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Na Câmara, Bom Senso pede futebol com profissionalização na gestão

Representante do movimento, zagueiro Paulo André participa pela primeira vez de debate em Brasília sobre a renegociação das dívidas dos clubes de futebol

 

Por Brasília


Um dos líderes do Bom Senso FC, o zagueiro Paulo André defendeu nesta terça-feira, em Brasília, uma maior profissionalização na gestão do futebol. O jogador corintiano esteve pela primeira vez na Câmara dos Deputados para participar de uma audiência pública sobre o projeto de renegociação das dívidas dos clubes.

- O que temos visto hoje é que muitas vezes se fala em fazer o parcelamento das dívidas dos clubes, mas o problema está na base de sustentação. A estrutura de gestão é precária. É necessária uma capacitação dos gestores e uma administração mais profissional - argumentou Paulo André.

Paulo André (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados) 
Paulo André (à direita) participa de audiência pública (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)

Apresentado no último mês de novembro pelo deputado Renan Filho (PMDB / AL) em conjunto com outros parlamentares, o Programa de Fortalecimento dos Esporte Olímpicos (Proforte) propõe a renegociação das dívidas tributárias federais acima de R$ 20 mil acumuladas por entidades desportivas, como ligas e clubes. As dívidas poderiam ser negociadas em até 20 anos, sendo que até 90% da parcela mensal seria paga com a concessão de bolsas a atletas de modalidades olímpicas e investimentos em equipamentos e infraestrutura. Os 10% restantes seriam pagos em dinheiro.

- Acho que a renegociação das dívidas é importante. É impossível que os clubes sobrevivam sem que ela seja renegociada. Mas a contrapartida para que isso aconteça tem que ser uma fiscalização e uma capacitação dos gestores para que não voltemos a falar disso novamente daqui cinco anos. Achamos que deveria ser criada uma agência reguladora para fiscalizar os débitos. Também temos mostrado e defendido diante da CBF, das federações e dos clubes a nossa vontade de, depois do parcelamento, aplicarem o fair play financeiro - defendeu Paulo André.

Após a audiência em Brasília, o zagueiro destacou a importância do convite para o Bom Senso participar das discussões do projeto.

- É um passo importante. O movimento vem sendo reconhecido e buscamos o que todo mundo quer: um calendário equilibrado para todos, transparência, gestão profissional e o resgate do nosso futebol com a formação de atletas e a capacitação de treinadores. Ninguém é contra isso. Agora, ninguém consegue apresentar projeto. O Bom Senso está trabalhando nisso para apresentar seus estudos e ajudar a apontar uma direção - concluiu Paulo André.

'Clubes podem fechar'

O presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, também participou da audiência pública em Brasília e afirmou que é fundamental a renegociação urgente das dívidas dos clubes, ou muitos times brasileiros podem fechar as portas nos próximos anos.

- Quero pagar. Reconheço as dívidas que tenho e quero pagá-las. Mas não da forma que está hoje. Da forma que está, a indústria do futebol vai fechar. Pagar a dívida é obrigação de todos os clubes, mas como vem sendo feito nenhum de nós vai sobreviver - disse o dirigente, que citou o último jogo do Botafogo no campeonato brasileiro para exemplificar o problema.

- No domingo, fizemos um jogo com 28 mil pagantes. A renda foi de mais de 500 mil reais. O Botafogo tirou dessa renda 50 mil reais. O resto foi para penhora de dívidas passadas. Assim é impossível gerir. O que precisamos fazer é achar uma alternativa para o pagamento dessas dívidas.