Contra o calendário e depois de sofrer uma lesão grave no joelho, zagueiro do Botafogo já é o jogador de linha com a maior série ativa na Série A
O calendário do futebol costuma obrigar as comissões técnicas a administrar o estado físico de seus jogadores para evitar lesões e, assim, muitas vezes alguns deles são poupados em momentos importantes. Por isso, é cada vez mais difícil alguém emplacar uma longa série consecutiva de jogos. O zagueiro Fábio Ferreira, do Botafogo, vem mostrando que isso é possível e, domingo, contra o Coritiba, no Couto Pereira, chegará aos seu 42º seguido, mais do que qualquer outro jogador de linha entre os 20 clubes da Série A.
Fabio Ferreira se exercita no Botafogo para manter a sequência (Foto: Thales Soares / globoesporte.com)
No momento, Fábio Ferreira só perde para dois goleiros entre os jogadores da Série A. Victor, do Grêmio, lidera a estatística com 56 jogos seguidos, um a mais do que Magrão, do Sport. Discreto nas palavras e avesso a entrevistas, o zagueiro não chama a atenção só pelo corte de cabelo, mas pela sua resistência, conquistada depois de muito trabalho, consequência de um drama pessoal vivido no fim de 2010, quando sofreu uma lesão no ligamento cruzado e no menisco externo do joelho esquerdo.
- Até esse evento, ele apresentava alguma dificuldade para treinar e incorporar a cultura usada no Botafogo. Essa lesão mexeu muito com a cabeça dele. Foi um marco de referência por um trauma de um tempo inativo. Na maioria das pessoas, boas ou ruins, dá um novo norte, pensa no que seria da vida - comentou o fisiologista Altamiro Bottino.
Depois disso, Fábio Ferreira dobrou a dedicação aos treinamentos. A lesão aconteceu no dia 2 de outubro de 2010, quando o Botafogo empatou em 1 a 1 com o Flamengo. Ele só voltou a jogar no dia 15 de maio do ano seguinte, em um amistoso com o América-MG (1 a 1), em Juiz de Fora, uma semana antes da estreia do time no Campeonato Brasileiro. De lá para cá, não sabe o que é se machucar. O último jogo em que ficou fora no empate em 1 a 1 com o Independiente-COL, pela Copa Sul-Americana, no dia 29 de setembro do ano passado, no Engenhão.
- São raríssimos os casos em que um jogador não retorna ao departamento médico com alguma lesão muscular depois de uma cirurgia e um longo tempo de inatividade, o que seria normal no caso do Fábio Ferreira. A gente esperava que isso pudesse acontecer, mas ele deu uma guinada muito importante, com muita aplicação nos treinos, nas sessões de fisioterapia e entendeu a importância da fisioterapia preventiva - disse Altamiro.
Além do trabalho feito com a equipe de preparação física e o departamento médico do Botafogo, os atributos de Fábio Ferreira ajudam, apesar de seus números nos testes não serem excepcionais. Mas Altamiro explica que essa leitura é compensada com a capacidade do jogador em superar um momento de pressão e resistir.
- Ele tem realmente uma resposta muito boa para a recuperação. Em todos os resultados de escala de cansaço, termografia, não tem queixa, é acima da média. A variável nele enverga, mas não quebra - comentou Altamiro, destacando a importância de um trabalho específico da preparação física, setorizado pela exigência nos jogos. - Separando o que cada um necessita, poupa de estresses exagerados. Você reproduz no treinamento a dose mais próxima do real, sem exigir demais, procurando quantificar o trabalho do jogo.
A série de jogos seguidos do zagueiro vem desde a derrota por 2 a 0 para o Atlético-GO, em Goiânia, no dia 2 de outubro de 2011, coincidentemente, um ano depois da data da grave lesão no joelho. Contra o Coritiba, Fábio Ferreira terá mais uma vez a companhia de Brinner. Será o quarto jogo seguido da dupla, já que Antônio Carlos segue em recuperação de um edema ósseo no joelho direito.