Sem controle, entidade já não reconhece mais a classe, que busca uma nova organização para seguir atuando após o dia 1º de outubro de 2011
Farta da expansão exagerada de pessoas envolvidas no meio dos contratos do futebol, a Fifa já anunciou que não se envolve mais no reconhecimento de novos agentes. Na tentativa de evitar que a classe dos empresários passem a atuar sem regras, a partir de 1º de outubro de 2011, a quinta reunião entre os membros de associações, liderada pela EFAA (Associação de Européia de Agentes de Futebol) e com o apoio da Abaf, acontecerá no Rio de Janeiro, na próxima terça-feira.
A ideia da Associação Brasileira de Agentes Fifa é concluir o mais breve possível um novo padrão que terá de ser respeitado por quem quiser manter sua licença ou obter uma da data demarcada em diante. Antes, já houve encontros que geraram documentos de intenções, e avançaram as conversas a respeito, em Dubai-EAU, Londres-ING e duas em Zurique-SUI.
Da esquerda para direita: advogado Bichara Abidão,
agente Léo Rabello, advogado Marcos Motta,
agente Jorge Moraes e agente Reinaldo Pitta
agente Léo Rabello, advogado Marcos Motta,
agente Jorge Moraes e agente Reinaldo Pitta
Ao longo do tempo, a entidade maior do esporte passou a não dar conta da quantidade de litígios, processos e reclamações em geral que iam parar em sua sede, sob a alegação de que somente 35% das transações eram realizadas por agentes credenciados. O restante seria de "atravessadores", e jogadores e clubes os deixavam circular e assinar procurações.
O número é contestado pelo presidente da Abaf, Jorge Moraes, que trabalha com atletas como Gum, do Fluminense, Andrezinho, do Inter, e Aírton, do Benfica-POR.
Temos 330 agentes no Brasil, a Fifa se baseia em estatísticas com pesos distintos. Caso seja validado, em dinheiro, a quantidade do que foi movimentado, somos responsáveis por pelo menos 85% das transferências. Isso porque em negócios pequenos, que são muitos, para países com pouca expressão, o próprio jogador ou o pai leva a conversa. A Fifa até tentou extinguir a classe, mas já está provado no futebol que não é possível. Em casos grandes, é preciso ter alguém sem envolvimento emocional e com conhecimento para negociar.
A Fifa tentou acabar com os agentes, mas viu que não é possível. Vamos unir e organizar a classe com esse novo padrão mundial"
Jorge Moraes
Para limpar a casa
Entre as mudanças propostas está um seminário semestral para que haja uma reciclagem contínua, uma padronização dos contratos, que contam com multa absurdas, e também um "pente fino" em quem está pagando as taxas e, de fato, exerce a profissão, para que seja facilitado o trabalho. O hoje técnico Edinho, por exemplo, está filiado à associação de agentes, assim como o pai do jogador Léo Inácio (ex-Fla, Flu, Botafogo e Vasco), hoje no Sendas, que, na prática, teve apenas o filho como seu "cliente". Eles vão ser contatados.
O advogado Marcos Motta, especializado em direito esportivo, representa a entidade nacional, que conta com outros empresários de alto quilate, como Léo Rabello, Reinaldo Pitta e Eduardo Uram. Confiante, Moraes crê que em breve será divulgada uma nova ordem na questão. No momento, já estão proibidos novos credenciamentos. Ainda assim, o Brasil só esta atrás de Itália, Espanha e Inglaterra no número de agentes Fifa.
- Haverá uma união da classe, algo que precisamos há algum tempo. A culpa e as acusações sempre caem sobre nós, mas não funciona assim. Todos aqui pagam alugueis de escritório e são contratados perante a lei. Entendo que haja quem discorde, mas os membros da Efaa não viriam a troco de nada ao Rio. Eles estão interessados em nos ter participando ativamente para que tudo seja reorganizado novamente.
Presidente Jorge Moraes, em seu escritório
(Foto: André Casado / Globoesporte.com)
(Foto: André Casado / Globoesporte.com)
Voz dissonante
O discurso mantém uma linha até semelhante, porém já existe um sindicato de agentes descontentes com a atuação da Abaf e que promete retaliar algumas posturas tomadas nesta terça-feira.
- É preciso criar uma instituição que seja neutra, principalmente para rever quem tem credibilidade no mercado. Ser agente Fifa virou só um status. Por essa confusão, saímos como bandidos e aproveitadores nas situações. A Abaf teve várias oportunidades para começar a dar um jeito nisso e jamais o fez. A Fifa começou a se afastar em 2005 - reclamou Pedro Braga.