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Muricy Ramalho deixa o Fluminense

Treinador pede demissão após o Fla-Flu alegando insatisfação com a estrutura do clube e entra na mira do Santos

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
Muricy Ramalho Fluminense (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo) 
Muricy Ramalho em seu último jogo pelo
Fluminense (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
 
Muricy Ramalho não é mais o técnico do Fluminense. Declarando-se insatisfeito com a estrutura do clube, ele assinou a rescisão de contrato no sábado e aguardou apenas o fim do clássico contra o Flamengo, neste domingo, para comunicar a sua decisão. Ele se despediu dos jogadores no vestiário e deixou o Engenhão sem dar entrevista. A explicação para a saída chegou por meio de uma nota de sua assessoria de imprensa:

- Tomei esta decisão há alguns dias, mas, devido ao clássico de hoje, achei correto esperar o jogo. Quando cheguei ao clube, foram prometidas duas condições: uma equipe para ser campeã e a melhoria na estrutura física do clube. A primeira foi conquistada com o título do Campeonato Brasileiro de 2010, e a segunda, a melhoria na estrutura, não foi realizada. Quero muito agradecer a todos que trabalharam comigo durante esse período e dizer que meu ciclo foi encerrado no clube. Quero agradecer também a Unimed, através de seu presidente Celso Barros, parceiro em todos os momentos, pelo apoio recebido durante todo o meu trabalho, e ao Alcides Antunes, que batalhou junto. O agradecimento especial é para a torcida do Fluminense pelo total apoio enquanto comandei o time. Desejo muito sorte e sucesso à diretoria, à equipe, aos funcionários e à torcida.

 
Agora sem clube, Muricy vai receber uma proposta do Santos, que vem sendo comandado de forma interina por Marcelo Martelotte desde a demissão de Adilson Batista. O presidente do clube paulista, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, afirmou neste domingo que iria atrás do treinador se a saída dele fosse confirmada.

- Muricy é um treinador que tem uma história muito rica, tem muita competência. Provou isso novamente ganhando o Brasileiro do ano passado. Um treinador com características vitoriosas sempre interessa ao Santos - afirmou.

Muricy Ramalho, que tinha contrato com o Fluminense até 2012 e sempre elogiou a pouca interferência da política no futebol, estava insatisfeito também com o vazamento de notícias nos últimos dias e com a instabilidade no clube. Recentemente, rumores davam conta de que ele teria brigado com Alcides Antunes e que os dois sequer se falavam. Muricy sempre fez questão de negar e elogiava o vice de futebol, demitido nesse sábado em anúncio feito pelo presidente Peter Siemsen.

Quando cheguei ao clube, foram prometidas duas condições: uma equipe para ser campeã e a melhoria na estrutura física do clube. A primeira foi conquistada com o título do Campeonato Brasileiro de 2010, e a segunda, a melhoria na estrutura, não foi realizada"
Muricy Ramalho
 
Foi o mandatário tricolor que deu entrevista após o empate por 0 a 0 no Fla-Flu, para comentar o pedido de demissão de Muricy Ramalho. Ele disse que recebeu a notícia no sábado de manhã.

- O Muricy disse ter dois objetivos. A conquista do título brasileiro foi alcançada, mas acha que a melhoria das condições do clube não foi alcançada. Logo no início do trabalho, me deparei com a saída de um dos melhores técnicos do Brasil e do mundo. Todos nós sabemos que nossa estrutura é antiquada e questionada há muitos anos. Concordo com o Muricy, e uma das minhas metas é a reconstrução do Fluminense. Vamos nos matar de tanto trabalhar para que nunca mais nos deparemos com uma situação como essa. Tínhamos um dos melhores treinadores do Brasil e não conseguimos progredir por causa desse problema. Estamos tristes e desejamos sucesso a ele - afirmou Siemsen.

Muricy Ramalho chegou ao Fluminense em abril do ano passado, ocupando a vaga deixada por Cuca. Estreou em uma derrota por 3 a 2 para o Grêmio, no Maracanã, pela Copa do Brasil. E acumulou em sua passagem 28 vitórias, 15 empates e 11 derrotas em 54 partidas.

Um dos capítulos mais marcantes do treinador foi a recusa ao convite da Seleção Brasileira, em agosto. Sem a liberação dos cartolas tricolores, disse não ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira. No fim do ano, conquistou o título do Campeonato Brasileiro, pela quarta vez na carreira, e tirou o Flu de uma fila de 26 anos de espera.