Em reunião para falar sobre declarações do uruguaio, elenco alvinegro pediu ao treinador redução do período de concentração
Loco Abreu e Herrra: duas das principais
lideranças do Botafogo (Foto: Ag. Estado)
lideranças do Botafogo (Foto: Ag. Estado)
O futuro ainda é incerto. Mas o presente de Loco Abreu no Botafogo segue com poucas mudanças. Depois da polêmica criada com Joel Santana por analisar de forma crítica a maneira de a equipe atuar, a grande chance era de que o clima passasse a não ser dos melhores para o uruguaio. Mas o que se diz em General Severiano é que o ambiente segue bom, apesar das especulações sobre possível interesse de outros clubes brasileiros.
A questão, aliás, povoa a cabeça dos dirigentes do Botafogo. Uns interpretaram a carta publicada em seu site oficial após a boa vitória sobre o Cabofriense – quando a polêmica com poderia ser minimizada – como uma espécie de “cavada” para deixar o clube. Outros enxergaram o episódio como uma questão pontual, mesmo que inoportuna.
Pessoas que vivem o dia a dia do Botafogo garantem que Loco Abreu mantém o seu usual espírito dentro e fora de campo, apesar de alguns terem observado que o uruguaio voltou das férias com uma fisionomia mais fechada, mas que o bom humor retornou aos poucos. No mais, ele segue com um diálogo franco com o gerente Anderson Barros e alternando conversas sérias e troca de apelidos com o vice de futebol André Silva. Em relação a Joel Santana, se o diálogo é “pouco fluente”, como admitiu em sua carta, o atacante continua a ser apontado pelo próprio treinador como uma das principais lideranças do elenco.
É a Loco Abreu que o treinador costuma se dirigir quando precisa da intervenção dos mais experientes do elenco. Faz o mesmo com Jefferson, Herrera e Alessandro, por exemplo. E, por isso, a longa reunião da última sexta-feira foi apontada por alguns do que estiveram presentes como tranquila.
Abreu explicou a Joel que foi mal interpretado e que jamais pensou em interferir no planejamento do treinador. Apenas criticou a atuação da equipe, com ele incluído, num tópico posteriormente minimizado.
No encontro, aliás, outras lideranças do clube tiveram a palavra, mas a principal discussão foi de interesse coletivo. Os jogadores pediram que o treinador reduzisse o período de concentração.
Em algumas oportunidades no ano passado, o grupo foi reunido dois dias antes das partidas. Além disso, o elenco mostrou-se desgastado depois de quase 15 dias de confinamento durante a pré-temporada.
Alguns acreditam que Loco Abreu poderia ter ficado descontente por não ter assumido o posto de capitão depois da saída de Leandro Guerreiro. Mas sabe-se que, depois de escolher Marcelo Mattos, Joel Santana procurou Jefferson, Herrera e o próprio uruguaio – que eram os outros candidatos – para falar sobre sua opção.
Antes de escrever sua carta, Abreu frisou a ideia de deixar o clube caso estivesse prejudicando o ambiente. Alguns dias depois, admitiu aos dirigentes do Botafogo ter recebido uma sondagem do Cruzeiro, mesmo manifestando em General Severiano o desejo de permanecer. O clube sabe que pode perder o jogador, mas deixa claro que ele sai apenas se o clube interessado pagar os cerca de R$ 3 milhões referentes à multa rescisória.
Por que o maior ídolo de um clube colocaria seu posto à disposição? Se torcida, treinador e clube desejam sua permanência, a lógica aponta para um final feliz. Mas num episódio no qual o protagonista é alguém capaz de arriscar uma cavadinha numa semifinal de Copa do Mundo, lógica não entra em campo.