Volta à escola: presidente do Bota inicia MBA em Gestão e Marketing Esportivo
Maurício Assumpção e mais quatro integrantes do clube carioca apostam no mundo dos negócios para tentar melhorar a administração do Glorioso
Marcel Lins e Raphael Andriolo
Rio de Janeiro
Aos 46 anos, o cirurgião-dentista e professor universitário Maurício Assumpção retorna à escola. Mas dessa vez, o presidente do Botafogo estará do outro lado da sala sentado em uma carteira, compondo a turma de MBA em Gestão e Marketing Esportivo, no Centro do Rio de Janeiro. Em meio à crise dos clubes cariocas, o Glorioso aposta nos estudos para tentar melhorar a administração alvinegra e virar essa página.
Além do presidente, mais quatro profissionais estão inscritos no curso: o diretor executivo, Sérgio Landau; o gerente geral das categorias de base, Sidnei Loureiro; o gerente de esportes olímpicos, Miguel Ângelo da Luz; e o representante da assessoria de imprensa, Carlo Carrion.
Bem-humorado, o presidente alvinegro brincou com o fato de ter tantos amigos na mesma turma e disse o que espera do curso, que tem duração de um ano e meio, da Trevisan Escola de Negócios.
- Só espero que não tenha prova, porque eu vou colar. Voltar à sala de aula é sempre muito estimulante. Independentemente se você está sentado na cadeira ou dando aula, o aprendizado é sempre muito grande. Acho que vai ser muito prazeroso, vou aprender como me qualificar dentro do esporte, como me tornar mais profissional para poder ajudar o Botafogo a ser um clube vitorioso.
O exemplo: vôlei brasileiro
Ary Graça Filho, presidente da CBV, dá palestra para a turma de Maurício Assumpção
A Aula Magna foi ministrada pelo presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça Filho. O dirigente da CBV conversou com a turma por quase três horas, falou sobre a falta de profissionalismo e planejamento no esporte brasileiro, a busca de patrocinadores e o sucesso do vôlei verde e amarelo nos últimos anos, que acumula títulos em todas as categorias (masculino e feminino).
- Credibilidade é o fator chave da vitória do vôlei do Brasil. Como você vai ter credibilidade se você não paga um jogador e a comissão técnica em dia? Como você vai ter hierarquia se o técnico perde dois jogos e ele vai para a rua, ninguém coloca a culpa em atleta.
Ary Graça Filho fez questão de elogiar a iniciativa de Maurício Assumpção de procurar uma alternativa para mudar o panorama da administração no Botafogo.
- Nos clubes cariocas, as coisas estão muito erradas. Ou se reformula totalmente o sistema administrativo do clube, ou então os clubes vão continuar do mesmo jeito. Acho, simplesmente, uma humildade quem quer aprender. Outros presidentes são donos da verdade, esse não. Esse disse, eu não entendo, preciso aprender. Se o Maurício continuar assim, aprendendo, segurando a folha de pagamento, em dois anos, o Botafogo ressurge das cinzas e vai faturar - apostou o dirigente da CBV.
Paciência para colher os frutos do trabalho
Turma lotada e atenta na Aula Magna do MBA em Gestão e Marketing Esportivo
Desde o dia 27 de novembro de 2008, quando foi eleito presidente do clube, Maurício Assumpção deixou claro que a sua prioridade eram as categorias de base. Por isso, lembrou que os torcedores precisam ter calma e que os frutos não serão colhidos do dia para a noite.
A ideia do presidente do Botafogo é aprender e levar conhecimento ao clube através de cursos administrativos e financeiros. Para ele, sua posição tem que servir de referência para os dirigentes de General Severiano.
- O exemplo começa de cima. Quando você pede ao seu conselho diretor e aos seus funcionários que eles sejam mais profissionais, é preciso que você se torne mais profissional. Estava me faltando a sala de aula, um embasamento científico com pessoas que têm conhecimento na área - afirmou Maurício Assumpção.
Sávio, um novo dirigente?
Sávio investe nos estudos sobre gestão esportiva, enquanto está sem clube
Quem também está fazendo o MBA em Gestão e Marketing Esportivo é o atacante Sávio, ex-Flamengo e Real Madrid. Atualmente sem clube, o jogador estuda proposta do futebol grego, mas enquanto não dá uma resposta, investe nos estudos para, quem sabe um dia, se tornar dirigente.
- Nós nos econtramos com uma dificuldade muito grande na gestão do futebol profissional no Brasil, e acho que isso tem de ser mudado. Esse curso pode abrir a cabeça de muitos dirigentes. Os clubes precisam se profissionalizar, porque não dá para ficar como está. Se a cada dia, a cada ano, pudermos aprender coisas novas sobre o esporte de uma maneira profissional vai ser bom para todo mundo. Mas eu estou engatinhando ainda - afirmou Sávio, que fez um curso semelhante na Espanha, quando atuava pelo time merengue.