Sociólogo afirma que extinção das organizadas não é um bom caminho
Maurício Murad pede plano nacional de segurança no futebol, e destaca que prevenção é sete vezes mais barata, eficaz e rápida que a repressão
Estudioso da violência no futebol brasileiro, o sociólogo Maurício Murad esteve no "Arena SporTV"
na tarde desta terça-feira, dia 26, em meio a todo o problema ocorrido
em função da morte de um torcedor boliviano de 14 anos, chamado Kevin
Espada, durante partida entre Corinthians e San José, em Oruro, na
Bolívia, pela Taça Libertadores. O menor H. A. M., de 17 anos, que confessou ter sido o responsável por disparar o sinalizador que matou o adolescente boliviano,
é integrante há dois anos da torcida organizada Gaviões da Fiel. Murad
pede medidas preventivas e repressivas diante das organizados, mas não a
extinção delas.
- A extinção não (seria um bom caminho). Defendo que precisamos de um
plano nacional de segurança para o futebol, que implica em três grandes
momentos e três conjuntos de medidas interligados - destaca o estudioso,
para em seguida detalhar cada um desses conjuntos através de
determinadas medidas.
Menor de 17 anos, que assumiu crime, é integrante da Gaviões da Fiel (Foto: Daniel Romeu / globoesporte.com)
- (É preciso) medidas de curto prazo e repressivas, como, por exemplo, a
prisão, levar o processo até o fim, e que as punições sejam garantidas
dentro da legislação. Medidas de médio prazo, de prevenção, como, por
exemplo, controle das redes sociais. A prevenção é em torno de sete
vezes mais barata, eficaz e mais rápida do que a punição. E medidas de
longo prazo, de caráter reeducativo, para mudar esse cultura das
organizadas, de machismo, exclusão e intolerância à diferença.
Maurício Murad ainda informa um dado que julga "estarrecedor": o
Tribunal de Contas da União, ao avaliar os processos criminais no
Brasil, incluindo-se os do futebol, concluiu que 95% deles não são
finalizados.