Jornal popular já rendeu reclamações do Botafogo, publicou pôsteres do Flu no Mundial e de Cabañas, e afundou caravela do Vasco rebaixado
Com manchetes bem-humoradas e muitas vezes politicamente incorretas, o jornal “Meia Hora” conquista leitores e fãs desde sua criação, há sete anos. Moradores do Rio de Janeiro costumam dar uma paradinha em frente às bancas para conferir as impagáveis sacadas, que dependendo da repercussão circulam com rapidez pela internet. Um dos responsáveis pelo sucesso do diário, o editor de produção Humberto Tziolas esteve no “Redação SporTV” desta sexta-feira. Ele contou como as chamadas são boladas, lembrou capas provocativas aos clubes cariocas e até as que relataram assuntos sérios.
Tziolas trabalhava no jornal “O Dia” desde 1995. Seu comportamento espirituoso na redação rendeu o convite para fazer parte do tablóide, inspirado no extinto “Notícias Populares” de São Paulo:
- Levei um susto, mas foi bem legal.
O jornalista explicou no programa como é a reunião de pauta. Cinco jornalistas se reúnem por volta das 13h, mas começam a pensar nos fatos desde a hora em que acordam. E recebem sugestões não só dos colegas de redação:
- Todo mundo sugere manchete para o "Meia Hora". Dentro da redação e fora também. Às vezes um taxista conta uma piada e acaba virando manchete.
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Celebridades, Rio de Janeiro, serviço e futebol são os assuntos principais do diário. Grandes fracassos dos clubes cariocas são motivo de piada para a equipe. Quando o Vasco foi rebaixado para a segunda divisão, em 2008, a caravela do escudo afundou na capa, diante de um sacana urubu. Um pôster do paraguaio Cabañas foi publicado no dia seguinte à eliminação do Flamengo para o América do México, na Libertadores de 2008.
A mesma competição rendeu uma reclamação de um torcedor do Fluminense na Justiça. Quando o time perdeu a final da Libertadores para a LDU, o jornal produziu o pôster "Flu vai ao Mundial". Era uma montagem com os jogadores do time se dirigindo a um supermercado. O tal torcedor alegou propaganda enganosa do jornal e, tal como o Tricolor, não logrou sucesso (assista o vídeo acima).
- A sentença do juiz foi brilhante, favorável ao jornal, dizendo que a gozação entre torcedores e brincadeiras são inerentes ao futebol, e que se ele não suportasse isso que escolhesse outro tipo de esporte - lembrou Tziolas.
Depois do programa, o editor do "Meia Hora" conversou com o SporTV.com sobre assuntos que tiveram que ficar de fora da televisão. Como a manchete sobre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que eles desistiram de publicar. E as duas únicas reclamações recebidas - coincidentemente de desportistas do mesmo clube, o Botafogo.
Humberto Tziolas, do 'Meia Hora', no 'Redação SporTV' (Foto: Leonardo Filipo/SporTV.com)
Quando o Obama veio ao Brasil ele tinha marcado um comício na Cinelândia, mas depois desistiu, e o pronunciamento foi dentro do Theatro Municipal. A manchete era: “Obama peidou”. Mas acabamos voltando atrás. Achamos que estava agressiva.
Alguém já reclamou de alguma manchete?
Houve reclamações duas vezes, coincidentemente no mesmo time, o Botafogo, e na mesma época. Uma foi quando o Cuca foi demitido: “Cucaiu”. E outra foi no episódio do doping do Dodô, “Dodoping”. Ambos não gostaram, mas foram reclamações para repórteres nos treinos, nada gigante.
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Às vezes é difícil concorrer com a realidade?
Às vezes o próprio fato em si já é uma piada pronta. Mas às vezes não, a gente tem que mostrar o fato de uma forma bem humorada. E tem que ter a sensibilidade de entender quando é possível ou não fazer isso. Tem uma série de fatos tristes e ruins da cidade que não permitem uma brincadeira com isso. Então a gente fica no limite do bom gosto, do bom senso.
Vocês se consideram humoristas-jornalistas?
Não, nós somos jornalistas que procuramos noticiar os fatos com bom humor. Um jornalismo mais descontraído, que é a cara do Rio.
Como é a reação das pessoas quando sabem que você é um dos responsáveis pelas manchetes do "Meia Hora"?
Geralmente é muito positiva. Elas gostam, colecionam capas.
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E a sua família?
Gostam. Tem umas manchetes que eles perguntam, “Meu Deus, como é que você fez isso?”, mas eles gostam.
E as pessoas costumam sugerir manchetes para você?
Tem muita. Teve um exemplo recente. Quando teve a prisão do traficante Nem, o Flamengo havia perdido no Brasileirão e saído da zona de classificação da Libertadores. Também havia sido eliminado da Copa Sul-Americana. Uma piada que uma pessoa fez comigo virou manchete: “Rocinha se livrou do Nem. Flamengo, não. Nem Libertadores, Nem Copa
Sul-Americana, Nem título brasileiro".
Assista aos vídeos do programa
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