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Homem de Gelo por opção, Jefferson deixa os sorrisos para a família

Goleiro confessa ter sido uma criança levada, mas encara o futebol como algo que não combina com diversão

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro



Ele atende pelo apelido de Homem de Gelo. Mas, no Botafogo, o segredo do super-herói não está na identidade, e sim na intimidade. Jefferson, um dos maiores ídolos do clube na atualidade, é uma pessoa reservada e tímida por opção. O goleiro decidiu deixar de lado o clima de brincadeira no trabalho e reservá-lo exclusivamente para os momentos em que está sem o disfarce, ou melhor, sem o uniforme alvinegro.
Nos treinos e jogos, é quase impossível ver Jefferson sorrir. Ele admite encarar o trabalho como um lugar onde a brincadeira não tem vez. E leva esse preceito tão a sério que acaba por viver situações inusitadas, que, aí sim, depois provocam risadas.

- Nos dias de jogos, não falo com ninguém. Ninguém mesmo. Sequer atendo o telefone, pois gosto de ficar muito concentrado. Uma vez, minha mulher levou minha filha de surpresa ao Engenhão para entrar em campo comigo. Quando eu estava no túnel, ela ficou a dois metros de mim chamando meu nome, e eu não vi. De repente, uma funcionária do Botafogo colocou minha filha no meu colo. Eu olhei e pensei: “Conheço essa menina” - lembrou ele, que é pai de Nicole, perto de completar 3 anos, e Débora, de 6 meses.

Em casa sou outra pessoa em relação ao trabalho. Tem uns vídeos que, se forem parar na internet, jogam minha reputação lá para baixo. Imito algumas coisas, pago uns micos"
Jefferson
Jefferson costuma dizer que Dida é sua maior referência no futebol. O goleiro alvinegro cresceu no futebol trabalhando ao lado do ex-camisa 1 da Seleção Brasileira, treinando no Cruzeiro, e decidiu incorporar sua personalidade. Mas garante que, longe dos gramados, é brincalhão e que, quando criança, estava longe de ser um menino de gelo. Estava mais para fogo mesmo.

- Na infância nunca fui quietinho. Era levado e fiquei muitas vezes de castigo porque saía de casa e só voltava à noite, e ninguém me achava. Tudo para jogar bola e ir até as cachoeiras. Hoje em dia, em casa sou outra pessoa em relação ao trabalho. Brinco muito com minhas filhas e com meus amigos. Aliás, tem uns vídeos que, se forem parar na internet, jogam minha reputação lá para baixo. Imito algumas coisas, pago uns micos... - confessou.

Nas folgas, longe das noitadas e visitas frequentes ao zoológico


Muito apegado à religião, Jefferson ressalta que nunca fez noitadas e não passa perto da badalação. Fora do ambiente de trabalho, prefere reunir amigos para churrascos, sair para jantar com a família, ir ao jardim zoológico com as filhas e relaxar na praia. Ele garante conviver bem com as diferentes personalidades que formam um elenco de futebol. No entanto, prefere encarar o esporte como uma oportunidade única e que demanda seriedade em tempo integral.

- O futebol é rápido. Se a gente levar as coisas muito na brincadeira, quando vê, já passou. Tenho um ótimo relacionamento com todos no Botafogo. Mas tenho meu jeito de ser e não me misturo com algumas coisas. Também não gosto de aparecer - destacou.

Mas, então, o que é preciso para aquecer o Homem de Gelo? Jefferson afirma que raramente fica irritado. E que, quando fica, se controla para não deixar transparecer. Diz suportar os pequenos estresses sofridos no dia a dia, mas não aguenta ver alguém que ama sofrer.

- Algumas vezes fico nervoso e irritado quando levo uma fechada no trânsito ou quando sofro uma grosseria. Mas preciso controlar. Não gosto de dar motivo para discussão e corro de confusão ou briga. Nervoso mesmo eu fico quando mexem com a minha família. Quando minha mulher conta que teve algum problema com um estressado no supermercado, por exemplo, ou quando tem algum problema com minha filha na escola. O sangue sobe, mas é importante manter a calma.

Palavra de super-herói.