Artilheiro dos gols bonitos, atacante ainda lamenta punição por algo que não fez, mas tenta volta por cima às vésperas do fim da suspensão de dois anos
Joanna de Assis
São Paulo
Agora falta pouco. No próximo dia 7 de novembro termina a suspensão de dois anos a que o atacante Dodô foi submetido por conta de doping, em decisão tomada pelo Tribunal Arbitral do Esporte. O atacante defendia o Botafogo quando o exame deu positivo para o uso de femproporex, um tipo de anfetamina comum em inibidores de apetite e que está na lista dos medicamentos proibidos para prática de esporte.
- Até que passou rápido, e agora é pensar no futuro e nas propostas que virão. O que passou, passou - diz o artilheiro, demonstrando tranquilidade até mesmo quando fala do time de General Severiano. - É duro ser punido por algo que você não fez. Eu confiava no clube, nunca questionei o que eu tomava. Não tenho culpa se justamente o lote que usei estava contaminado. Não fosse por isso, eu estaria até hoje jogando pelo Botafogo. Pode ter certeza..
A substância foi detectada na urina do jogador no exame antidoping realizado após a vitória do Botafogo diante do Vasco, por 4 a 0, no Campeonato Brasileiro de 2007.
- Eu sempre tive cuidado com as coisas que tomo, sempre perguntei. No Botafogo não era diferente, só que era impossível eu saber de uma contaminação de um laboratório que fornecia suplementos para o clube. Eu tomava porque era algo passado pelo fisiologista, todos tomavam. Nunca iria desconfiar.
Agência/Divulgação
À espera do fim da suspensão, Dodô mantém a boa forma física para voltar a jogar rapidamente O atacante chega a revelar que seria melhor se ele tivesse sido o responsável.
- Eu gostaria de ter tomado sem querer, na minha casa, porque aí sim eu saberia que a responsabilidade é minha. Do jeito que aconteceu, eu fico sem entender, mas não gosto nem de pensar nisso porque fico maluco. Pago por algo que não fiz e evito dar entrevista para falar disso porque, quando se fala em Dodô, só falam disso. Cansa muito – desabafou.
Dodô, que está com 35 anos, comentou também a situação de seus dois últimos clubes, Botafogo e Fluminense, que estão na zona do rebaixamento do Brasileirão.
- É triste porque são duas grandes equipes. Fico chateado, mas agora não posso fazer nada.
Entenda o caso
Submetido ao exame antidoping após a vitória do Botafogo por 4 a 0 sobre o Vasco, no dia 14 de junho de 2007, Dodô foi pego pelo uso de femproporex, medicamento de uso controlado da classe das anfetaminas, utilizado no auxílio ao combate da obesidade por ser um inibidor do apetite. A substância havia sido encontrada em pílulas de cafeína dadas aos jogadores alvinegros, mas de um lote contaminado. Em 9 de julho o atacante foi suspenso preventivamente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, e 15 dias depois pegou um gancho de 120 dias.
Em novo julgamento no STD, no dia 2 de agosto, Dodô acabou absolvido. A Fifa e a Wada, agência mundial antidoping, comunicaram à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que entrariam com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que adiou o julgamento várias vezes até dar o veredicto final, no dia 11 de setembro de 2008: o atacante, que havia trocado o Botafogo pelo Fluminense, estava suspenso por dois anos. A pena, no entanto, começara a valer em 6 de dezembro de 2007. Descontados os 28 dias em que o jogador ficou parado por decisão do STJD, ela termina no próximo dia 7 de novembro.
Dois dias depois da decisão do CAS, já sem clube, o atacante entrou com um recurso no Tribunal Internacional, em Lausanne, Suíça, tentanto a anulação da decisão do CAS. A resposta negativa veio no fim de janeiro deste ano, e Dodô agora está a pouco mais de um mês do seu retorno aos gramados, algo que ele nunca duvidou.