'Pressionado', presidente do clube admite contratar hermano para o clube, que pega Botafogo na Copa do Brasil e jamais enfrentou o Boca Juniors-SE
Time do River Plate-SE antes da final
do Estadual de 2010 (Foto: Futura Press)
do Estadual de 2010 (Foto: Futura Press)
Já imaginou o clássico Boca Juniors x River Plate sendo disputado em Sergipe? Pois isso pode acontecer mais fácil do que você imagina. Não com os grandes clubes argentinos, diga-se de passagem, mas sim com dois xarás nordestinos que disputam o Campeonato Sergipano. Entretanto, falta combinar com o destino. As equipes não conseguem se enfrentar nem mesmo quando estão na mesma divisão do Estadual e há dificuldades para marcar um simples amistoso.
Antes de realizar esse sonho, o River Plate-SE, campeão sergipano em 2010, enfrentará um gigante do futebol brasileiro. Debutante na Copa do Brasil, terá pela frente o campeão carioca, o Botafogo, dia 23 , em casa. Conseguir um bom resultado para que haja o segundo jogo no Rio de Janeiro é o objetivo principal agora do clube, que quer colecionar pitorescas histórias como a do clássico jamais disputado com o Boca, iniciada em 2007.
Nessa época, o compositor Beto Caju, apaixonado por futebol, decidiu criar um clube. Como em Sergipe já existia a Sociedade Boca Júnior de Futebol Clube, cuja criação foi em 1993, na cidade de Cristinápolis, ele entrou em acordo com o São Cristóvão, fundado em 1967 em Carmópolis, para mudar o nome e transformá-lo em Sociedade Esportiva River Plate.
A ideia era conseguir ajuda do famoso River Plate, principalmente com material esportivo e até com jogadores, e de quebra movimentar o futebol de Sergipe criando uma rivalidade com o Boca de Cristinápolis, que fica a 146km de Carmópolis.
Não deu muito certo. Apesar de o xará virar notícia até na Argentina, o River original jamais deu bola para o sergipano. Em compensação, dinheiro não faltou. Carmópolis é uma cidade que convive com polpudos royalties de petróleo, que dão ao município cerca de R$ 20 milhões por ano. O governo municipal passou a apoiar o time. A folha salarial hoje é de R$ 180 mil, bem diferente da realidade do futebol nordestino.
A prefeita Esmeralda Mara Silva Cruz, em viagem à Argentina, trouxe na bagagem uniformes do River Plate. Tudo para que o clube sergipano pudesse confeccionar as camisas de forma mais semelhante possível à do River original.
O tão esperado clássico com o Boca Juniors também nunca saiu dos sonhos. Quando surgiu, em 2007, o River ficou em um grupo diferente do Boca na Segundona de Sergipe. O time de Cristinópolis se classificou para as semifinais, subindo de divisão na sequência. O River, não. Em 2009, de novo os clubes ficaram em chaves diferentes. Dessa vez quem passou de fase foi o representante de Carmópolis. O Boca ficou na Segundona, e em 2010 viu o River Plate ser campeão na elite logo em sua primeira participação.
- Quando eles não estão disputando campeonato, desativam o futebol. Por isso fica difícil até marcar amistoso - explicou o atual presidente do River, Ernando Rodrigues.
Jogadores do River Plate na volta olímpica pelo título de 2010 (Foto: Francisco Stuckert/Futura Press)
Se o tão esperado embate não acontece, o River já estuda a possibilidade de se identificar com os hermanos de uma outra forma. A diretoria espera, em breve, contar com jogadores argentinos em seu plantel.
- É tanta gente perguntando que já estamos pensando nessa possibilidade. Já teve um empresário de São Paulo oferecendo jogadores argentinos... Mas tem que ser bom de bola, senão não vale. O River está começando sua história agora e teremos tempo para isso - explicou o dirigente.
'Você não vale nada, mas eu gosto de você'
Ernando assumiu o River Plate no fim de 2009. Sem tempo para comandar o clube, Beto Caju passou a presidência do clube para ele. Mas foi com o compositor que surgiu uma das histórias mais curiosas do time de Carmópolis. Durante a Segundona de Sergipe, o time estampou a marca do grupo de forró Calcinha Preta como um de seus patrocinadores. Fruto da amizade de Caju com a banda, que ficou famosa durante a novela "Caminho das Índias" com o hit "Você não vale nada, mas eu gosto de você".
- O Beto Caju fez uma proposta para o grupo e nós aceitamos. Já patrocinamos também o Confiança, o Itabaiana... Sempre que possível, ajudamos os clubes de Sergipe de alguma forma - disse o empresário do Calcinha Preta, Gilton Andrade.
Camisas do River Plate com patrocínio do Calcinha Preta (Foto: Reprodução)
- Eu tenho uma causa trabalhista contra o Botafogo, assim como muitos outros jogadores, e talvez isso dificulte um pouco. Mas tenho esse sonho, sim, de encerrar a carreira lá ou até em um outro grande clube. Felizmente no Brasil está acabando essa história de que jogador com mais de 30 anos está velho. O que eu tenho que fazer é me manter bem fisicamente para ganhar uma oportunidade - disse Valdson, que completa 36 anos em maio.
Além de Valdson, o River Plate tem em seu elenco o atacante Bebeto, ex-Corinthians, e outros jogadores que perambularam pelo forte interior paulista. Também de São Paulo veio o treinador Ailton Silva, que trabalhava nas categorias de base da Portuguesa.