Expulso pelo árbitro Sandro Meira Ricci contra o São Paulo, técnico eleva o tom para reclamar e avisa que também sabe gritar quando é preciso
Em uma partida cheia de alternativas, o Botafogo virou sobre o São Paulo, com três gols de Herrera, fez 4 a 2 no Engenhão, e largou bem no Campeonato Brasileiro. Motivos suficientes para repercussão, especialmente após recentes eliminações no Carioca e na Copa do Brasil, no início do mês. Mas o duelo reservou uma situação inusitada, ainda mais em se tratando de Oswaldo de Oliveira. Normalmente equilibrado, o treinador perdeu o controle ao ser expulso pelo árbitro. Segundo ele, em desabafo posterior, uma simples reclamação fez Sandro Meira Ricci tomar tal atitude e o levou a contestar o tratamento diferente.
- Primeiro, quero pedir desculpas, perdi o equiíbrio, o que não costumo fazer, e quero explicar o que houve. Em nenhum momento reclamei da arbitragem para ser expulso. Apenas falei que o lateral era nosso na jogada. Eu não sou assim. Gosto e prezo muito o meu companheiro de profissão (Emerson Leão, do São Paulo), mas ele reclamou várias vezes e não se chegou ao ponto que o árbitro chegou comigo. É um tratamento para lá, outro aqui. Tem quem ganhe no grito, mas eu não sou assim normalmente. Não sei o que é, mas fica claro que treinadores são tratados de forma diferente. Peço desculpas à comunidade futebolística, já que isso não faz parte da minha conduta pessoal e profissional, ainda mais em um espetáculo nacional - afirmou Oswaldo, em pronunciamento que precedeu a entrevista coletiva.
Sobre a partida, o comandante acredita que o time até foi melhor tecnicamente na primeira etapa, mas a determinação imposta nos 45 minutos finais foi crucial para superar o Tricolor Paulista, muito elogiado por ele.
- Foi na raça mesmo, porque jogamos melhor no primeiro tempo. Nossa equipe perdeu o equilíbrio quando levou o gol e começou a "queimar" a bola no pé. Nesse momento, ainda tiveram o apupo da torcida. Mas depois nos equilibramos novamente e fizemos uma partida interessante contra o São Paulo, que é muito difícil de ser batido, uma equipe bem preparada e de qualidade, com Lucas e Luís Fabiano, por exemplo, nos contra-ataques - avaliou.
Minutos depois, o assunto arbitragem voltou à tona, e Oswaldo reforçou seus sentimentos.
- Nem conheço o árbitro, eu não fico conversando com eles depois da partida, não tenho amigos nesse meio. Só quero ser tratado da mesma maneira que os outros. Não é porque eu não trato mal as pessoas que posso ser depreciado. Não faz sentido. Eu me controlo porque estou diante de um plateia e num espetáculo nacional. Mas não tenho sangue de barata, meu irmão! Quando é preciso, também vibro, grito e participo - frisou.
Ao se levantar da cadeira, na sala de imprensa, Oswaldo, nascido no subúrbio carioca, amenizou o tom e brincou:
- Hoje fui mais Realengo - comentou, arrancando risadas, em alusão ao bairro em que foi criado
Ao longo da semana, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) emitiu uma nota colocando em dúvida a escalação de Sandro Meira Ricci em jogos de paulistas contra cariocas.
Principalmente após o empate entre Vasco e Corinthians, na última quarta-feira. Na próxima rodada do Brasileirão, domingo, o Alvinegro enfrenta o Coritiba, no Couto Pereira.