Integrante da delegação trezeana revela que jogador tinha um chute que unia 'precisão e força' e que nunca tinha tentado uma cavadinha antes
Era comum, após o fim dos treinos do Treze, ver o meia Léo Rocha pegando a bola para fazer o que mais gosta: trabalhar situações de bola parada. Tanto faltas como as próprias cobranças de pênalti. E o aproveitamento era excepcional. O melhor de todo o elenco trezeano. Até então ele nunca tinha executado nenhuma cavadinha, até a disputa de pênaltis contra o Botafogo, que custou a eliminação da sua equipe na primeira fase da Copa do Brasil.
Quem garante é um dos integrantes da delegação trezeana que viajou para o Rio e acompanhava os treinos diários do Treze. Ele pediu anonimato porque todos os funcionários do clube estão proibidos de falar sobre o assunto. É uma ordem do presidente Fábio Azevedo, que prometeu se pronunciar oficialmente apenas na próxima segunda-feira.
- Desde que chegou ao Treze, Léo Rocha é o jogador que mais treina situações de bola parada, embora ele ainda estivesse se readaptando ao futebol brasileiro, já que só estava atuando em grama sintética (o jogador veio do futebol do Azerbaijão). Posso garantir que, apesar de ele ter dito que costumava bater daquela forma, aqui, conosco, ele nunca tinha tentado cobrar daquela maneira.
Jefferson defende pênalti e vai reclamar de Léo Rocha (Foto: Fernando Soutello / Agif / Ag. Estado)
A escolha de Léo Rocha como o quinto batedor, que é aquele que costuma ser o mais eficiente do time, foi reflexo da confiança que a comissão técnica depositava nele. O próprio integrante da delegação, que confidenciou as informações, deixou claro que não esperava nunca que ele acabasse com o sonho do Treze daquela maneira, inapropriada para a situação.
- Eu tinha certeza que ele não perderia. Léo bate muito bem, juntando precisão e força, e o chute dele com a parte interna do pé é muito bom. Precisávamos daquele gol. Não era hora de tentar uma cavadinha.
Meia é afastado ainda no vestiário do Engenhão
(Foto: Thales Soares/GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Thales Soares/GLOBOESPORTE.COM)
O desentendimento com alguns membros da diretoria, em especial com o supervisor Gil Baiano, foi um fato isolado, de acordo com o trezeano. Léo Rocha recebeu apoio incondicional do seus companheiros. E retribuiu com um pedido de desculpas individual, enquanto se despedia do grupo, ainda no aeroporto. O jogador, apesar de ainda ter contrato em vigor com o Treze, vai ser dispensado.
- Trata-se de um bom menino, um bom garoto, e que tem um grande caráter. Falou com todos nós depois da partida, quando os ânimos estavam menos exaltados, e procurou se desculpar de um por um. Os jogadores ficaram ao lado dele. Somos unidos no Treze e provamos novamente com uma atitude admirável.
Entenda o caso
Depois de um duplo 1 a 1, nas duas partidas disputadas entre as equipes, o Botafogo vencia o Treze na cobrança de pênaltis por 3 a 2 no momento em que Léo Rocha se aproximava para bater o último pênalti do time paraibano.
O jogador tentou uma cavadinha, mas errou, e Jefferson defendeu com facilidade. Depois, o goleiro botafoguense correu em direção ao meia para reclamar. Outros jogadores alvinegros também reprimiram Léo e o clima esquentou no vestiário do time da Paraíba, inclusive com um membro da diretoria do Treze discutindo com o atleta.
Léo Rocha acabou afastado do clube ainda no vestiário. E no aeroporto, quando foi se despedir dos colegas, foi informado pelo presidente Fábio Azevedo que seria demitido.
Presidente Fábio Azevedo adotou a 'lei do silêncio' e só se pronuncia oficialmente na segunda-feira
(Foto: Rammom Monte)
(Foto: Rammom Monte)