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Loco Abreu e Túlio Maravilha: encontro histórico no Engenhão

Artilheiros batem bola no gramado do estádio e trocam elogios, em união de ídolos de duas gerações do Botafogo

Por Gustavo Rotstein e Thiago Fernandes Rio de Janeiro
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Túlio e Abreu se cumprimentam no Engenhão
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
 
O Botafogo pode voltar a disputar a Libertadores após 15 anos. Da última vez que isso ocorreu, o Alvinegro tinha Túlio Maravilha como seu homem-gol. Agora, o possível retorno à competição mais importante da América pode se dar com a ajuda de outro carismático artilheiro. 

Loco Abreu chegou em 2010 para preencher a lacuna deixada por aquele que foi o principal nome do título do Brasileirão de 1995. E como numa união de forças entre passado e presente, os ídolos se encontraram pela primeira vez.

- Tem que ser mesmo Loco para vestir a camisa do Botafogo, não é? - brincou Túlio ao cumprimentar Abreu, ainda no estacionamento do Engenhão.

O camisa 13 sorriu. E mesmo há menos de um ano no Botafogo, mostrou já conhecer o suficiente da história alvinegra para saber que a classificação para a Libertadores de 2011, assim como foi a conquista do Campeonato Carioca de 2010, não será uma tarefa fácil:

- Quem conhece o Botafogo, como você, sabe que tudo aqui é sofrido - respondeu o uruguaio.

E foi assim. Fluiu de maneira natural e alegre a conversa entre Túlio e Abreu. Enquanto rumavam ao gramado do Engenhão – que neste domingo abriga a decisiva partida contra o Grêmio Prudente, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro – falaram sobre passado, futuro e família. Também nem precisou de muito tempo para que os dois desfilassem bom-humor à sua maneira. O Maravilha de um jeito mais escrachado, e Loco usando a ironia:
- Conheço o Túlio desde que ele nos fez sofrer marcando aquele gol com a mão sobre o Uruguai na final da Copa América - disse ele, com um sorriso, referindo-se à final da competição de 1995.

 - Pecho! - respondeu Túlio, usando o portunhol e repetindo o gesto do lance que abriu o placar na decisão realizada no Estádio Centenário, em Montevidéu.

Artilheiros trocam habilidades e brincadeiras

As habilidades, aliás, não ficaram nas palavras. Os dois andaram mais alguns passos rumo ao gramado do Engenhão e, com uma bola nas mãos, fizeram um intercâmbio de habilidades. Túlio mostrou como se faz a matada de peito e reproduziu o polêmico gol de calcanhar que marcou sobre o Universidad Católica, do Chile, no Maracanã, pela Libertadores de 1996.

- Se eu faço isso hoje, me cortam a cabeça - disse o uruguaio.
Em seguida, Loco Abreu ensinou a Túlio a famosa cavadinha, que deu o título estadual deste ano ao Botafogo. O atacante de 41 anos demorou a pegar o jeito e mostrou admiração.

- Quando o vi fazendo, entendi o porquê do apelido. É preciso muita habilidade e confiança para fazer aquilo. É uma arma que tem para confundir o goleiro - observou.

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No gramado do Engenhão, Loco Abreu ensina a cavadinha a Túlio Maravilha (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
 
Com diferentes recursos e o mesmo faro de gol, Loco Abreu e Túlio Maravilha compartilham a idolatria da torcida. Para o herói de 1995, o uruguaio chegou para ocupar um posto vago no coração dos alvinegros. E no papel de mais experiente, deixou um conselho para aquele que pode ser considerado seu sucessor.

- Depois de 95 o Botafogo não teve mais um ídolo que chamasse a responsabilidade e que servisse como referência, principalmente para as crianças. Eu me senti arrependido de ter saído do clube e ter ido para o Corinthians. Hoje poderia ser o maior artilheiro da história do Botafogo. Meu conselho é que você se apegue ao clube e encerre a carreira aqui, pois tem todas as condições de fazer história.

Já Loco Abreu evitou qualquer tipo de similaridade:

- Não dá para comparar, porque eu fico pequeno. Desde que a gente chega ao Botafogo vê a história e ouve falar do Túlio. Ainda é preciso muito para chegar perto do que ele fez. Ele é ídolo, eu estou fazendo um caminho - frisou.


Loco Abreu, de 34 anos, mostrou admiração por ver Túlio em forma e atuando pelo Botafogo-DF e ouviu a importância de uma vida regrada para a longevidade da carreira. Em seguida, o Maravilha soube que o uruguaio pretende ser treinador quando encerrar a carreira, mas ao contrário do mais novo amigo, que já exerceu um mandato como vereador em Goiânia, não se interessa pela política.

A parceria que nasceu rapidamente no bate-papo e no bate-bola pode voltar ao gramado do Engenhão. Mas desta vez, valendo. Com 929 gols na carreira, segundo suas contas, Túlio pretende marcar o milésimo em 2012, com a camisa do Botafogo. E elegeu o artilheiro Loco Abreu como seu garçom.

- Você vai estar aqui em 2012? Então vai ser passe de Loco Abreu e gol mil de Túlio Maravilha.
Combinado?

- Fechado - decretou o uruguaio.

Antes, porém, pode haver um ensaio geral. Túlio Maravilha e Loco Abreu serão convidados por Zico para atuar no Jogo das Estrelas, dia 26 de dezembro, no Engenhão.