Denunciado em dois artigos por confusão no empate com o Grêmio, clube escapa de punição. Fahel pega uma partida de suspensão, já cumprida
GLOBOESPORTE.COM
Rio de Janeiro
Denunciado pela invasão de dirigentes à área reservada ao trio de arbitragem, após o empate em 3 a 3 com o Grêmio no Engenhão, no dia 30 de agosto, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Botafogo foi inserido em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): 211, que prevê a interdição do seu estádio e multa de R$ 10 mil; e 213, cuja pena vai da perda dez mandos de campo e multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil. Em julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, na noite desta terça-feira, o Alvinegro foi absolvido por unanimidade no primeiro artigo, enquanto no segundo houve maioria dos votos em favor do clube. As informações são do site Justiça Desportiva.
Saiba como foi o julgamento
O julgamento teve início com a leitura, por parte do auditor-relator, Dr. Marcelo Tavares, de um relatório elaborado pelo Alvinegro, que enumerou diversos erros de arbitragem contra a equipe. Advogado do Botafogo, Anibal Rouxinol afirmou que o clube é o mais prejudicado no Brasileirão, citando os lances da partida em questão e lembrando que o próprio árbitro do jogo, Rodrigo Martins Cintra, absolveu o clube dos incidentes acontecidos após o confronto contra o time gaúcho.
Foi o suficiente para o clube de General Severiano ganhar o apoio do procurador William Figueiredo, que ressaltou as medidas de segurança tomadas pelo clube para evitar a punição no artigo 211 (deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização). Marcelo Tavares acompanhou o voto, assim como os auditores Otacílio Araújo e José Perez.
Perez, no entanto, levantou históricos de reclamações acintosas de dirigentes, pedindo a perda de dois mandos de campo e multa de R$ 30 mil pelo artigo 213 (deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto). O presidente Valed Perry apontou falha da procuradoria ao não denunciar as pessoas responsáveis pelo tumulto, mas sim o clube, resultando na absolvição total do Botafogo.
Entenda o caso
O Alvinegro foi a julgamento em virtude da reação de alguns dirigentes após o fim da partida. Revoltado com a marcação do segundo gol do Tricolor gaúcho, no qual a bola saiu pela linha de fundo antes do cruzamento de Mário Fernandes para a conclusão de Jonas, além de um pênalti não marcado em chute de Thiaguinhou que parou no braço de Adílson, o técnico Estevam Soares abordou Rodrigo Martins Cintra ainda no gramado (assista no vídeo acima à análise dos erros da arbitragem na partida).
Cercado por integrantes da diretoria botafoguense, o árbitro precisou ser escoltado por policiais e seguranças do próprio clube para chegar com segurança ao vestiário. Antônio Carlos Mantuano (vice geral), Cláudio Good (vice de finanças), André Silva (vice de futebol) e Manoel Renha (colaborador) eram os mais exaltados, mas não foi registrada qualquer agressão, a não ser a verbal.
O presidente alvinegro, Maurício Assumpção, fez questão de participar da entrevista coletiva para falar do incidente. Ao mesmo tempo em que criticou a arbitragem ao falar que no Brasil ela é uma vergonha, ressaltou que não houve risco à integridade física de Cintra (assista ao vídeo acima).
- A nossa indignação tem justificativa, mas o que talvez possa ser lamentado foi a reação na descida do túnel. Desci rapidamente para controlar a situação e conter os mais exaltados. Sabemos que não se justifica, mas o árbitro não foi agredido ou empurrado - disse ele, então mostrando tranquilidade em relação a uma possível denúncia. - Ele não pode colocar na súmula que houve mais do que um tumulto na saída do vestiário, e que Botafogo e polícia mantiveram sua integridade física. Não houve nada mais do que isso.
Árbitro não prejudica o clube na súmula
Ao relatar o tumulto, Rodrigo Martins Cintra afirmou que não houve agressão devido à intervenção de policiais e dirigentes do Alvinegro, apesar de pessoas terem tentado se aproximar do trio de arbitragem em área de acesso restrito. Em sua avaliação de conduta e serviços, ele ainda considerou como boa a postura de jogadores das duas equipes, comissão técnica, policiamento e departamento médico, além das condições ideais do gramado e vestiários.
Confira a íntegra das observações do árbitro sobre o incidente:
"Após o término da partida, ao descermos para o vestiário da arbitragem, fomos surpreendidos por pessoas as quais vieram em nossa direção para reclamar e questionar lances do jogo. Devido ao fato dessas pessoas estarem em local reservado, onde somente transitam pessoas autorizadas, faço este relato, sendo que informo ainda que as mesmas não conseguiram chegar próximo a nós (trio de arbitragem) devido à intervenção de policiais e dirigentes do Botafogo".
Fahel pega um jogo de gancho, mas está livre para jogar
O julgamento começou mais cedo para o Glorioso. Denunciado no artigo 250 (ato desleal) do CBJD pela expulsão no empate em 1 a 1 com o Cruzeiro, no dia 27 de agosto, o volante Fahel foi punido por unanimidade com um jogo de suspensão, já cumprido.