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CBF: rebeldes ameaçam barrar mudança estaturária

Federações podem reagir contra Teixeira em assembleia marcada para o próximo dia 29, no Rio


Ricardo Teixeira (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)  
Teixeira poderá ter dificuldades para aprovar mudança estatutária (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
 
Daniel Leal e Marcelo Damato
Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP)
 
As federações rebeldes poderão dificultar as mudanças estatutárias que serão propostas pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na Assembleia Geral Extraordinária da entidade marcada para o dia 29, no Rio de Janeiro.
Os rebeldes tentaram marcar o encontro por iniciativa própria, na mesma data. A intenção era debater o futuro da CBF caso Teixeira se afastasse de seu cargo.

O dirigente, no entanto, abafou a reunião ao convocar assembleia com uma pauta própria, o que irritou os rebeldes, liderados pelas federações de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Um dos pontos que serão debatidos pelas federações é a reforma parcial do estatuto da CBF. As entidades ainda não sabem quais modificações serão propostas. Porém, comenta-se nos bastidores que as alterações devem estar ligadas à sucessão de Teixeira.

– Pode não haver nenhuma proposta de mudança quanto a poderes, como também pode ter. Temos de sentar à mesa e ouvir a proposta – disse o mandatário da Federação Goiana de Futebol (FGF), André Pitta, fiel a Teixeira.

Os rebeldes ameaçam barrar a votação. Oficialmente, afirmam que a proposta de mudança deveria ser entregue antecipadamente para poder ser votada já na reunião do dia 29. Segundo apurou a reportagem, as federações tomarão conhecimento das alterações apenas dois ou três dias antes do encontro.

– Se for debater qualquer proposta estatutária, não vai ser nessa reunião. Se tiver, vai ser numa outra, especificamente para isso, dizendo o que vai ser reformado. Não pode ser assim, tem de dizer primeiro o que vai ser reformado – contestou o presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), Edinaldo Rodrigues.

Barrar a votação também seria uma reação à convocação da assembleia. Porém, os rebeldes precisarão buscar novos aliados para atrapalhar os planos de Teixeira.

Segundo o estatuto da CBF, a aprovação das mudanças depende do voto favorável de dois terços dos presentes. Hoje, são sete as federações rebeldes: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Pará. Faltaria, então, o apoio de três outras para barrar as alterações.

Na visão de rebeldes, há alguma manobra por trás da mudança estatutária. Porém, não sabem ainda ao certo a intenção de Teixeira.

Sucessão anunciada?

Sucessor natural em caso de renúncia de Teixeira, o vice da CBF para a Região Sudeste, José Maria Marin, já teria dito a presidentes de federações aliadas como agiria caso assumisse a entidade.

Segundo mandatários de entidades estaduais, Marin teria dito que abriria espaço dentro de sua gestão para as federações. O nome do vice mais idoso da CBF, com 79 anos, é contestado pelos rebeldes.

– Não recebi nenhuma ligação. Acredito que outras federações que estão junto conosco também não. Como somos contra (à permanência de Marin), acho que não vai nos procurar – afirmou Edinaldo Rodrigues, presidente da FBF.
O mandatário da FGF, André Pitta, aliado de Teixeira, garantiu não ter sido procurado:

– A princípio, não é uma conversa correta. Enquanto o Ricardo for presidente, ninguém deve falar dessa forma.
Ex-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marin esteve à frente da CBF durante cerca de 40 dias, entre dezembro e janeiro deste ano, período em que Teixeira se licenciou devido a problemas de saúde.