Jefferson deixa discussão em campo com Seedorf de lado: 'Morre ali'
Oswaldo minimiza o fato e exalta liderança do holandês. Gabriel diz que ele às vezes pega pesado ao dar bronca, mas reconhece quando se excede
Seedorf e Oswaldo de Oliveira conversam durante
o clássico (Foto: Márcio Alves / Ag. O Globo)
o clássico (Foto: Márcio Alves / Ag. O Globo)
Durante o primeiro tempo do clássico com o Flamengo, domingo, no Engenhão, uma discussão à distância entre Jefferson e Seedorf
chamou a atenção. Na ocasião, o Botafogo perdia por 1 a 0 e um chutão
do goleiro para a frente irritou o holandês, que fez gestos reclamando
de sua atitude. A resposta aconteceu no mesmo tom.
Um dos protagonistas da história, Jefferson deixou claro que o fato não
vai influenciar no seu relacionamento com Seedorf. Ele mantém sua
admiração pelo companheiro e afirmou que o acontece no campo fica no
campo.
- Isso acontece sempre, com vários jogadores. Como envolveu o Seedorf,
teve uma repercussão maior. Ele é um grande jogador e o admiro demais. A
cobrança vai sempre existir, pois qualquer jogador em campo está com o
sangue quente, mas cada um tem sua postura. Não dá para pedir por favor,
mas é preciso ter respeito. Na hora, não concordei com a maneira que
ele falou e tenho minha posição. Mas o que acontece no campo morre ali.
Sem ressentimento algum - afirmou Jefferson.
O técnico Oswaldo de Oliveira
minimizou o caso, apesar da declaração de Jefferson na saída de campo
para o intervalo, afirmando que "não é Seedorf que tem que querer. É o
Oswaldo. A gente faz o que pode ali atrás. Se der, a gente sai jogando.
Se não der, vai dar chutão mesmo". O comandante garantiu que o fato faz
parte do passado.
- É natural, é uma coisa que a gente discute. Dentro do intervalo nós
procuramos racionalizar isso, porque nós vimos o Flamengo jogar,
sabíamos que eles pressionam, como nosso time faz também, como a maioria
das equipes fazem, não dar chance ao adversário de se organizar. Então
eles conversaram durante o jogo, nós conversamos durante o intervalo e
no final do jogo isso foi conversado novamente. Está tudo bem, são dois
profissionais que têm plena consciência daquilo que eles têm que fazer,
não nos causa problema algum - disse Oswaldo.
Não foi a primeira vez que Seedorf demonstrou em campo sua irritação.
Nos treinamentos, ele já havia protagonizado uma reclamação contra a
atitude dos companheiros durante um período de concentração em
Saquarema, no qual chegou a arremessar um copo com água no chão. Em uma
atividade no Engenhão, teve uma rápida discussão com Antônio Carlos. No
vestiário, já se desentendeu com Fábio Ferreira, que deixou o clube,
emprestado ao Criciúma.
Apesar disso, Seedorf é bem visto pelos companheiros, como uma peça
fundamental no objetivo do Botafogo de voltar a conquistar títulos
importantes. Oswaldo considera sua liderança extremamente positiva e não
acha que um fato como o que aconteceu no clássico seja capaz de
atrapalhar o relacionamento do grupo.
- (A liderança de Seedorf é) muito positiva, é um contraste, é uma
posição diferente, o bacana dele é que ele também procura se ajustar,
também aceita quando sofre críticas, tem sido uma relação muito saudável
dele com os outros jogadores, isso tem ajudado nosso trabalho - afirmou
Oswaldo.
No grupo, Seedorf tem Gabriel, de 20 anos, como um dos jogadores mais
próximos, principalmente pelo período que passaram juntos logo em sua
chegada em julho do ano passado. O jovem abre o jogo e fala que o
holandês realmente pega pesado em alguns momentos.
- Todo mundo quando vai dar uma bronca está de cabeça quente e pega um
pouco mais pesado do que deve, mas depois ele reconhece também, a gente
conversa no vestiário, toma um banho, fica tranquilo, esfria a cabeça.
Aí ele até sabe que exagerou um pouquinho, vem conversar com a gente,
isso é muito importante. É um cara experiente, de 36 anos. Ele ganhou
tudo isso no futebol não é à toa. A gente sabe, os mais jovens e até os
mais experientes, que tem que respeitar. O que ele está falando é para o
bem do Botafogo - revelou Gabriel.