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Discussão sobre mudanças nas regras já esquenta

Beckenbauer diz que alterações privilegiam o jogo limpo, enquanto José Roberto Wright diz que atrapalha.

 Sete regras podem ser incorporadas ao futebol em julho deste ano. A Fifa e a International Board (IFAB) vão ser reunir neste sábado em Surrey, na Inglaterra, para votar as mudanças (veja abaixo). Quem sugeriu as leis foi uma força-tarefa liderada por Beckenbauer, e que tem Pelé como vice-presidente. O principal objetivo é tentar aumentar o jogo limpo.

Mas uma das mudanças não sugere isso totalmente. Atualmente, quando um jogador paralisa um lance de clara situação de gol, é expulso. A força-tarefa sugere que isso acabe. Para o ex-árbitro José Roberto Wright, um absurdo.

– A Fifa diz que há tripla punição (pênalti, expulsão e suspensão), o que é correto. Vai voltar àquele anti-jogo, quando o jogador agarrava o outro para parar a jogada – explica Wright ao LANCE!NET.

Outra proposta que causa discussão é a obrigatoriedade do cartão amarelo em qualquer pênalti, seja qual for a gravidade de infração.

– É coerente. O defensor impediu o adversário de finalizar, ou de fazer uma jogada de linha de fundo, nesse caso, eu acho que é válido. É a falta mais grave do jogo, que é a penalidade máxima – acredita.
Exemplo de um lance de expulsão quando o infrator é o último homem:

SEM FAIR-PLAY

Wright fazia parte da comissão de arbitragem, e discorda totalmente de que essas novas regras, principalmente a do último homem, vá aumentar o fair-play. Pelo contrário:

– O ponto crucial é a retirada do cartão vermelho para o último homem. Eu me dou bem com o Beckenbauer, mas essa mudança não vai melhorar, vai piorar o jogo limpo.

Para definir uma mudança, são necessários seis dos oito votos. A Fifa tem direito a quatro, e a IFAB tem o restante, um de cada país membro (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte).

WRIGHT SUGERE LATERAL COM O PÉ

Apesar de saber da dificuldade, José Roberto Wright defende mais duas propostas nas regras do futebol, e que mudariam bastante a dinâmica do jogo. A primeira delas seria a cobrança do lateral com os pés, como no futsal.

– Seria mais uma chance de colocar a bola lá dentro, cobrando da defesa, principalmente. Nas mesmas situações, sem impedimento, indireto, e só com o pé, sem a opção de cobrar com a mão. Vai criar chances de gols – defende o ex-árbitro.

A segunda seria a entrada do segundo árbitro em campo. Não um em cada metade, pois não daria uma segunda visão do lance, mas ambos correndo juntos, como no basquete. Wright explica que isso foi testado na Itália, mas que não deu certo.

– Foi um fracasso, mas porque ambos queriam mandar mais, eles precisam ser entrosados. Seria uma boa medida com certeza – conclui Wright.

AS PROPOSTAS

Substituição extra

Atualmente são permitidas apenas três substituições durante uma partida de futebol, mesmo com prorrogação. A mudança prevê uma nova troca de jogadores, caso haja um tempo extra. Seria a quarta substituição no jogo.

Mais jogadores
Um banco de reservas é composto por sete jogadores. Não há obrigação de preencher totalmente o grupo. Para dar mais opções aos treinadores, a Força-Tarefa sugere que até 12 jogadores possam compor a lista de suplentes.

Último homem
Se o jogador está em situação clara de marcar o gol e é impedido de forma ilícita, o infrator é expulso. Acaba a obrigatoriedade de dar cartão vermelho ao defensor. É a medida mais polêmica destas mudanças.

Cartão amarelo em pênalti
Quando um jogador comete um pênalti, o cartão amarelo é dado ou não de acordo com a gravidade da infração. Ao marcar o pênalti, o juiz será obrigado a aplicar no mínimo o cartão amarelo, independente da jogada feita.

Bola ao chão
Após o jogo ser interrompido e reiniciado pela bola ao chão, é constituído como um tiro direto. Entra em discussão se continua valendo uma finalização direta para o gol, a regra pode ficar mais complexa

Véu para equipes islâmicas
No ano passado, a Fifa vetou o uso de véus em times e seleções femininas, que sejam da religião muçulmana. A medida será discutida. A ideia é achar um meio-termo para respeitar a religião, sem atrapalhar o rendimento.

Spray
Já há alguns anos, o spray é utilizado para demarcar o local em que a barreira vai ficar, mas só na América do Sul. O uso do spray é considerado bem sucedido, e pode ser utilizado também em todas as competições.
Spray sendo utilizado:


COM A PALAVRA: José Roberto Wright, ex-áribtro

Neste sábado, a International Board faz uma reunião para estudar novas medidas no futebol. Para o amigo internauta entender, eles têm quatro votos, e a Fifa outros quatro, e são necessários seis para aprovar uma mudança. Sem a Fifa, nada feito. E entre elas, uma aponta para um possível retrocesso. A abordagem de não ser obrigatória a expulsão do jogador que impede, como penúltimo ou último homem, uma situação clara e manifesta de gol. A entidade alega que essa determinação traz uma punição tripla. Bobagem. A medida da expulsão foi fundamental para que brucutus sejam expulsos, e o bom jogo preservado.

Sobre a tecnologia para determinar se a bola entrou no gol ou não, que ficou para julho, serão oito propostas. Na minha experiência, a melhor é a colocação de duas microcâmeras na interseção do ferro da rede com o poste, uma de cada lado, sendo quatro no total. Quando comentava na TV Globo, defendi a medida, uma vez que assistentes podem não ver bolas encobertas. Acho uma bobagem os árbitros atrás dos gols. O custo alto e uma visão diferente, quase sempre não esclarecedores, deverá ser encerrada. Algumas outras alterações de pequena influência poderão ser encaminhadas para a próxima reunião do grupo.

ALGUMAS MUDANÇAS ADIADAS

Duas das regras que mais podem causar discussões ficaram apenas para julho. Com isso, sete mudanças vão ser discutidas no sábado. As que ficaram para depois são sobre os árbitros atrás dos gols, e da tecnologia na linha da baliza para determinar se a bola entrou ou não.

Inicialmente, existiam 13 propostas de tecnologias para deixar claro se o lance foi gol ou não, incluindo o famoso chip na bola, e um projeto que se assemelha o “Olho do Falcão”, utilizado no tênis (sistema que tem dispositivos em posições estratégicas. As combinações dos vídeos em câmera lenta permitem definir a posição da bola com clareza).

– Tem diferenças, até pelos tamanhos das bolas e da maior facilidade de encobrir a bola no futebol, mas o princípio entre os sistemas é semelhante – explica.

GRUPO DIVERSO

Os membros da força-tarefa são: Beckenbauer (ex-jogador e presidente do grupo), Pelé (Rei do Futebol e vice-presidente), Cafu (ex-jogador, capitão do Penta), Bobby Charlton (ídolo inglês), Marina Sbardella (jornalista italiana), os ex-jogadores Albertini, Bwalya, Curkovic, Hierro, Karembeu, Lupescu e Savicevic; a ex-jogadora Hooper; os ex-árbitros Carlos Alarcon, Massimo Busacca e Peter Mikkelsen; os dirigentes Dr. Jiri Dvorak (EUA, especialista em doping), Sunil Gulati (Federação dos EUA), Alex Horne (membro da Federação Inglesa), Lu Tracy (China, do Comitê de Futebol Feminino), Kohzo Tashima (membro da Federação Japonesa) e Theo Van Seggelen (holandês, representante da Fifpro).