Veja os momentos marcantes segundo Gonçalves, os jogadores mais importantes, os minutos-chave da decisão e as curiosidades
Momentos guardados na memória, título que fez transbordar em alegria várias gerações de torcedores. Nesta sexta-feira é dia de os botafoguenses puxarem na memória aqueles lances, as declarações e o choro ao reverem a campanha da conquista do Campeonato Brasileiro de 1995. A cada repetição em vídeos, recordações em fotos, as lembranças dos ídolos. Há exatos 15 anos o Botafogo conquistava o Brasil depois de um empate por 1 a 1 com o Santos, no Pacaembu lotado de paulistas. Por ter vencido a primeira partida por 2 a 1, ficou com a taça.
- Foi uma conquista marcante, que vai ficar na memória de todos. Conseguimos superar as dificuldades daquela época, que era a falta de estrutura, salários atrasados. A força dos jogadores para superar tudo foi fundamental para conquistar o título - lembra Gonçalves.
Com 14 vitórias, nove empates e quatro derrotas em 27 jogos ao longo da competição, o Glorioso se consagrou campeão e ainda teve na figura do ídolo Túlio o artilheiro, com 23 gols marcados.
Ao se classificar para a semifinal na fase de mata-mata, o Glorioso eliminou o Cruzeiro após dois empates - 1 a 1 em Minas Gerais e 0 a 0 no Rio de Janeiro. Na final, contra o Santos, vitória por 2 a 1 no Maracanã e empate por 1 a 1 em São Paulo.
Foto do time no gramado do Marcanã, na primeira partida da decisão (Foto: Arquivo / Agência O Globo)
Na ocasião, foi considerado o primeiro Brasileiro do clube. Porém, como a CBF decidiu reconhecer os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa como conquistas nacionais, equiparando-os ao Campeonato Brasileiro, o troféu de 1968 passou a ser o primeiro alcançado pelo clube.
- Aquele título proporcionou a formação de uma nova geração de botafoguenses, crianças que começaram a ouvir dos pais, amigos e familiares sobre aquela conquista. A torcida recuperou a autoestima com aquele título que sonhava havia muitos anos. O grande legado deixado pela campanha de 1995 foi a formação de uma nova geração que passou a torcer pelo time - argumenta Gonçalves.
Vale lembrar ainda que o Campeonato Brasileiro de 1995 foi o primeiro em que todas as vitórias passaram a valer três pontos, seguindo uma determinação da Fifa. Além desta curiosidade, o GLOBOESPORTE.COM lembrou outros cinco momentos importantes daquela conquista, cinco detalhes e cinco jogadores importantes. Confira!
Tulio e o seu troféu particular, a bola do jogo da
decisão (Foto: Arquivo / Agência O Globo)
decisão (Foto: Arquivo / Agência O Globo)
Os cinco jogadores mais importantes:
* Túlio (atacante): foi o artilheiro do Brasileiro com 23 gols e deixou a sua marca em decisivos jogos, como nas duas partidas da final.
* Donizete (atacante): ao lado de Túlio, era o responsável por incomodar a defesa dos adversários.
* Wagner (goleiro): dono de excelente defesas, salvou o time principalmente no segundo jogo da decisão.
* Sérgio Manoel (meia): organizava o time e distribuía o jogo. Era o garçom dos atacantes e motorzinho do time.
* Gonçalves (zagueiro): consistente na defesa, evitava que os atacantes rivais chegassem até o gol. Fez um bom campeonato e se tornou ídolo da torcida.
Os cinco minutos-chave da decisão:
* 24 do primeiro tempo: Botafogo faz 1 a 0. Sérgio Manoel cobra falta, Jamir desvia de cabeça, e Túlio, em posição de impedimento, marca.
* 1 do segundo tempo: Santos empata em mais um lance irregular na partida. Marquinhos Capixaba levou a bola com o braço direito, e Marcelo Passos se aproveitou do lance para marcar.
* 29 do segundo tempo: Marcelo Passos cobra falta no ângulo esquerdo, e Wagner começa a se transformar em um dos heróis do jogo, ao fazer grande defesa de mão trocada.
* 34 do segundo tempo: Marcelo Passos cobra falta pela esquerda, e Camanducaia completa de cabeça para as redes. Lance rápido e muito difícil, mas é assinalado impedimento inexistente do jogador santista.
* 37 do segundo tempo: após rebote de Gonçalves, Geovanni pega a bola na entrada da pequena área e chuta forte e rasteito no canto esquerdo de Wagner, que opera um verdadeiro milagre. Defesa excepcional. A defesa do título.
Os cinco momentos mais marcantes, segundo Gonçalves:
Xerife em 1995, Gonçalves hoje é agente de
jogadores (Foto: Globoesporte.com)
jogadores (Foto: Globoesporte.com)
"Lembro que, logo após o primeiro jogo da decisão, a torcida ficou temerosa mesmo com a vitória (por 2 a 1). E os santistas fizeram a festa, apesar da derrota. Fui até os torcedores e pedi para que comemorassem, pois tínhamos condições de conquistar o título em São Paulo"
"No segundo jogo, o primeiro gol foi marcante. Ali ganhamos uma confiança maior, de que podíamos conseguir o empate ou até mesmo vencer."
"Mas, após o empate do Santos, foi um momento de tensão. O Wagner ainda fez duas defesas espetaculares e nos deu mais força para evitar que o Santos chegasse no gol. Tudo foi importante"
"O apito final do árbitro também foi marcante. Ali a ficha caiu e sentimos que tínhamos conseguido realizar o sonho"
"Depois foi a chegada no Santos Dummont. Ficamos surpresos com a quantidade de torcedores que invadiram a pista do aeroporto. Eram várias carreatas na rua, milhares de pessoas, e isso ficou marcado"
Cinco curiosidades:
* Após a decisão no Pacaembu, o então presidente Carlos Augusto Montenegro ironizou os jogadores do Santos, que pintaram o cabelo de vermelho após eliminarem o Fluminense de forma surpreendente na semifinal (ao fazerem 5 a 2, depois de sofrerem um 4 a 1 na partida de ida). "O meu time sabe a hora de pintar o cabelo", disse Montenegro na ocasião.
* Com uma lesão na coxa direita, Donizete era dúvida para a partida no Pacaembu. Em uma conversa com Ronaldo Torres, preparador físico na época, Túlio disse que a presença do Pantera era imprescindível, por isso correria por ele. O camisa 9 entrou em campo com uma proteção no local e jogou os 90 minutos. No fim da partida, quase marcou o segundo gol, mas a bola bateu no trave esquerda.
* Túlio pegou a bola do jogo logo depois do apito final e não a largou mais. Virou troféu do campeão e artilheiro do campeonato, de um jogador que acabou com várias escritas durante a competição: a de que não marcava em clássicos (fez gols contra Vasco e Flamengo), fora de casa (fez o gol da importante vitória contra o Goiás, no Serra Dourada), em jogos decisivos (fez gols na semifinal, contra o Cruzeiro, no Mineirão, e na final, nos dois jogos contra o Santos) e belos gols (autor de uma pintura contra a Portuguesa, no Maracanã).
* Na volta da delegação para o Rio de Janeiro, logo após o jogo decisivo, o aeroporto Santos Dumont foi tomado por torcedores alvinegros, que invadiram a pista e viram o avião com Túlio na janela da cabine dos pilotos. A comemoração na cidade começava aí, com engarrafamentos na Zona Sul (o Túnel Rebouças parou) e uma multidão em frente ao velho casarão de General Severiano, que ainda não havia sido retomado pelo clube.
* O apoiador Sérgio Manoel jogou as duas partidas da final já negociado. Antes mesmo do primeiro jogo, no Maracanã, ele já tinha acertado com o Cerezo Osaka, do Japão, mas nada interferiu na sua atuação.
A ficha da final:
Santos 1 x 1 Botafogo
Edinho, Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso, Marcos Adriano; Carlinhos, Marcelo Passos, Robert (Macedo); Jamelli, Giovanni, Camanducaia | Wágner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves, André Silva (Moisés); Leandro Ávila, Jamir, Beto, Sérgio Manoel; Donizete, Túlio |
Técnico: Cabralzinho | Técnico: Paulo Autuori |
Gols: Túlio, aos 24 minutos do primeiro tempo; Marcelo Passos, a um minuto do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Jamelli (Santos); Wilson Goiano, Túlio e Wágner (Botafogo). | |
Estádio: Pacaembu. Data: 17/12/1995. Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG). Público: 28.488 |