Luis Eduardo de Freitas diz que ver o ex-jogador do Botafogo nos cinemas finalizou busca por raízes: 'Talvez eu tivesse que ter passado por isso'
Após 53 anos de sua morte, Heleno de Freitas ainda segue vivo na mente dos torcedores que o viram jogar. Mas seu filho, Luis Eduardo de Freitas, não tem esse tipo de memória. Criado pela mãe em Petrópolis (Rio de Janeiro), ele perdeu o contato com o ídolo alvinegro quando tinha apenas dois anos. Hoje, lamenta a distância entre os dois e aproveitou o lançamento do filme 'Heleno - O Príncipe Maldito' para matar as saudades. Apesar de ter apenas sete anos quando o ex-jogador faleceu, Luis se arrepende de nunca ter procurado o pai.
- Só me arrependo das coisas que não fiz. Queria ter procurado mais cedo, mas eu era muito garoto. Você vê em filme garotinhos rebeldes que botam mochila nas costas e vão correndo. Eu gostaria de ter tido essa capacidade de ir procurar, mesmo doente... Eu sinto saudade das coisas que não tive, de falar a palavra "pai". Isso me dá saudade, de ter tido um abraço de um pai - disse em entrevista ao 'Tá na Área'.
Apesar do sentimento saudosista, Luis não guarda mágoas do pai. Pelo contrário, sente orgulho do jogador, que ficou louco e morreu em decorrência de uma sífilis.
Luis Eduardo de Freitas relembra o pai
(Foto: Reprodução SporTV)
(Foto: Reprodução SporTV)
- Ele deve ter sentido uma falta muito grande de mim no final da vida dele... Pelas besteiras que ele fez na vida. Ele não estava preparado para casar, ter filho, ele estava preparado para ser uma estrela.
Ver o pai e a mãe retratados na tela do cinema foi como viver uma vida que não existiu. Há 40 anos, Luis pesquisa para tentar entender a história de Heleno, para entender suas raízes. A jornada incluiu visitas ao sanatório em Barbacena (MG), onde o pai passou os últimos dias de vida, e conversas com o médico que o tratou.
- É muito engraçado ver sua mãe e seu pai ali, né? Para mim, aquilo foi o final dessa minha busca. Acabou, acabou. Graças a Deus acabou. Talvez eu tivesse que ter passado por isso para ter a cabeça que eu tenho hoje.
O príncipe maldito
Em cartaz nos cinemas, a obra estrelada por Rodrigo Santoro resgata a polêmica trajetória do ex-jogador e ídolo do Botafogo Heleno de Freitas. Dono da bola nos anos 40, ele foi o primeiro 'craque-problema' do futebol brasileiro. Pelo Alvinegro, marcou 204 gols em 234 jogos, mas não chegou a conquistar um título sequer pela equipe. Abalado pela sífilis e fragilizado pelo vício em éter, acabou louco e morreu aos 39 anos, em um sanatório em Minas Gerais.