Em tarde de 40 graus, atacante de 34 anos, após polêmica com Joel, sai da área, marca dois gols em jogadas de velocidade e reclama do calor
Um quase senhor de 34 anos, com sotaque portenho, acostumado a ficar na área à espera dos cruzamentos na medida para a arte de cabecear para o fundo das redes, que costuma executar com perfeição, foi obrigado a correr muito na tarde-noite deste sábado em pleno verão carioca de 40 graus no Engenhão, Zona Norte do Rio de Janeiro. O sol a pino pode ter cansado Loco Abreu fisicamente - o atacante não deixou de reclamar do forte calor -, mas não impediu o artilheiro de deixar a sua marca, em estilo com o qual o torcedor alvinegro não estava acostumado.
Recente protagonista de polêmica com o técnico Joel Santana, o atacante uruguaio cansou de esperar e resolveu partir em busca da bola e dos espaços no campo. Os dois gols que marcou na vitória por 3 a 1 sobre o Olaria foram em jogadas de velocidade no segundo tempo. No primeiro deles (segundo do Botafogo na partida), recebeu um lançamento longo de Alessandro, e, com velocidade, se livrou da marcação adversária para dominar e bater sem defesa. No terceiro, em bola esticada por Renato Cajá, arrancou do meio-campo para o ataque e, ao se aproximar do goleiro, deu a cavadinha que costuma usar nos pênaltis, encobrindo Renan Moura com categoria.
Após a partida, ainda no gramado, Loco Abreu - que em ambas as comemorações fez questão de abraçar todos os companheiros, mas no segundo gol alvinegro ignorou o afago de Joel -, explicou o motivo da mudança de característica.
- O atacante tem que tratar de simplificar o jogo, mas tem momento que é bom ter movimentação, contato com a bola, ter um diferente posicionamento para confundir o zagueiro, puxá-lo para criar o espaço para o volante criar...
Quando o repórter de uma rádio perguntou por que não tinha abraçado o treinador, Loco mostrou sua verve de frasista, desfazendo:
- Vocês querem procurar a quinta pata do gato preto!
O uruguaio fez elogios à atuação da equipe e não escondeu a insatisfação com o horário da partida no forte calor carioca.
- Acho que o time se saiu bem, mas o horário do jogo é uma loucura. A gente sabe bem que depende da televisão... Mas o corpo... A cabeça tá aqui, mas o corpo não dá... muito quente. Então, você tem que jogar com essa necessidade, sabendo que pra frente ainda tem mais jogo, muito corrido... O desgaste é difícil para fazer o gol, mas depois tem que deixar o desgaste para o time rival e a gente ficar bem posicionado - disse um cansado mas satisfeito Loco Abreu.