arrastou, e o
campeonato continuou. Quando vencemos, mesmo com as alterações, fomos
enaltecidos. Quando o Elkeson fez dois contra o Corinthians, todos
disseram que ele era um grande atacante. Dali a pouco, quando parou de
fazer, já deixou de ser. Não podemos olhar sem colocar estas proporções.
O que mudou para o time com a chegada do Seedorf? Já pensa em alternativas táticas para o ano que vem?
Este é outro ponto que não podemos esquecer. Jogávamos de uma maneira
sem o Seedorf e mudamos profundamente com sua entrada. Meu time joga no
4-2-3-1. Já era, mas as funções mudaram bastante. Os meias têm mais
obrigação de marcação. Tentei alternativas este ano. Acontece que, no
melhor momento do Vítor Júnior, nós o perdemos por lesão. Estava voando,
foi um prejuízo grande. O Fellype Gabriel também se machucou. Essas
coisas baquearam, é inegável.
O Rafael Marques ficou sem ambiente para permanecer no clube?
Ele não vai ter paz. É um excelente jogador, vou sempre dizer isso,
apesar de algumas pessoas acharem o contrário. Cada um tem seu ponto de
vista. As pessoas analisam pelo que assistiram aqui, eu analiso pelo que
vi antes.
Em tese, o Loco Abreu se reapresenta com o elenco em janeiro.
Acredita que ele pode ter mudado de ideia e resolvido se encaixar dentro
da sua filosofia?
Já conversamos muito, e as posições são muito claras e firmes, tanto as
minhas quanto as dele. Não temos mais o que conversar. Ele tem de
procurar jogar o melhor que ele puder, e eu, se achar que for melhor,
escalar. Não sei se ele estará aqui, nem adianta ficar falando muito
sobre isso. Podemos falar se acontecer de ele voltar.
Como está o planejamento para a formação do elenco? Há o risco de perder jogadores?
Nosso planejamento está adiantado. No futebol tem disso. O cara vem com
um bolo de dinheiro, e há outros interessados além do Botafogo. Nós
vamos perder outros jogadores, uns quatro ou cinco. Isso me preocupa
muito. Não é fácil a reposição. Já sentimos isso antes.
O Bruno Mendes, quando a bola não entrar, vai ter de ser substituído. Não há paciência
Sua equipe terminou o ano com jovens com a condição de
titulares, casos do Dória, Gabriel e Bruno Mendes. Eles terão atenção
especial?
Hoje eles são titulares, não tenha dúvida. Mas são jovens,
adolescentes, e vão oscilar. Precisamos lidar com isso, eles vão errar,
estão em desenvolvimento. É preciso ter a reposição. O Bruno Mendes,
quando a bola não entrar, vai ter de ser substituído. Não há paciência
com o atacante que não coloca a bola para dentro. Isso não é de hoje. O
Pelé, quando ficava sem fazer gol, as pessoas caíam em cima dele.
Qual foi a maior diferença que notou no futebol brasileiro depois de ficar cinco anos longe?
Os jogadores hoje em dia são mais participativos, mais profissionais.
Muito mais interessados, lógico que com exceções. O tempo passa e isso
vai sendo intensificado.
Quais os planos para o período de férias?
Vou viajar e passear bastante.