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Léo Rocha, do Treze, admite pensar na aposentadoria: ‘Nem quero mais jogar’

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Léo Rocha caiu em desgraça após perder pênalti diante do Botafogo, foi afastado pelo Treze e perdeu o prazer em jogar futebol Foto: Marluci Martins
Marluci Martins

É numa humilde viela na Taquara, numa casa de dois quartos, toda decorada em vermelho, que se esconde o verdadeiro herói da classificação do Botafogo na Copa do Brasil. Desde quarta-feira, quando cavou seu abismo com uma desgraçada "cavadinha", Léo Rocha, apoiador do Treze, não sai de casa, não dorme, não tem prazer. E já pensa até em abandonar o futebol.

— Foi minha maior decepção. Nem quero mais jogar bola, mas o problema é que não sei fazer outra coisa. Há muita injustiça nesse meio, e eu, um cara puro, sustento minha família — disse Léo, 27 anos, que perdeu o pai aos cinco, por motivo jamais explicado pela mãe, que mora em Valão do Barro, interior do Rio, com outros quatro filhos.

Após ter sido pivô da eliminação do Treze diante do Botafogo, Léo Rocha foi afastado pelo presidente do clube, Fábio Azevedo, ainda no Engenhão. Chorou à noite e, quando o sol nasceu, apresentou-se no aeroporto a fim de voltar para Campina Grande. Mas foi "aconselhado" a não seguir com a delegação. Assim, escondeu-se na casa que há 10 anos lhe serve de base quando está no Rio.

Já não há mais lar em Campina Grande. Um amigo tirou de lá suas roupas e, até, o Mitsubishi L200, que em breve virá para o Rio.

— O presidente me demitiu. Não há mais clima para mim em Campina Grande. Eu não estaria seguro lá.

O Engenhão também não lhe pareceu um lugar seguro na quarta-feira. Assim que defendeu o pênalti com um humilhante tapinha na bola, o goleiro Jefferson botou o dedo na sua cara. Cabisbaixo naquele dia, ontem Léo ainda não estava melhor.

— Bati o pênalti como eu me sinto seguro. Não fiz para desmerecer o Jefferson. Acertando a cobrança, eu não teria falado nada no ouvido dele. Mas foi no calor do jogo — destacou, disposto a perdoar o rival.

A eliminação foi mais uma perda num mês que começou com a comemoração de seus 27 anos, no dia 7. Uma semana antes da tragédia no Engenhão, Léo Rocha havia perdido a sogra, vítima de um infarte em Minas, para onde sua mulher viajou ontem com a filha do casal, Isabella, 2 anos.

— A fase está difícil — constatou Léo, descendo as escadas da viela da Taquara, sem destino, sem alegria.