Amigo admite falta de estrutura familiar dificulta trabalho para mostrar ao atacante a importância de cumprir regras e evitar novas polêmicas
Jobson: 'anjo da guarda' para evitar novas
polêmicas (Foto: Photocâmera)
Janílton Brandão de Oliveira foi zagueiro até 2005. Mas China, como ficou conhecido no futebol, nunca teve tanta dificuldade para marcar um atacante como Jobson. Designado para ser uma espécie de anjo da guarda do atacante, ele tem a missão de tentar conduzi-lo ao caminho da disciplina e do comportamento que está de acordo com o de um atleta profissional. É dele em grande parte a responsabilidade de colocar o atacante novamente nos trilhos após seu afastamento do grupo principal do Botafogo por ter chegado atrasado ao treino da última sexta-feira.polêmicas (Foto: Photocâmera)
China, de 34 anos, mostra não ser daqueles que fazem o amigo acreditar estar certo enquanto todo o mundo está errado. Ele estava em São Paulo quando Jobson faltou ao treinamento e voou imediatamente para o Rio de Janeiro quando a nova crise estourou. Acompanhando Jobson na cidade há cerca de cinco meses – quando o atacante retornou ao Botafogo –, ele procura mostrar que é preciso respeitar hierarquias e dar satisfações quando decide não obedecê-las.
- O Jobson não gosta muito de conversar. Ele sabe que errou, mas não sabia como se redimir. A maior dificuldade é que é preciso mostrar a ele o tempo inteiro que, quando se assume um compromisso, é preciso cumprir as regras. Não se trata de imaturidade. Ele saiu de casa muito cedo e não teve estrutura familiar. Por isso, vem reaprendendo alguns valores, que estavam invertidos. Ele nunca deu valor a respeito e disciplina, por exemplo, e fica difícil colocar algumas coisas na cabeça de um jovem de 22 anos. Para ele, muitas vezes é normal dormir, não treinar e não avisar - disse ele, que nos tempos de jogador defendeu clubes como Portuguesa, Ituano e Figueirense e encerrou a carreira no Sampaio Corrêa.
O anjo da guarda mora na cobertura do jogador, num bairro de classe média da Zona Sul do Rio de Janeiro, ao lado da mãe, da mulher e do filho de Jobson, além de alguns parentes que o visitam. A presença da família foi um ponto importante discutido pelo Botafogo ao decidir por sua contratação, que somou-se à necessidade de acompanhamento psicológico e psiquiátrico para sua recuperação após a suspensão por doping, no fim de 2009. Isso sem falar nos frequentes testes toxicológicos aos quais é submetido em General Severiano.
Recentemente Jobson chegou a ser afastado de algumas partidas porque, segundo a diretoria do Botafogo, não vinha se comportando de maneira adequada. Leia-se presença constante na noite carioca, embora tenha-se negado qualquer recaída em relação ao consumo de drogas. Segundo China, o atacante alvinegro vem procurando se conter, mas ele admite que uma das grandes lutas é afastar o amigo de qualquer tipo de estímulo por parte de algumas companhias.
- Se alguém fica do lado incentivando, é difícil ele dizer não. O Jobson quer sair porque sente-se prestigiado. Tanto é que vai a lugares de muito movimento. É difícil afastá-lo das pessoas que não têm o mesmo compromisso, e muitas vezes ele não consegue assimilar que não possível caminhar ao lado dessas pessoas - destacou.
Os dois anos de amizade fazem China também saber que, ao mesmo tempo, é impossível deixar Jobson desacompanhando. Daí a importância de ter no Rio de Janeiro ao seu lado aqueles que o conhecem desde os primeiros passos, em Conceição do Araguaia, sua cidade natal, no Pará. São eles que ajudarão o atacante a vencer antigos vícios para finalmente tornar-se atleta e homem.
- Ele precisa ter sempre alguém por perto. O Jobson sente carência. Precisa olhar para os cantos e ver gente - resumiu.