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Polêmica à parte, Loco Abreu é um dos líderes de Joel Santana

Em reunião para falar sobre declarações do uruguaio, elenco alvinegro pediu ao treinador redução do período de concentração

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro
Loco Abreu e Herrra no treino do Botafogo 
Loco Abreu e Herrra: duas das principais
lideranças do Botafogo (Foto: Ag. Estado)
O futuro ainda é incerto. Mas o presente de Loco Abreu no Botafogo segue com poucas mudanças. Depois da polêmica criada com Joel Santana por analisar de forma crítica a maneira de a equipe atuar, a grande chance era de que o clima passasse a não ser dos melhores para o uruguaio. Mas o que se diz em General Severiano é que o ambiente segue bom, apesar das especulações sobre possível interesse de outros clubes brasileiros.

A questão, aliás, povoa a cabeça dos dirigentes do Botafogo. Uns interpretaram a carta publicada em seu site oficial após a boa vitória sobre o Cabofriense – quando a polêmica com poderia ser minimizada – como uma espécie de “cavada” para deixar o clube. Outros enxergaram o episódio como uma questão pontual, mesmo que inoportuna.

Pessoas que vivem o dia a dia do Botafogo garantem que Loco Abreu mantém o seu usual espírito dentro e fora de campo, apesar de alguns terem observado que o uruguaio voltou das férias com uma fisionomia mais fechada, mas que o bom humor retornou aos poucos. No mais, ele segue com um diálogo franco com o gerente Anderson Barros e alternando conversas sérias e troca de apelidos com o vice de futebol André Silva. Em relação a Joel Santana, se o diálogo é “pouco fluente”, como admitiu em sua carta, o atacante continua a ser apontado pelo próprio treinador como uma das principais lideranças do elenco.

É a Loco Abreu que o treinador costuma se dirigir quando precisa da intervenção dos mais experientes do elenco. Faz o mesmo com Jefferson, Herrera e Alessandro, por exemplo. E, por isso, a longa reunião da última sexta-feira foi apontada por alguns do que estiveram presentes como tranquila.



Abreu explicou a Joel que foi mal interpretado e que jamais pensou em interferir no planejamento do treinador. Apenas criticou a atuação da equipe, com ele incluído, num tópico posteriormente minimizado. 

No encontro, aliás, outras lideranças do clube tiveram a palavra, mas a principal discussão foi de interesse coletivo. Os jogadores pediram que o treinador reduzisse o período de concentração.

Em algumas oportunidades no ano passado, o grupo foi reunido dois dias antes das partidas. Além disso, o elenco mostrou-se desgastado depois de quase 15 dias de confinamento durante a pré-temporada.

Alguns acreditam que Loco Abreu poderia ter ficado descontente por não ter assumido o posto de capitão depois da saída de Leandro Guerreiro. Mas sabe-se que, depois de escolher Marcelo Mattos, Joel Santana procurou Jefferson, Herrera e o próprio uruguaio – que eram os outros candidatos – para falar sobre sua opção.

Antes de escrever sua carta, Abreu frisou a ideia de deixar o clube caso estivesse prejudicando o ambiente. Alguns dias depois, admitiu aos dirigentes do Botafogo ter recebido uma sondagem do Cruzeiro, mesmo manifestando em General Severiano o desejo de permanecer. O clube sabe que pode perder o jogador, mas deixa claro que ele sai apenas se o clube interessado pagar os cerca de R$ 3 milhões referentes à multa rescisória.

Por que o maior ídolo de um clube colocaria seu posto à disposição? Se torcida, treinador e clube desejam sua permanência, a lógica aponta para um final feliz. Mas num episódio no qual o protagonista é alguém capaz de arriscar uma cavadinha numa semifinal de Copa do Mundo, lógica não entra em campo.