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Dossiê que motivou unificação dos títulos brasileiros vai virar livro

Odir Cunha, jornalista responsável pela pesquisa, espera que o lançamento ocorra no início de 2011

Por Klima Pessanha Rio de Janeiro



A CBF está muito perto de anunciar oficialmente a unificação dos títulos do Campeonato Brasileiro - passando a incluir também as Taças Brasil e de Prata - e um dos grandes responsáveis para isso é o jornalista Odir Cunha, autor de um dossiê que fez com que os dirigentes da confederação se sensibilizassem com a ideia. O trabalho dele, inclusive, vai virar livro - ainda sem título definido - a ser lançado no início do próximo ano. O dinheiro arrecadado servirá para compensar os investimentos realizados. 

Odir Cunha atendeu a um pedido do então superintendente do Santos, José Carlos Peres, no fim de 2008. O dirigente recebeu a missão do presidente do Peixe na época, Marcelo Teixeira, e então contratou o jornalista para a elaboração do dossiê.

Cunha largou o emprego para se dedicar exclusivamente à busca por personagens, documentos e reportagens que mostravam que tanto a Taça Brasil quanto a Taça de Prata tinham o mesmo peso do Brasileirão. Recebeu um prazo de três meses para concluir o trabalho, mas precisou de mais. Valeu a pena. Com tudo em mãos, pulou para uma nova etapa: passar à frente todo o conhecimento que adquiriu.

- Primeiro, quis informar a imprensa, pois ela é a retransmissora de tudo o que acontece. Partimos para a realização de painéis para os jornalistas. Fizemos no Palmeiras, depois no Fluminense, e então coordenamos um no Santos, onde estava o João Havelange. Ele foi o presidente da CBD na época e é a prova viva de que foram campeonatos oficiais. Felizmente está lúcido, é a pessoa mais importante para definir isso - disse o jornalista, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.

Alheio às discussões de que clube tem mais título ou quem é o maior vencedor do país, Odir Cunha considera que a unificação do título tem um propósito muito mais importante. Com a oficialização, nomes importantes do futebol brasileiro e que ajudaram a escrever em campo a história do esporte poderão, enfim, ter seus feitos reconhecidos.

- Não é uma questão de ranking, de quem tem mais título. Isso é uma análise rasteira da situação. O que está acontecendo é apenas a valorização de uma época de ouro do futebol brasileiro. Toda decisão da CBF não é aceita por unanimidade. Mas qual o objetivo que o presidente Ricardo Teixeira teria para fazer essa unificação? Ele não é torcedor de nenhum desses clubes... É uma atitude nobre dele - disse Odir Cunha

67 e 68 com dois campeões?
Com a mudança a ser oficializada pela CBF, o Santos é o maior beneficiado e passaria a ter reconhecidos como títulos nacionais cinco triunfos na Taça Brasil, disputada de 1959 a 1968, e um no "Robertão", também chamado de Taça de Prata (realizado de 1967 a 70). O Palmeiras, com mais quatro títulos incorporados (dois de cada competição), também se tornaria octacampeão. Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Fluminense passarim a ter mais um título brasileiro cada no currículo.

Consciente de que o assunto é polêmico e encontra forte resistência principalmente de torcedores de outros clubes, Odir Cunha se armou de argumentos contra os que são não são a favor da unificação. E dentre as contestações mais usadas por quem quer manter tudo como está o fato de que o Brasil teria dois campeões em 1967 e 1968, quando tanto a Taça Brasil quanto o Robertão foram disputados.

Odir Cunha reconhece que esse é um ponto que ainda pode gerar discussão, mas acha hipocrisia não considerar o Palmeiras (duas vezes em 67), Santos (68) e Botafogo (68) campeões brasileiros.

- Havia mais ou menos 40 argumentos, e o último que restou foi esse. A Taça Brasil estava se encerrando, e o Robertão foi experimental nos primeiros anos, uma espécie de Rio-São Paulo ampliado. Se formos ser realistas, talvez a CBF tenha que definir apenas um campeão. Mas acho que esse é um argumento hipócrita. Teve um ano que o Flamengo venceu duas vezes o Campeonato Carioca (1979). Sabe quantos anos teve títulos divididos em São Paulo? 14. O Rio-São Paulo teve três edições com dois campeões. A Argentina tem dois campeões há 20 anos, um do Apertura e um do Clausura. Essa história de ter dois campeões é um detalhe mínimo, ínfimo perto da importância da unificação. Por causa disso vamos deixar de mudar? Isso é uma tese de quem não quer. Acho mais justo dar os títulos a quem foi campeão, seria uma forma de respeito ao público, aos jogadores, aos árbitros e a quem esteve envolvido naquelas competições - opinou o jornalista.

A CBF já começou a se mobilizar para organizar uma festa para homenagear todos os jogadores que foram campeões da Taças Brasil e do Robertão. A expectativa é que a confederação se pronuncie de forma oficial ainda em 2010.

Veja os títulos que a CBF vai passar a contar na lista de campeões nacionais
Taça Brasil

1959 – Bahia
1960 – Palmeiras
1961 – Santos
1962 – Santos
1963 – Santos
1964 – Santos
1965 – Santos
1966 – Cruzeiro
1967 – Palmeiras
1968 – Botafogo

Torneio Roberto Gomes Pedrosa / Taça de Prata

1967 – Palmeiras
1968 – Santos
1969 – Palmeiras
1970 – Fluminense