José Henrique Fonseca diz que filme exalta paixão do ídolo pelo Botafogo e ressalta dedicação de Rodrigo Santoro na interpretação do jogador
As polêmicas, grandes jogadas, amores inesquecíveis e o final de vida trágico de Heleno de Freitas foram transformados em película em "Heleno - O Príncipe Maldito", que estreia nos cinemas no próximo dia 30. Ídolo do Botafogo da década de 40, que segundo o diretor filme, José Henrique Fonseca, foi o jogador mais interessante da história do futebol brasileiro.
- Quando o projeto surgiu eu fiquei fascinado pelo personagem. Tinha várias histórias e causos do Heleno, que era muito polêmico, e que a gente evitou colocar no filme. Fiz um filme bem ficcional, em cima da persona, que tinha tudo na vida. O alfaiate dele era o mesmo do Getúlio Vargas. Namorava as cantoras de rádio. Vivia no Copacabana Palace. Era um jogador bem instruído, de família bem razoável, advogado. Teve uma vida trágica. O Heleno talvez tenha sido o personagem mais interessante do futebol brasileiro. Mais do que o Garrincha ou Almir Pernambuquinho - disse Fonseca no "Redação SporTV" desta terça-feira.
O filme exalta a paixão de Heleno pelo Botafogo. Quando o atacante conquistou o único título de sua carreira profissional, com a camisa do Vasco, se recusou a entrar com a taça. Ao retornar de uma passagem pífia pelo Boca Juniors, pediu para voltar ao Botafogo, mesmo de graça. Com o time recém-campeão, todo ajustado, recebeu a negativa do então presidente Carlito Rocha. No Junior Barranquilla, da Colômbia, inspirou o então jornalista Gabriel Garcia Marquez a escrever quatro crônicas.
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Para a produção da obra as duas biografias publicadas foram consultadas. Foram entrevistadas várias pessoas de São João de Nepumuceno, em Minas Gerais, cidade natal de Heleno. José Henrique Fonseca destacou a dedicação de Rodrigo Santoro, que interpretou o jogador. O ator emagreceu 12 quilos para viver a fase final da vida de Heleno, que morreu louco, acometido pela sífilis:
- Trabalhar com Rodrigo é fácil porque ele se joga. É um mergulho vertical mesmo. Ele é boleiro, joga pelada. Ele investiu muito, treinou com o Cláudio Adão. A gente pegou o Claudio Adão pela matada no peito. A gente teve dois times de profissionais e o Rodrigo era o único não profissional, e se dedicou.
Outro convidado do programa, o jornalista e escritor de "O Globo", Arnaldo Bloch, lembrou o que seu pai, também botafoguense, lhe contava sobre Heleno.
- Meu pai fala muito dos olhos de louco do Heleno. Era boa pinta e tinha aquele olhar que só os loucos têm. O olho obsecado - disse Bloch.
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Através das redes sociais, o filho de um ex-companheiro de Heleno, Teixeirinha, entrou em contato com o "Redação SporTV". Aos 88 anos, o ex-jogador, que mora em Santa Catarina, lembrou de uma partida em que marcou o gol da vitória do Botafogo por 2 a 1 sobre o Fluminense, em 1947, nas Laranjeiras. Naquela partida, Heleno foi provocado o todo o tempo pela torcida tricolor e deu o passe para o gol de Teixeirinha. No final, deu o troco:
- Estávamos ganhando e no final a torcida começou a mexer com ele, porque ele era o melhor e aí então ele chegou para nós: "me pega e me leva na arquibancada e social" (esfregando a mão no rosto), colocando perfume. É uma pena que a imprensa não tenha explorado tanto esse homem - disse Teixeirinha.
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