Mesmo longe, atacante cultiva fanatismo e é visto pelos torcedores como um importante personagem da história do clube
Retorno do Parque Central teve ajuda de Abreu
(Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
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Para a torcida do Botafogo, ele é um ídolo. Para os uruguaios, um herói. Mas para o Nacional, Loco Abreu tem papel de mito. Ou mais do que isso. Ele nunca escondeu que o Tricolor de Montevidéu é o clube de seu coração, mas sua devoção vai além do simples ato de torcer. E a recíproca é verdadeira quando se trata da admiração dos fanáticos.
Loco Abreu faz parte da história do Nacional. Não apenas pelos títulos conquistados (foram cinco troféus e uma artilharia) ou pelos gols marcados (foram 42 em 60 partidas oficiais disputadas) em três passagens (2001, 2003 e 2004/05). Mas porque faz questão de estar sempre presente, mesmo ajudando fora de campo. Como em 2003, quando contribuiu para o ressurgimento do Gran Parque Central, o estádio do Nacional, que até então estava abandonado.
- Alguns torcedores decidiram investir com 30 mil dólares cada comprando camarotes no estádio. O dinheiro seria utilizado nas obras de recuperação. E Abreu foi uma das 26 pessoas que pagaram este valor antes mesmo que houvesse uma garantia de que tudo daria certo. Ele é um dos nossos. Um símbolo do Nacional, que até hoje faz favores e ajuda anonimamente o clube - disse Hector Charquero, uma espécie de colaborador informal, que, assim como El Loco, é sócio vitalício do Nacional.
Camarote de Loco Abreu no Parque Central: devoção ao clube de coração (Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
O atacante cultiva o seu camarote (ou “palco”, como chamam os uruguaios), o de número 14, decorado com uma bandeira do Uruguai e do Nacional e com uma foto do gol que marcou na reinauguração do estádio, em 2005. Quando está em Montevidéu durante uma competição, faz questão de ir com a família assistir às partidas no Parque Central. Família que também é toda de associados.
Atacante protagonizou o 'Dia do Medo', comemorado pelos torcedores do Nacional
Camarote 14, de Abreu, lembra 'Dia do Medo'
(Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
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- Às oito horas da manhã do dia seguinte que sua mulher deu à luz aos seus dois filhos mais novos, Sebastián me ligou e disse: “Os repetidos nasceram. Faça deles sócios imediatamente” - lembrou Charquero, referindo-se aos gêmeos Franco e Facundo.
Em 2003, Loco Abreu protagonizou um importante capítulo da centenária história do Nacional. Até hoje os torcedores comemoram o 2 de abril como o “Dia do Medo”. Naquela data, o Tricolor conseguiu na Justiça o direito de escalar o atacante, apesar do protesto do Peñarol, que alegava irregularidade. No clássico seguinte, o Nacional venceu por 3 a 1 o seu maior rival, com dois gols do camisa 13, e conquistou o Torneio Apertura. O episódio do “Dia do Medo” está tatuado em seu braço esquerdo e também dá nome ao seu camarote no estádio.
Amigos Raquel e Hector: certeza da volta do ídolo
(Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
(Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
Segundo aqueles que vivem o dia a dia do Nacional, Loco Abreu está constantemente em contato para saber como vai o time. Além disso, liga antes e depois das partidas para transmitir apoio e, meio brincando e meio sério, pede para que avisem ao treinador que guarde um lugar para ele na equipe. É o seu desejo retornar para encerrar a carreira em seu clube de coração. É o sonho de fanáticos como Raquel Methol, outra colaboradora e amiga do atacante.
- Não sei quem vai ser o presidente ou o treinador da época. Mas tenho a certeza de que ainda verei Loco Abreu vestir novamente a camisa do Nacional.